Lucro da Saudi Aramco cai 25% com colapso no preço do petróleo
A petroleira anunciou resultados do primeiro trimestre nesta terça-feira, 12. Após acordo, produtores começam devem cortar produção de petróleo neste mês
Carolina Riveira
Publicado em 12 de maio de 2020 às 08h32.
Última atualização em 12 de maio de 2020 às 12h54.
A petroleira Saudi Aramco anunciou em seu balanço do primeiro trimestre que o lucro entre janeiro e março caiu 25%, para 16,7 bilhões de dólares, ante 22,2 bilhões de dólares em 2019.
Os resultados foram divulgados na madrugada desta terça-feira, 12. A queda vem da redução na demanda global por petróleo desde o começo do ano em meio à redução do número de voos e desaceleração da economia global. Uma série de países paralisou atividades comerciais e sociais a partir de fevereiro e março, primeiro na Ásia e depois no Ocidente.
O faturamento da Saudi ficou em 51,4 bilhões de dólares no primeiro trimestre, ante 63,2 bilhões de dólares no mesmo período do ano passado, queda de 19%.
Apesar da queda nos resultados da Saudi, já parcialmente esperada pelo mercado, o preço do petróleo começou a terça-feira em alta. O barril do tipo Brent, usado para cotação da Petrobrás, subia 3% por volta das 8 horas, a 30,52 dólares. O WTI, negociado nos Estados Unidos e mais volátil, subia 5,3%, a 25,34 dólares.
"A crise da covid-19 não é como nada que o mundo já tenha experimentado na história recente e estamos nos adaptando para um ambiente de negócios altamente complexo e em constante mudança", disse Amin Nasser, presidente da Saudi.
A Saudi disse ainda que pagará 18,8 bilhões de dólares em dividendos aos acionistas para o primeiro trimestre. A empresa é controlada pelo governo da Arábia Saudita, com menos de 7% de suas ações listadas na bolsa. A oferta inicial de ações da petroleira no ano passado avaliou a companhia em 1,7 trilhão de dólares, a mais valiosa do mundo.
Cortes
O preço do barril Brent caiu mais de 50% desde o começo do ano, sobretudo nos meses do primeiro trimestre, o que impactou os resultados da Saudi. A queda foi reduzida depois que países da Opep (organização dos países exportadores de petróleo), liderados pela Arábia Saudita, e a Rússia chegaram em abril a um acordo para cortar a produção global.
Rússia, Arábia Saudita e seus aliados começaram a cumprir o acordo neste mês. Segundo fontes ouvidas pela agência Reuters, a Rússia já reduziu sua produção para menos de 9,5 milhões de barris bpd nas primeiras semanas de maio, ante mais de 11 milhões em abril.
A Arábia Saudita, que já estava operando com produção a menos de 10 milhões de barris bpd, ainda anunciou na segunda-feira, 11, que pediu à Saudi Aramco que corte outros 1 milhão de barris bpd adicionais em junho, para além do já acordado com a Opep, o que fará a produção ficar em cerca de 7,5 milhões de barris bpd.
"Nós queremos acelerar o processo de volta ao normal... A demanda está se recuperando. Nós queremos garantir que estamos ajudando a acelerar o equilíbrio entre oferta e demanda", disse à agência Reuters o príncipe Abdulaziz bin Salmanele, ministro de Energia do país, em entrevista por telefone após o anúncio dos novos cortes.