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Lojas Renner é a empresa do ano de Melhores e Maiores

Com ou sem crise, o lucro da varejista cresce ano após ano há mais de uma década. A dúvida é como será em 2019, quando José Galló deve deixar a presidência

Melhores e Maiores: disciplina obsessão pelos detalhes trouxeram resultados (Germano Lüders/Exame)

Melhores e Maiores: disciplina obsessão pelos detalhes trouxeram resultados (Germano Lüders/Exame)

GN

Giuliana Napolitano

Publicado em 13 de agosto de 2018 às 21h10.

Última atualização em 14 de agosto de 2018 às 08h04.

O setor de varejo passou por um período complicadíssimo durante a recessão no Brasil. Milhares de lojas foram fechadas em todo o país, as vendas caíram e muitas empresas passaram a dar prejuízo. Houve exceções, e uma delas foi a rede de vestuário Lojas Renner. Com ou sem crise, o lucro da empresa cresce ano após ano há mais de uma década.

Em 2017, a varejista — dona também das bandeiras Camicado, de artigos para o ar, e Youcom, de moda jovem — teve um faturamento de 2.2 bilhão de dólares e um lucro líquido de 221 milhões, valor 14% superior ao do ano anterior. Setenta lojas foram abertas. Três delas no Uruguai, numa primeira incursão da rede fora do Brasil. A companhia também aumentou o quadro de funcionários em 10%. Ao final de 2017, tinha quase 20.000 contratados diretos.

Entre as varejistas de capital aberto, a Lojas Renner é a líder em produtividade, com a maior criação de riqueza por empregado. Também é a varejista com os melhores resultados em 2017. Como consequência, suas ações valorizaram. Nos últimos cinco anos, a alta foi de 200%. No início de agosto, a Renner valia em bolsa 22,3 bilhões de reais, mais que o dobro da soma do valor de mercado de suas três principais concorrentes de capital aberto (Riachuelo, Hering e Lojas Marisa). O conjunto de seu desempenho levou a empresa a ser eleita a Empresa do Ano de Melhores e Maiores 2018.

Analistas e consultores atribuem os bons resultados à disciplina e à obsessão pelos detalhes, duas marcas de José Galló, que comanda a Renner desde 1991. Além de analisar o andamento de projetos e os números da operação no detalhe, Galló tem o costume de visitar lojas e anotar o que gostou – e o que não agradou. Também acompanha as tendências de moda e coleções de outras empresas e faz sugestões à equipe. “Quero saber se nosso pessoal de pesquisa já capturou essa tendência, pontuo que nossos móveis têm de durar mais”, diz o executivo. “Mas a decisão sobre o que fazer é deles. Minha mensagem é mostrar que, se o presidente da empresa tem essa atitude, o diretor tem de ter e o gerente-geral também.”

Ao longo das décadas, a Renner se manteve fiel à meta de oferecer roupas com preços acessíveis para mulheres de 30 a 40 anos que compram para toda a família. Nunca contratou estilistas renomados, nem recrutou celebridades para campanhas, nem inaugurou lojas-conceito. Não costuma acelerar bruscamente a abertura de lojas nem mesmo quando o vento parece estar a favor. Boa parte da concorrência fez exatamente o contrário nos anos de crescimento econômico – e se deu mal.

Outra marca de Galló é a austeridade. É um hábito antigo que durante o dia os diretores trabalhem com as luzes apagadas. E eles mesmos se servem de café da garrafa térmica. “No varejo, 80% dos custos são fixos. Por isso é tão importante estar sempre com uma estrutura muito enxuta”, diz Laurence Gomes, diretor financeiro e de relações com investidores da Renner.

O grande teste da Renner acontecerá a partir de 2019. Em janeiro próximo, um novo presidente deve assumir o comando da empresa. "Já sabemos quem será e, em outubro, vamos anunciar ao mercado", diz Osvaldo Schirmer, presidente do conselho de administração da Lojas Renner. O nome do novo indicado é mantido sob sigilo total. Está decidido desde 2015 que o sucessor de Galló virá do quadro de executivos da Renner — salvo algum acontecimento inédito. Segundo EXAME apurou, os dois mais cotados para o cargo são os diretores de produto Fabio Faccio, responsável pela área feminina, e Henry Costa, de moda masculina, infantil, calçados e perfumaria. Ambos começaram a trabalhar na companhia há cerca de 20 anos como trainees depois de se formarem em administração.

Prestes a completar 67 anos em setembro, Galló começou a delegar funções em 2013, como parte de uma força-tarefa de simplificação de processos na companhia. Hoje já não participa de decisões como a de abrir lojas, por exemplo. Quando deixar a presidência executiva, Galló deverá permanecer no conselho de administração e o caminho natural é que se torne presidente do órgão. Continuará, portanto, tendo influência nos rumos da empresa. Para alívio dos acionistas.

O ranking completo das 500 maiores empresas do país será publicado na edição especial Melhores e Maiores, de EXAME, que estará nas bancas, no site EXAME e no aplicativo EXAME na próxima quinta-feira, dia 16. A publicação também mostrará as 20 companhias que se destacaram em seus setores de atuação, e a melhor empresa do agronegócio.

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