Magazine Luiza: nos cargos de liderança, os negros ocupam apenas 16% (Magalu/Divulgação)
Karla Mamona
Publicado em 20 de setembro de 2020 às 18h35.
O Magazine Luiza afirmou pelo Twitter que vai manter a seleção de trainees voltada apenas para candidatos negros, conforme programa anunciado pela varejista na última sexta-feira. A proposta recebeu apoio e críticas nas redes sociais e chegou a ser um dos assuntos mais comentados do Twitter no sábado.
Os deputados federais Carlos Jordy (PSL-SP) e Daniel Silveira (PSL-RJ), como antecipou o blog Sonar, estão entre os que criticaram o processo, argumentado que a iniciativa não teria respaldo legal. Jordy afirma que vai apresentar representação ao Ministério Público para que o programa investigado pelo suposto crime de racismo.
Estou representando ao Ministério Público a loja @magazineluiza para que seja apurado crime de racismo no caso do programa de Trainee só para negros. A lei 7.716/89 tipifica a conduta daquele que nega ou obsta emprego por motivo de raça.
— Carlos Jordy (@carlosjordy) September 19, 2020
Estamos absolutamente tranquilos quanto a legalidade do nosso Programa de Trainees 2021. Inclusive, ações afirmativas e de inclusão no mercado profissional, de pessoas discriminadas há gerações, fazem parte de uma nota técnica de 2018 do Ministério Público do Trabalho.
— Lu do Magalu (em 🏠) (@magazineluiza) September 19, 2020
"Estamos absolutamente tranquilos quanto a legalidade do nosso Programa de Trainees 2021. Inclusive, ações afirmativas e de inclusão no mercado profissional, de pessoas discriminadas há gerações, fazem parte de uma nota técnica de 2018 do Ministério Público do Trabalho", afirmou o Magalu em tuíte em resposta a Jordy.
O vereador Fernando Holiday (Patriota-SP) questionou o programa do Magalu e também o anunciado pela Bayer, também dizendo que entrará com representações junto ao MP questionando as empresas por instituirem "um padrão racista de contratação".
As manifestações de apoio à companhia também ganharam destaque, com comentários de pessoas como o influenciador digital Felipe Neto, que defende ações de cota como necessárias para inclusão de negros no mercado de trabalho.
Ao lançar o programa, o Magalu explicou que o objetivo é ampliar a diversidade racial nos cargos de liderança na companhia. Para chegar lá, vai recrutar universitários e recém-formados negros de todo o país.
Hoje, a varejista têm mais da metade (53%) de seus funcionários de pretos e pardos. Nos cargos de liderança, contudo, eles equivalem apenas 16%.