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Magalu compra Hub: pagamento é o elo dos negócios, diz Frederico Trajano

Em entrevista exclusiva para a Exame, Frederico Trajano, presidente do Magazine Luiza explicou a estratégia por trás da aquisição da Hub

Frederico Trajano, do Magazine Luiza: A entrega em 1 hora só é possível com a multicanalidade (Germano Lüders/Exame)

Frederico Trajano, do Magazine Luiza: A entrega em 1 hora só é possível com a multicanalidade (Germano Lüders/Exame)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 21 de dezembro de 2020 às 18h37.

A varejista Magazine Luiza anunciou nesta segunda-feira, 21, a compra de 100% da fintech Hub, fundada pelo empresário Carlos Wizard, por 290 milhões de reais. A aquisição é mais um passo na complementação da estratégia de negócios do Magalu ao permitir que os clientes — pessoas físicas e jurídicas — contem com soluções de produtos e serviços financeiros de forma totalmente integrada ao SuperApp Magalu. Em entrevista exclusiva à EXAME, o presidente da companhia Frederico Trajano detalhou a estratégia da aquisição.

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Como a aquisição faz parte da estratégia de negócios do Magalu? 

O objetivo principal da aquisição é adiantar o mapa de desenvolvimento da companhia. Anteriormente lançamos plataformas de pagamentos que tinham dois subsistemas: um para pessoa jurídica que antecipa recebíveis e faz empréstimos, e outro para o cliente final com funcionalidades como consulta de saldo, cashback e mais. Agora, vamos ser uma instituição de pagamentos, conseguir ter contas vinculadas, pagamentos via PIX e depender menos de outras instituições, como os bancos ou empresas facilitadoras.

Isto, na prática, reduz a fricção da pessoa física e jurídica com os nossos serviços e produtos. A Hub é também uma emissora de cartão pré-pago. Os clientes não poderão então fazer retirada em bancos 24 horas, e ter outras opções. Além disso, há uma licença de adquirência que ajuda a explorar um caminho. A aquisição traz a expertise de 250 pessoas, sendo 100 delas desenvolvedoras.

A intenção então é que, cada vez mais, os brasileiros usem o SuperApp para tudo? De compras no Magalu a delivery de comida e pagamentos?

Um dos objetivos estratégicos é digitalizar o Brasil, o que significa digitalizar o consumidor e também as pequenas e médias varejistas, sendo um dos pilares o SuperApp. Se você ver os modelos de negócios como do chinês Taobao, do Grupo Alibaba, o pagamento é o elo de ligação dos negócios. Para a pessoa física que utilizar nosso serviço será possível ter benefícios exclusivos como desconto e cashback, além disso, ela terá em um único aplicativo uma experiência sem fricção para diferentes categorias de produtos e compras.

E quais os benefícios para a pessoa jurídica?

Temos 45 mil vendedores no marketplace, versus 20 mil no ano passado. Isso significa um número relevante de pessoas que já movimentaram 4 bilhões de reais em antecipação de recebíveis e passará a ter outros serviços como o cartão pré-pago e outras variáveis de pagamentos, como a partir da licença de adquirência que a Hub tem e ainda não está ativa.

É muito importante pensar na pessoa jurídica porque o e-commerce ainda tem uma penetração muito baixa no Brasil, que se digitaliza de uma maneira acelerada na pandemia. Enquanto na China a penetração é de 30% aqui é de apenas 10%. As onze aquisições deste ano plantam diversas sementes neste sentido.

 A Hub já possui mais de 4 milhões de contas, como elas serão trabalhadas?

São 4 milhões de contas digitais, além de cartões pré-pagos que movimentaram 6,6 bilhões de reais nos últimos 12 meses. Esse fluxo de transações gerou receita bruta não auditada de 159 milhões de reais. A tendência agora é que esse volume aumente com mais opções para sacar o dinheiro, depositar e ter outras integrações. Vimos este movimento acontecer em outros países com empresas que não vieram do sistema financeiro, assim como o Magalu, e vamos trabalhar com instituições parceiras reguladas, como a LuizaCred.

Os clientes da Hub são empresas como a 99. Assim como fizemos com outras aquisições, vamos continuar com os serviços para os clientes. Um exemplo é a Amazon que continua anunciando no Canal Tech, mas obviamente o maior cliente da Hub será o próprio Magalu.

Por que a Hub é a empresa ideal entre tantas fintechs?

Analisamos muitas fintechs há algum tempo e isso se intensificou neste ano. Tivemos critérios como a boa estratégia de pagamentos, tecnologia própria forte, pessoas e clientes ativos. Neste caso os fundadores já tinham saído da empresa e, coincidentemente já havíamos contratado um deles, o Robson Dantas, como nosso head de pagamentos no começo do ano. Ele pode nos ajudar a entender todos os detalhes do negócio porque não havia vínculo e conflito de interesses. Então, concluímos que a aquisição da Hub é um excelente negócio ao ponto de ser a nossa maior aquisição do ano, no valor de 290 milhões de reais.

 

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