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Malas cheias que voam gratuitamente são regalias do Brasil

Regras de proteção ao consumidor transformam o Brasil em um dos lugares mais amigáveis para os passageiros

Peso extra: regra do Brasil força as companhias aéreas a transportar bagagem extra sem custo adicional (Paulo Fridman/Bloomberg)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2014 às 16h57.

São Paulo/Nova York - Em viagem de Orlando a São Paulo pela United Airlines, no mês passado, Cecília Ribeiro Sainz Trapaga, a filha e um neto levaram, cada um deles, duas malas com mais de 30 quilos cada. E sem nenhum custo adicional.

Se tivessem viajado para praticamente qualquer outro lugar além do Brasil, eles teriam tido que pagar um sobrepeso de pelo menos 9 quilos em cada mala e até US$ 100 dólares pela segunda peça despachada.

Mas as regras de proteção ao consumidor do Brasil transformam o país em um dos lugares mais amigáveis para os passageiros, o que força as companhias aéreas a transportar bagagem extra sem custo adicional, a colocar viajantes esquecidos nos aviões das concorrentes e a enfrentar processos judiciais por atrasos de apenas 30 minutos.

Como resultado, a GOL Linhas Aéreas Inteligentes, a American Airlines Group e outras companhias não conseguem compensar essas despesas com receitas adicionais provenientes de tarifas que sustentam os lucros nos EUA e na Europa.

As companhias aéreas vêm exercendo pressão sobre o governo há anos para restringir os limites de peso das bagagens, porque aviões mais pesados queimam mais combustível.

“É uma forma de fazer negócio sobre a qual é preciso estar consciente”, disse David Neeleman, fundador e CEO da Azul Linhas Aéreas Brasileiras, no dia 11 de setembro, em entrevista na sede de Nova York da Bloomberg.

“Trata-se simplesmente de um lugar muito amigável ao consumidor, do qual as pessoas esperam muito e onde o governo perpetua essa situação”.

Malas pequenas

Em outros lugares do mundo as companhias aéreas estão se tornando ainda mais estritas em relação à bagagem, o que engloba da bagagem de mão às malas que viajam no compartimento de carga.

Isso significa que fora do Brasil os aviões voam mais leves e têm melhor eficiência de combustível, disse Jay Sorensen, um ex-executivo da Midwest Airlines que agora gerencia a consultoria de aviação IdeaWorksCompany.com em Shorewood, Wisconsin.

No Brasil, “estão brincando com as finanças das companhias aéreas”, disse Sorensen, em entrevista por telefone. O Brasil corre o risco de falir suas companhias aéreas ao ditar quais cobranças elas podem fazer, disse ele.

A Air Canada e a WestJet Airlines disseram no mês passado que cobrariam 25 dólares canadenses (US$ 22) pela primeira mala despachada nos EUA em passagens econômicas domésticas.

A American Airlines, que tem sede em Fort Worth, Texas, permite aos passageiros em voo para a Europa uma mala despachada de 22,5 quilos grátis e cobra US$ 100 por uma segunda mala do mesmo tamanho.

Para alguns destinos mexicanos, a primeira mala despachada custa US$ 25 e a segunda, US$ 40.

As companhias aéreas de baixo custo da Europa são reconhecidamente restritivas em relação à franquia de bagagem. Na Ryanair Holdings Plc, da Irlanda, os passageiros não podem levar a bordo nenhuma mala que pesar mais de 10 quilos.

Além disso, despachar uma mala de 15 quilos custa US$ 20, segundo o site da Ryanair.

Serviço grátis

As regulações do Brasil implicam que “forçar as companhias aéreas a fornecer um serviço gratuito não é algo eficiente do ponto de vista econômico porque de alguma forma, em algum lugar, o cliente pagará por isso”, disse Sorensen.

Normalmente isso desencadeia preços de passagens mais altos.

Um voo direto de São Paulo a Miami em meados de outubro custa US$ 1.600, segundo uma pesquisa recente no Expedia.com, e o voo direto mais barato entre Nova York e Roma, localizadas a uma distância semelhante, está listado por US$ 1.221.

A Azul, que tem sede em Barueri e atualmente voa apenas domesticamente, planeja oferecer um serviço para os EUA em dezembro.

“O mundo todo pensa de uma forma e no Brasil estamos inventando coisas que só se transformam em custos e isso aumenta os preços das passagens”, disse Ronaldo Jenkins, diretor de segurança e operações da associação brasileira de companhias aéreas, conhecida como Abear.

“As autoridades são irredutíveis porque elas pensam que isso é uma vitória para o consumidor”.

A agência reguladora da aviação no Brasil, conhecida como Anac, informou que está em meio a um processo de revisão das restrições de bagagens no país, em resposta a perguntas, por e-mail.

