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Líderes não sabem gerenciar a si mesmos, diz César Souza

Para o consultor e fundador do Grupo Empreenda, mais do que competência, falta aos líderes saber administrar o próprio tempo e conciliar trabalho e vida pessoal

César Souza: para ele, a neoempresa é um trem-bala numa montanha-russa (Divulgação)

César Souza: para ele, a neoempresa é um trem-bala numa montanha-russa (Divulgação)

Luísa Melo

Luísa Melo

Publicado em 6 de novembro de 2014 às 17h13.

São Paulo - Para César Souza, presidente do Grupo Empreenda e um dos maiores experts em gestão do Brasil, "o calcanhar de Aquiles da maioria dos líderes é o autogerenciamento".

A afirmação foi feita durante a HSM Expomanagement, nesta segunda-feira, em São Paulo.

De acordo com Souza, que presta consultoria a 70 empresas entre as maiores do país, o que falta aos comandantes não é competência, mas sim o cuidado com eles mesmos.

"Competências são possíveis de construir, aprender, ou complementar com o conhecimento de outras pessoas", afirmou.

Segundo ele, um dos principais problemas que os líderes encontram ao se "autogerenciar" é a administração do próprio tempo. "O tempo é igual para todo mundo. O que é necessário é saber dizer não e definir prioridades", disse.

Outro ponto em que os gestores pecam, de acordo com Souza, é a conciliação das diversas dimensões da vida (como saúde, amigos, vida espiritual e em comunidade) com o trabalho.

"Há um preconceito de que se preocupar com essas coisas tira o tempo do trabalho. Mas o que importa não é trabalhar mais, e sim melhor. E quando você se exercita, está oxigenando o cérebro. Quando está com os amigos, amplia seu network. Quando trabalha em comunidade, se sente bem. O sucesso está no equilíbrio", afirmou.

Além disso, de acordo com ele, quem lidera precisa ser exemplo, ter inteligência emocional e coerência entre o que diz e o que faz.

Dogmas ultrapassados

Conseguir gerir a si mesmo, entretanto, não é o único desafio dos líderes. Falta saber formar outros líderes, planejar sucessão e conseguir executar o que é planejado.

Muitos desses problemas, para Souza, são causados por crenças e práticas ultrapassadas que ainda estão muito presentes no dia a dia das companhias.

"Continuamos dirigindo empresas olhando pelo retrovisor, com princípios de gestão da era industrial, pós-guerra. Também existem ideias mortas, dogmas do passado, que precisamos sepultar", disse. 

Uma dessas ideias, segundo Souza, é a de que "o segredo é a alma do negócio". Para ele, se a estratégia não for compartilhada, as pessoas jamais irão se engajar e se "o segredo" não for passado adiante, cedo ou tarde morrerá com o seu dono, que levará junto consigo toda a organização.

"É necessário criar condições na empresa para que outras lideranças apareçam, para que a genialidade delas apareça. O verdadeiro líder é aquele que tem gente ao redor de si, não atrás. Seu papel é formar outros".

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