JBS e Marfrig obtêm na Argentina as maiores cotas para exportar à UE
Em relação ao último ciclo, o Marfrig praticamente manteve seu volume anterior, enquanto o JBS perdeu 31,80% das 3 mil toneladas que obteve no período passado
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h47.
Buenos Aires - Com atraso de mais de dois meses, o governo da Argentina publicou a resolução que distribui a cota Hilton entre 76 empresas habilitadas para o ciclo comercial que vai de junho de 2010 a junho de 2011. Os dois frigoríficos que obtiveram as maiores fatias foram os brasileiros presentes no país - Marfrig, com 3,141 mil toneladas, e JBS-Friboi, com 2,045 mil toneladas.
Em relação ao último ciclo, o Marfrig praticamente manteve seu volume anterior, que foi de 3,122 mil toneladas. O JBS, no entanto, perdeu 31,80% das 3 mil toneladas que obteve no período passado.
Há quase uma semana, a AE antecipou o plano da JBS de vender as três unidades que se encontram atualmente paradas por falta de gado para o abate. Nesta quarta-feira, o Marfrig também anunciou aos seus empregados que será interromper as atividades em uma de suas plantas, o frigorífico Estancias do Sur, localizado na província de Córdoba.
A empresa comunicou que dará férias de cinco dias ao pessoal desta unidade, a partir do dia 13, por falta de gado e pelas dificuldades de conseguir as guias de exportação. A informação foi confirmada pela Federação Gremial de Pessoal da Carne, segundo a qual os operários receberão o pagamento de seus salários normalmente.
Fontes do setor informaram que Estancias del Sur já havia insistido com a Secretaria de Comércio Interior, em várias ocasiões, para que liberasse as licenças de exportação, sem sucesso. O problema se agravou com a imposição oficial de interferir no volume de gado ofertado aos frigoríficos.
O polêmico secretário Guillermo Moreno impôs a medida para distribuir o gado disponível entre todas as unidades, como forma de minimizar a crise do setor. Com isto, Estancias del Sur reduziu suas operações em 40%. Das 500 cabeças abatidas por dia, o frigorífico passou para uma média de 170 cabeças diárias. A empresa sofre limitações para operar mesmo depois de o governo ter concedido a maior porção da cota Hilton ao grupo Marfrig.
"Há uma incongruência enorme do governo e de suas medidas porque congela os preços internos, distribui a cota das exportações à Europa, mas não dá autorização dos embarques e reduz a oferta de gado entre os frigoríficos exportadores. Não dá para entender a lógica", disparou outra fonte ouvida pela AE.
A cota Hilton é o volume de cortes de carne de alta qualidade que a Europa concede aos países exportadores da proteína com condições tarifárias especiais. A Argentina possui 28 mil toneladas e abocanha a metade da Hilton. Contudo, no último ciclo comercial (junho/2009 a junho/2010), o país vizinho não conseguiu cumprir sua cota em quase 10 mil toneladas.
O setor alega que o não cumprimento do prazo hábil para a exportação ocorreu porque o governo demorou nove meses para distribuir a cota e para conceder as licenças de exportação. "Não houve tempo para embarcar toda a mercadoria porque as licenças chegaram tarde", disse uma fonte do setor.
Além disso, os frigoríficos não estão conseguindo gado suficiente para manter os abates. Nos últimos quatro anos, o rebanho perdeu 10 milhões de cabeças, fruto da política de intervenção do governo no mercado e de uma forte estiagem que assolou o país em 2009.
Os preços da carne subiram 100% em apenas um ano. A política adotada pelo governo também reduziu em quase 40% o número de empresas frigoríficas habilitadas a exportar para a União Europeia, um negócio que movimenta US$ 300 milhões por ano.
Há dois anos, 79 frigoríficos e 40 produtores estavam habilitados para a Hilton. Agora, esses números baixaram para 45 e 31, respectivamente. Para o novo ciclo que já começa atrasado, os problemas prometem repetir-se, segundo outra fonte. "Com as atuais condições internas, o negócio deixou de ser rentável para os frigoríficos e há uma enorme falta de gado para atender à demanda", comentou.
Segundo a fonte, "o preço do gado em pé está caríssimo, enquanto que o controle dos preços de venda da carne no mercado interno é fortíssimo; e ninguém está ganhando dinheiro com esse negócio". "Acho difícil que a cota seja cumprida nesse ciclo", opinou.
As 28 mil toneladas têm que ser embarcadas até o dia 30 de junho de 2011. Entre os demais frigoríficos com maiores cotas estão Friar S.A., com 1.538 t; Frigorífico Gorina S.A., com 1.528 t; Exportaciones Agroindustriales Argentina S.A., com 1.269 t; Arre Beef S.A., com 1.259 t; e Frigorífico Rioplatense, com 1.235 toneladas.
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