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J&F faz primeira reunião para repacutar leniência

Mesmo com rescisão de delações, representantes da J&F reúnem-se na terça-feira com integrantes do MPF e do governo federal

J&F: decisão da procuradora-geral causou estranheza no grupo pelo momento em que ocorreu, mas não muda o ímpeto da holding de discutir uma eventual revisão dos termos do acordo assinado ano passado (Ueslei Marcelino/Reuters)

J&F: decisão da procuradora-geral causou estranheza no grupo pelo momento em que ocorreu, mas não muda o ímpeto da holding de discutir uma eventual revisão dos termos do acordo assinado ano passado (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Reuters

Publicado em 26 de fevereiro de 2018 às 19h04.

Brasília - Representantes da J&F reúnem-se na terça-feira com integrantes do Ministério Público Federal (MPF) e do governo federal para a primeira reunião formal entre as partes na tentativa de repactuar os termos do acordo de leniência do grupo, afirmaram à Reuters três fontes com conhecimento das negociações.

O encontro, segundo as fontes, está mantido mesmo diante do fato de que nesta segunda-feira, véspera da reunião, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de rescisão da delação premiada dos executivos Wesley Batista e Francisco de Assis e Silva, ligados ao grupo.

Dodge disse que ambos omitiram de forma intencional fatos criminosos que já tinham conhecimento quando fecharam os acordos de delação no ano passado com a equipe do antecessor, Rodrigo Janot.

A decisão da procuradora-geral, segundo uma fonte ligada à J&F, causou estranheza no grupo pelo momento em que ocorreu. Mas, destacou, não muda o ímpeto da holding de discutir uma eventual revisão dos termos do acordo assinado ano passado, em que, entre outras cláusulas, ela se comprometeu em pagar uma multa recorde no valor de 10,3 bilhões de reais durante 25 anos por atos praticados por empresas controladas por ela. Entre as empresas controladas pela J&F está a processadora de carne JBS.

Conforme reportagens da Reuters publicadas desde janeiro, governo e MPF esperam que o grupo apresente uma nova proposta que use o atual valor da multa como piso de negociação. Além disso, nas tratativas informais, foi discutida a possibilidade dos irmãos Joesley e Wesley Batista eventualmente confessarem terem cometido os crimes de suposto uso indevido de informações privilegiadas para obtenção de lucros no mercado financeiro, informou à Reuters uma fonte do MP envolvida diretamente nas conversas.

Foi por essa acusação, aliás, que Raquel Dodge justificou, em parte, o pedido de rescisão do acordo de delação de Wesley e Francisco de Assis - Janot já havia pleiteado ao Supremo o cancelamento dos acordos de Joesley e Ricardo Saud em setembro passado.

Além de terem sido conduzidos por equipes distintas dentro do MPF, os acordos de delação - que envolvem os executivos do grupo - e de leniência - referente apenas à holding - podem ter reflexos um no outro. Essa repactuação da leniência, segundo uma fonte do MP, é importante porque resguardaria o grupo do risco de eventualmente também ter esse acordo rescindido em razão de descumprimento de cláusulas - como é o caso de cometimento de novos crimes.

Uma fonte do governo afirmou que a decisão de Dodge não deve atrapalhar o encontro de terça-feira, ao avaliar que as negociações para a repactuação do acordo são com a pessoa jurídica. Uma fonte ligada à J&F, por sua vez, disse que a intenção do grupo é fechar um acordo com a negociação, mas o acerto vai depender da evolução das conversas. Ainda não está certo, disse a última fonte, se o grupo já vai apresentar nesta terça uma proposta.

Representantes da J&F não comentaram o assunto.

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