As propostas, que incluem tarifas mais baixas para passageiros com menos bagagens, foram abertas aos comentários do público cerca de um ano e meio atrás e agora estão sendo analisadas pela Anac.

São Paulo – Com mais de 18 milhões de jurados no mundo, o “Oscar da aviação civil” de 2014 ficou para a Cathay Pacific Airways. A companhia de Hong Kong conseguiu desbancar a Emirates e foi eleita a melhor empresa aérea do mundo, segundo o prêmio da World Airline Survey. Vendedora em 2013, a Emirates ficou na 4ª colocação. Os prêmios e a pesquisa World Airline Survey são realizados anualmente pela empresa inglesa de estudo de mercado SkyTrax. Usuários de 160 nacionalidades avaliaram 245 companhias aéreas.
  • 2. 1ª) Cathay Pacific Airways

    2 /12(Andrew Cupitt/Flickr/Creative Commons)

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    A Cathay Pacific desbancou a Emirates para se tornar a melhor companhia aérea do mundo no ranking da SkyTrax. O grande destaque da empresa, segundo os próprios consumidores, é a primeira classe dos voos de longa duração. A companhia, com sede em Hong Kong, opera mais de 90 voos pelo mundo, mas ainda não possui rotas no Brasil.
  • 3. 2ª) Qatar Airways

    3 /12(Aero Icarus/Flickr/Creative Commons)

  • Novamente a segunda colocada, a Qatar Airways ganhou pontos pelo conforto do assento e entretenimento a bordo. A empresa opera para 125 países e está expandindo seus serviços de Catar para 50 novos destinos.
  • 4. 3ª) Singapore Airlines

    4 /12(Olivier Cabaret/Flickr/Creative Commons)

    Com pontuação máxima para primeira classe e para a classe executiva, a Singapore Airlines manteve a sua terceira colocação entre as melhores do mundo. O serviço de bordo foi o grande trunfo da companhia aérea, que trabalha com voos para 90 cidades em 40 países.
  • 5. 4ª) Emirates

    5 /12(Wikicommons)

    Primeira colocada de 2013, a Emirates caiu para a quarta colocação neste ano. A empresa opera quase que todos os seus voos por meio do Aeroporto Internacional de Dubai, e possui a maior frota do mundo de Airbus A380 (o Superjumbo). O destaque da companhia ficou por parte do seu sistema entretenimento, que inclui uma ampla seleção de opções de vídeo e música sob demanda.
  • 6. 5ª) Turkish Airlines

    6 /12(Reuters)

    Nona colocada em 2013, a Turkish Airlines subiu neste ano para a quinta colocação. A companhia aérea turca voa para mais de 100 países e mais de 200 cidades do mundo, e possui um hub em um destino turístico cada vez mais popular: a cidade de Istambul.
  • 7. 6ª) All Nippon Airways

    7 /12(Tomohiro Ohsumi/Bloomberg)

    A sexta colocada, All Nippon Airways, é a maior companhia aérea internacional no Japão e opera a maior frota mundial de Boeing 787 Dreamliner. O ponto forte da empresa, segundo as avaliações, ficou para a limpeza e o serviço.
  • 8. 7ª) Garuda Indonesia

    8 /12(Dimas Ardian/Bloomberg)

    Bastante criticada pela insegurança, a Garuda Indonésia vem investindo forte desde 2009. A companhia aérea ficou na sétima colocação do ranking, com elogios por seus assentos confortáveis e o cardápio de cozinha do sudeste asiático.
  • 9. 8) Asiana Airlines

    9 /12(Haruyoshi Yamaguchi/Bloomberg)

    A Asiana passou por uma crise imensa no ano passado, quando um de seus jatos sofreu um acidente no aeroporto de San Francisco, mas sua postura garantiu que a companhia permanece entre as dez melhores do mundo. A companhia, que foi quinta colocada em 2013, ficou na oitava posição.
  • 10. 9ª) Etihad Airways

    10 /12(Patrick Riviere/Getty Images)

    A Etihad Airways é a terceira companhia aérea do golfo árabe a aparecer entre as melhores. A empresa de Abu Dhabi possui uma frota de Airbus e Boeing para levar os passageiros para 96 destinos. Sua principal característica são os mimos que oferece, como os fones de redução de ruído e a iluminação na cabine que é ajustada para manter seus passageiros bem descansados.
  • 11. 10ª) Lufthansa

    11 /12(Ralph Orlowski/Bloomberg)

    Maior companhia aérea da Europa, a Lufthansa tem sofrido bastante nos últimos anos com os inúmeros cortes orçamentais. Mas para os consumidores, o seu serviço e qualidade geral ainda permanece excepcional, garantindo a décima posição do ranking.
  • 12. E os aeroportos? Veja os que tratam melhor os passageiros

    12 /12(ROSLAN RAHMAN/AFP/GettyImages)

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