JBS faz primeiro balanço pós-delação
Enquanto colocam à venda uma série de companhias de seu grupo, o J&F, Joesley e Wesley Batista têm planos mais modestos para sua principal empresa
EXAME Hoje
Publicado em 14 de agosto de 2017 às 06h37.
Última atualização em 14 de agosto de 2017 às 07h33.
Com seu nome jogado na lama no último grande escândalo de corrupção revelado no país, a companhia de alimentos JBS vai tentar mostrar nesta segunda-feira que os negócios vão tão bem quanto sempre estiveram. A maior processadora de carnes do mundo, controlada pelos irmãos Batista, publica seu balanço do segundo trimestre após o fechamento do mercado.
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A expectativa de analistas do Itaú BBA é que o lucro operacional tenha alta de 20,5%, na comparação com o mesmo período do ano passado, para 3,4 bilhões de reais. O problema é que o lucro deve sofrer uma queda de 73% na comparação com o mesmo período do ano passado, afetado por uma queda de participação do mercado nacional (fruto do boicote que sofreu de supermercados e consumidores) e com o impacto do real mais valorizado em relação ao dólar, levando os ganhos da companhia para 414,7 milhões de reais.
Na bolsa, as ações recuperaram boa parte do valor após cair desastrosos 37% nos primeiros dias depois que a delação de seus controladores, os irmãos Batista, veio a público. Mesmo assim, os papéis ainda acumulam perdas de 11,5% no período. Apesar da aparente normalidade na empresa, ainda há muitas incertezas — a começar pelo balanço que será apresentado nesta segunda-feira.
Os números publicados virão sem revisão do auditor responsável, o grupo BDO. Isso porque a delação dos irmãos Batista jogou dúvidas sobre os controles da companhia. Na delação, eles declararam ter pago 1,1 bilhão de reais em propina a políticos, a maior parte por meio da JBS. Na última sexta-feira, a companhia informou que a conclusão do trabalho de auditoria independente vai depender dos resultados das investigações relacionadas ao acordo de leniência fechado pela companhia e por seus controladores com o Ministério Público Federal.
Ainda há dúvidas também sobre quem presidirá a empresa. Em entrevista na semana passada, o presidente do banco de fomento BNDES, Paulo Rabello de Castro, defendeu que Wesley Batista deve deixar o cargo de presidente. O BNDES é o segundo maior acionista da JBS, com 21,3% de participação. Quanto aos planos do futuro, a abertura de capital da JBS nos Estados Unidos — que era vista como uma das principais estratégias do grupo para crescer — parece ter desaparecido completamente.
Enquanto colocam à venda uma série de companhias de seu grupo, o J&F, Joesley e Wesley Batista têm planos mais modestos para sua principal empresa. Se a JBS conseguir manter o poderio de alguns meses atrás, já será uma vitória. O caminho para isso passa pelo balanço desta segunda-feira.