Negócios

Juiz argentino pede detenção de operador arrependido da Odebrecht

Magistrado pediu prisão por falso testemunho de operador financeiro que voltou atrás após acusar de suborno o chefe da inteligência do governo argentino

Odebrecht: Leonardo Meirelles havia declarado no ano passado que, em 2013, efetuou transferências no valor de 600 mil dólares a Gustavo Arribas (Paulo Whitaker/Reuters/Reuters)

Odebrecht: Leonardo Meirelles havia declarado no ano passado que, em 2013, efetuou transferências no valor de 600 mil dólares a Gustavo Arribas (Paulo Whitaker/Reuters/Reuters)

A

AFP

Publicado em 27 de abril de 2018 às 16h51.

Um juiz argentino ordenou nesta sexta-feira (27) a captura por suposto falso testemunho de um operador brasileiro arrependido no âmbito da Lava Jato, que havia acusado de suborno o atual chefe da Inteligência do governo de Mauricio Macri.

"Resolvi emitir a ordem de captura nacional e internacional contra Leonardo Meirelles", que vive no Brasil, para poder interrogá-lo em um caso por falso testemunho, anunciou o juiz federal Claudio Bonadio em sua sentença, publicada pelo Centro de Informação Judicial (CIJ).

Meirelles havia declarado no ano passado que em 2013 efetuou transferências no valor de 600 mil dólares a Gustavo Arribas, chefe da Inteligência da Argentina, que, em resposta, abriu uma ação por falso testemunho.

Leonardo Meirelles foi operador financeiro da Odebrecht e confessou ter estado a cargo do pagamento de propinas da empreiteira, sendo condenado no Brasil no âmbito da investigação da Lava Jato.

Contudo, Arribas, que naquele momento se dedicava a negócios privados e vivia no Brasil, reconheceu somente ter cobrado de Meirelles 70.500 dólares pela venda de um imóvel, embora depois tenha esclarecido que vendeu móveis de uma casa sua no Brasil.

A Operação Lava Jato revelou em 2014 a existência de uma rede de propinas de empreiteiras a políticos e partidos para ganhar licitações.

Após denúncias da mídia, os procuradores Federico Delgado e Sergio Rodríguez acusaram Arribas, e, entre as medidas de prova, tomaram a declaração de Meirelles via Skype como testemunha.

Segundo o registro de transferências bancárias feitas por Meirelles para a Odebrecht, que ele mesmo forneceu à Justiça de seu país, em 2013 teria realizado cinco transferências, totalizando 600 mil dólares, para uma conta de Arribas na sucursal Zurique do Crédit Suisse.

Estas foram feitas de uma conta bancária em Hong Kong controlada por Meirelles por meio de uma empresa de fachada, supostamente destinada ao pagamento de subornos, lavagem de dinheiro e evasão.

"Nego terminantemente qualquer relação com a Lava Jato", afirmou, então, Arribas.

Em sua sentença, o juiz Bonadio declarou que "está creditado" que a conta bancária de Arribas no Crédit Suisse recebeu "uma única transferência de 70.475 dólares".

"As restantes (sejam "quatro", "mais de 10" ou "catorze") NÃO estão", acrescentou.

Para o juiz, "é sugestivo" que entre milhares de operações bancárias, Meirelles "lembre quase exclusivamente, ao ser interrogado por procuradores, do nome de Gustavo Arribas".

Bonadio também deixou uma ponta de suspeita sobre os procuradores argentinos que interrogaram Meirelles.

Acompanhe tudo sobre:ArgentinaCorrupçãoJustiçaNovonor (ex-Odebrecht)

Mais de Negócios

Maternidade impulsiona empreendedorismo feminino, mas crédito continua desafio

Saiba como essa cabeleireira carioca criou o “Airbnb da beleza”

Eles saíram do zero para os R$ 300 milhões em apenas três anos

Conheça a startup que combina astrologia e IA em um app de namoro