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McDonald's sai em busca do Big Mac verde. Desafio será achar

Maior cadeia de hambúrgueres do mundo, o McDonald's acaba de se lançar em uma cruzada pela carne de origem sustentável. Qual a fórmula? Eles não fazem ideia

Novo apetite: sucesso depende de uma gigantesca e complexa cadeia de suprimento em nível mundial (Getty Images)

Vanessa Barbosa

Publicado em 10 de janeiro de 2014 às 18h54.

São Paulo – Dois anos depois de anunciar mudanças na fórmula dos seus hambúrgueres, após denúncia feita pelo chef de cozinha britânico Jamie Oliver sobre uso de hidróxido de amônio nos produtos, o McDonald's prometeu novas modificações: quer comprar carne bovina sustentável a partir de 2016.

No site de lançamento da campanha, a empresa explica que a investida vem ao encontro dos apelos ambientais crescentes e da preocupação dos consumidores com a origem dos alimentos. Não será uma promessa fácil de cumprir.

No topo da lista de desafios, aparece uma pergunta simples — o que é carne sustentável? O McDonald's diz que não tem a resposta pronta e afirma que o bife verde é um conceito em construção.

Em entrevista ao site GreenBiz, Bob Langert, vice-presidente de sustentabilidade global da gigante do fast-food, diz que a definição da terminologia será tarefa dos outros. "Carne sustentável não vai ser definida pelo McDonald's...A chave aqui é fazer com o conceito seja definido por um grupo de partes interessadas e de ampla coalizão. Precisamos de uma maior massa crítica".

É aí que entra a Conferência Global sobre Carne Sustentável, um grupo composto por grandes players corporativos, como Walmart e Cargill e também ONGs como a World Wildlife Fund (WWF). No ano passado, o grupo emitiu uma versão preliminar de um documento intitulado "Princípios e Critérios para a Carne Sustentável".

Os princípios abrangem pessoas (direitos humanos, meio ambiente de trabalho seguro e saudável), comunidade (cultura, o patrimônio, o emprego, os direitos à terra, saúde animal e bem-estar, segurança e qualidade alimentar, recursos naturais (de saúde do ecossistema) e de eficiência e de inovação (reduzindo o desperdício, otimizando a produção, a vitalidade econômica).

Os mais radicais podem argumentar que se trata de contradição em termos, afinal a criação de gado é uma das principais fontes emissoras de gases efeito estufa, vilões do aquecimento global. Sem falar da contaminação da água, do ar e de outros recursos naturais incorporados em fertilizantes, pesticidas e herbicidas usados pela indústria de ração de gado.

A par das críticas, a rede de fast-food afirma que está comprometida em reduzir o impacto ambiental de seus produtos. O raciocínio, conforme Langert, é de que se o negócio se sustenta na carne, então que seja carne mais ecológica — atualmente, 28% da pegada de carbono da empresa vem da proteína animal.

De onde vem seu Big Mac? Existem 400.000 possibilidades

Outro desafio que a empresa terá que superar para colocar o hambúrguer ecológico no menu passa pelo convencimento de uma gigantesca e complexa cadeia de suprimento mundial.


Cada parte da indústria de carne bovina é de propriedade de uma entidade diferente e opera de forma independente, com práticas únicas que variam de acordo com papel na cadeia de abastecimento.

A carne que abastece os mais de 30 mil restaurantes da rede no mundo não vem diretamente de fazendeiros ou matadouros.

O McDonald's compra o produto congelado a partir de cerca de 20 empresas de processamento de alimentos em todo o mundo. No Brasil, o bolo é dividido entre a JBS e a BRF.

Você está se perguntando de onde vem seu Big Mac? Existem mais de 400.000 possibilidades. É o número aproximado de fazendas de gado que fornecem a carne que eventualmente recheia um hambúrguer da rede.

Esses produtores estão no início de uma cadeia de valor que inclui ranchos, fazendas leiteiras, gado de confinamento e processadoras de carne bovina.

Com uma cadeia de natureza tão complexa fica claro que adequar todos a um padrão de carne sustentável – ainda a ser definido – é tarefa árdua. Não à toa, a rede se eximiu de fixar uma data para ter 100% de seus hamburgueres com certificação ambiental

A empresa, que responde por 1,5% a 2% de todo o consumo de carne nos países em que opera, também não está certa de quanta carne bovina sustentável vai comprar em 2016.

Passado

Esta não é a primeira investida verde da marca. No passado, o McDonald's concordou em proibir a compra de carne originária do bioma amazônico e adotou padrões de bem-estar animal, desenvolvendo projetos com a colaboração de produtores para melhorar as práticas de manejo.

Desde janeiro do ano passado, parte dos peixes que recheiam o Mac Fish Burger já contam com certificado de origem, emitido pelo Marine Stewardship Council (MSC), enquanto o café traz o selo do FSC (Forest Stewardship Council).

