Rio de Janeiro - Num momento em que as companhias aéreas brasileiras anunciam corte de assentos no mercado doméstico, a alemã Lufthansa lança uma nova frequência diária entre o Rio e Frankfurt. Com o movimento, a empresa totaliza um aumento de 75% na oferta nas rotas ligando o País à Alemanha nos últimos 18 meses. A estratégia diverge da adotada pela empresa em nível mundial, em que não há ampliação da oferta.

Além de tornar a operação no Rio diária, a companhia mudou o horário. A partir de agora o voo será noturno, para atender ao perfil do passageiro brasileiro. Para isso, a companhia estima os gastos em 400 milhões de euros por ano. O valor corresponde ao custo de estacionamento e ao valor que a empresa deixará de arrecadar com o avião parado, já que o equipamento que chega na Europa ficará em solo aguardando para decolar à noite.

"Existe um interesse muito grande na América Latina e o Brasil está no foco central da companhia", disse a nova diretora da companhia para o País, Annette Taeuber. O aumento do número de voos num período em que o aumento dos custos complicam a vida das companhias aéreas em todo o mundo é possível graças à alta ocupação que a Lufthansa está tendo nos voos para o Brasil. A empresa não revela o porcentual, mas diz que está acima sua média internacional, de 87%.

O interesse na região tem um motivo: a demanda segue aquecida, apesar de a economia mundial estar mergulhada em incertezas. Segundo dados da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês), a América Latina registrou o segundo maior aumento na procura por voos internacionais em agosto, de 7,3%, atrás apenas do Oriente Médio. As perspectivas positivas para a região - e o Brasil, em especial - têm atraído outras aéreas estrangeiras, entre as quais a Etihad Airways, dos Emirados Árabes Unidos, que recentemente recebeu autorização para voar para o País.

De acordo com Annette, a Lufthansa pretende continuar ampliando a oferta no País, mas as novas expansões ainda não estão definidas. A empresa não decidiu se isso ocorrerá com o lançamento de novos voos ou com a utilização de aeronaves de maior porte. Nesse caso, os aeroportos brasileiros precisariam se adequar, já que, segundo a Lufthansa, a estrutura não permite o desembarque em dois níveis de aviões como o gigante Airbus A-380.