São garantira de práticas responsáveis, que preservam o meio ambiente e permitem o progresso econômico das comunidades e produtores.

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São Paulo – Dois anos depois de anunciar mudanças na fórmula dos seus hambúrgueres, após denúncia feita pelo chef de cozinha britânico Jamie Oliver sobre uso de hidróxido de amônio nos produtos, o McDonald's prometeu novas modificações: quer comprar carne bovina sustentável a partir de 2016.

No site de lançamento da campanha, a empresa explica que a investida vem ao encontro dos apelos ambientais crescentes e da preocupação dos consumidores com a origem dos alimentos. Não será uma promessa fácil de cumprir.

No topo da lista de desafios, aparece uma pergunta simples — o que é carne sustentável? O McDonald's diz que não tem a resposta pronta e afirma que o bife verde é um conceito em construção.

Em entrevista ao site GreenBiz, Bob Langert, vice-presidente de sustentabilidade global da gigante do fast-food, diz que a definição da terminologia será tarefa dos outros. "Carne sustentável não vai ser definida pelo McDonald's...A chave aqui é fazer com o conceito seja definido por um grupo de partes interessadas e de ampla coalizão. Precisamos de uma maior massa crítica".

É aí que entra a Conferência Global sobre Carne Sustentável, um grupo composto por grandes players corporativos, como Walmart e Cargill e também ONGs como a World Wildlife Fund (WWF). No ano passado, o grupo emitiu uma versão preliminar de um documento intitulado "Princípios e Critérios para a Carne Sustentável".

Os princípios abrangem pessoas (direitos humanos, meio ambiente de trabalho seguro e saudável), comunidade (cultura, o patrimônio, o emprego, os direitos à terra, saúde animal e bem-estar, segurança e qualidade alimentar, recursos naturais (de saúde do ecossistema) e de eficiência e de inovação (reduzindo o desperdício, otimizando a produção, a vitalidade econômica).

Os mais radicais podem argumentar que se trata de contradição em termos, afinal a criação de gado é uma das principais fontes emissoras de gases efeito estufa, vilões do aquecimento global. Sem falar da contaminação da água, do ar e de outros recursos naturais incorporados em fertilizantes, pesticidas e herbicidas usados pela indústria de ração de gado.

A par das críticas, a rede de fast-food afirma que está comprometida em reduzir o impacto ambiental de seus produtos. O raciocínio, conforme Langert, é de que se o negócio se sustenta na carne, então que seja carne mais ecológica — atualmente, 28% da pegada de carbono da empresa vem da proteína animal.

De onde vem seu Big Mac? Existem 400.000 possibilidades

Outro desafio que a empresa terá que superar para colocar o hambúrguer ecológico no menu passa pelo convencimento de uma gigantesca e complexa cadeia de suprimento mundial.


Cada parte da indústria de carne bovina é de propriedade de uma entidade diferente e opera de forma independente, com práticas únicas que variam de acordo com papel na cadeia de abastecimento.

A carne que abastece os mais de 30 mil restaurantes da rede no mundo não vem diretamente de fazendeiros ou matadouros.

O McDonald's compra o produto congelado a partir de cerca de 20 empresas de processamento de alimentos em todo o mundo. No Brasil, o bolo é dividido entre a JBS e a BRF.

Você está se perguntando de onde vem seu Big Mac? Existem mais de 400.000 possibilidades. É o número aproximado de fazendas de gado que fornecem a carne que eventualmente recheia um hambúrguer da rede.

Esses produtores estão no início de uma cadeia de valor que inclui ranchos, fazendas leiteiras, gado de confinamento e processadoras de carne bovina.

Com uma cadeia de natureza tão complexa fica claro que adequar todos a um padrão de carne sustentável – ainda a ser definido – é tarefa árdua. Não à toa, a rede se eximiu de fixar uma data para ter 100% de seus hamburgueres com certificação ambiental

A empresa, que responde por 1,5% a 2% de todo o consumo de carne nos países em que opera, também não está certa de quanta carne bovina sustentável vai comprar em 2016.

Passado

Esta não é a primeira investida verde da marca. No passado, o McDonald's concordou em proibir a compra de carne originária do bioma amazônico e adotou padrões de bem-estar animal, desenvolvendo projetos com a colaboração de produtores para melhorar as práticas de manejo.

Desde janeiro do ano passado, parte dos peixes que recheiam o Mac Fish Burger já contam com certificado de origem, emitido pelo Marine Stewardship Council (MSC), enquanto o café traz o selo do FSC (Forest Stewardship Council).

São garantira de práticas responsáveis, que preservam o meio ambiente e permitem o progresso econômico das comunidades e produtores.

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