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Itaú acerta com BMG no consignado e fecha porta a rivais

O negócio, que tem 70 por cento do Itaú e 30 por cento do BMG, deve entrar em operação daqui a 90 dias

Frente de um Banco Itaú: a carteira total de consignado do BMG é de pouco mais de 25 bilhões de reais, enquanto a do Itaú soma aproximadamente 10 bilhões de reais (Pedro Zambarda/EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de julho de 2012 às 19h47.

São Paulo - O Itaú Unibanco sinalizou que pretende reduzir o nível de risco de sua carteira de crédito ao anunciar uma joint venture de 1 bilhão de reais em crédito consignado com o BMG, maior banco privado do país no setor.

"Estamos buscando ativos com risco mais baixo, também em linha com o pedido do governo de reduzir os spreads", disse nesta terça-feira o presidente-executivo do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, a jornalistas.

O negócio, que tem 70 por cento do Itaú e 30 por cento do BMG, deve entrar em operação daqui a 90 dias. Com ele, os parceiros pretendem formar uma carteira de 12 bilhões de reais nos próximos dois anos e garantir a liderança entre os bancos privados do país no setor.

Hoje, a carteira total de consignado do BMG é de pouco mais de 25 bilhões de reais, enquanto a do Itaú soma aproximadamente 10 bilhões de reais. Líder no setor, o estatal Banco do Brasil tinha uma carteira de mais de 50 bilhões de reais no final do primeiro semestre.

A perceria anunciada pela manhã prevê ainda que Itaú cederá, fora da joint venture, 300 milhões de reais por mês a juros de mercado, durante cinco anos, para dar fôlego à originação de crédito pelo BMG, incluindo linhas como a para automóveis.


"Não queríamos ter a preocupação de ter que parar (de originar financiamentos) por falta de capital", afirmou o presidente do BMG, Ricardo Guimarães, na entrevista coletiva.

No final de março, o BMG tinha um índice de Basileia de 13,2 por cento, pouco acima do piso de 11 por cento exigido pelo Banco Central, após queda de 1,2 ponto percentual em três meses.

Para analistas, o modelo da parceria foi bom para ambos. Para o Itaú porque amplia a exposição a ativos de menor risco. Hoje, o consignado --uma das mais seguras do mercado-- representa menos de 3 por cento do estoque de crédito do banco, cujo índice de inadimplência é maior entre os grandes bancos de varejo do país. De quebra, o Itaú terá acesso a cerca de 3 milhões de clientes do BMG para vender produtos financeiros.

"A operação também exige do Itaú comprometimento limitado de capital", apontaram em relatório os analistas do Barclays, Fabio Zagatti, Henrique Caldeira e Roberto Savaris.

Isso, num momento em que os calotes sobem, enquanto a expansão do crédito não para de desacelerar, mesmo em meio à pressão do governo pela queda dos spreads bancários nos últimos meses. Pela manhã, a Serasa informou que a demanda do consumidor por empréstimos recuou 7,4 por cento no primeiro semestre, na comparação anual, a maior queda em pelo menos quatro anos.

O próprio Itaú admitiu nesta terça-feira que pode anunciar em breve uma redução nas estimativas de crescimento de sua carteira em 2012, de 14 a 17 por cento.

"Vemos isso como mais um sinal de que a disputa por segmentos de menor risco está esquentando", afirmaram em nota os analistas do BTG Pactual, Marcelo Henriques e Eduardo Rosman.

Os analistas também consideraram a estrutura positiva para o BMG, que poderá continuar 'rodando' sem ter contaminado o mercado com a impressão de que está sem capital.

"Se o Itaú adquirisse todo ou parte do banco, isso poderia deixar alguns investidores preocupados com a posição de capital do BMG ou com a qualidade dos empréstimos originados no passado", avaliaram os analistas do BTG Pactual.

Uma parceria societária, no entanto, não é carta fora do baralho. Ao contrário: Setubal e Guimarães deixaram a porta aberta para "ampliar" a parceria no futuro.

Guimarães evitou falar sobre possíveis negociações paralelas com outros bancos, mas disse que a estrutura do negócio ajudou na negociação, que não durou uma semana. Nos últimos dias corriam rumores na mídia de que Bradesco e BTG Pactual estariam negociando a compra do BMG.

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São Paulo - O Itaú Unibanco sinalizou que pretende reduzir o nível de risco de sua carteira de crédito ao anunciar uma joint venture de 1 bilhão de reais em crédito consignado com o BMG, maior banco privado do país no setor.

"Estamos buscando ativos com risco mais baixo, também em linha com o pedido do governo de reduzir os spreads", disse nesta terça-feira o presidente-executivo do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, a jornalistas.

O negócio, que tem 70 por cento do Itaú e 30 por cento do BMG, deve entrar em operação daqui a 90 dias. Com ele, os parceiros pretendem formar uma carteira de 12 bilhões de reais nos próximos dois anos e garantir a liderança entre os bancos privados do país no setor.

Hoje, a carteira total de consignado do BMG é de pouco mais de 25 bilhões de reais, enquanto a do Itaú soma aproximadamente 10 bilhões de reais. Líder no setor, o estatal Banco do Brasil tinha uma carteira de mais de 50 bilhões de reais no final do primeiro semestre.

A perceria anunciada pela manhã prevê ainda que Itaú cederá, fora da joint venture, 300 milhões de reais por mês a juros de mercado, durante cinco anos, para dar fôlego à originação de crédito pelo BMG, incluindo linhas como a para automóveis.


"Não queríamos ter a preocupação de ter que parar (de originar financiamentos) por falta de capital", afirmou o presidente do BMG, Ricardo Guimarães, na entrevista coletiva.

No final de março, o BMG tinha um índice de Basileia de 13,2 por cento, pouco acima do piso de 11 por cento exigido pelo Banco Central, após queda de 1,2 ponto percentual em três meses.

Para analistas, o modelo da parceria foi bom para ambos. Para o Itaú porque amplia a exposição a ativos de menor risco. Hoje, o consignado --uma das mais seguras do mercado-- representa menos de 3 por cento do estoque de crédito do banco, cujo índice de inadimplência é maior entre os grandes bancos de varejo do país. De quebra, o Itaú terá acesso a cerca de 3 milhões de clientes do BMG para vender produtos financeiros.

"A operação também exige do Itaú comprometimento limitado de capital", apontaram em relatório os analistas do Barclays, Fabio Zagatti, Henrique Caldeira e Roberto Savaris.

Isso, num momento em que os calotes sobem, enquanto a expansão do crédito não para de desacelerar, mesmo em meio à pressão do governo pela queda dos spreads bancários nos últimos meses. Pela manhã, a Serasa informou que a demanda do consumidor por empréstimos recuou 7,4 por cento no primeiro semestre, na comparação anual, a maior queda em pelo menos quatro anos.

O próprio Itaú admitiu nesta terça-feira que pode anunciar em breve uma redução nas estimativas de crescimento de sua carteira em 2012, de 14 a 17 por cento.

"Vemos isso como mais um sinal de que a disputa por segmentos de menor risco está esquentando", afirmaram em nota os analistas do BTG Pactual, Marcelo Henriques e Eduardo Rosman.

Os analistas também consideraram a estrutura positiva para o BMG, que poderá continuar 'rodando' sem ter contaminado o mercado com a impressão de que está sem capital.

"Se o Itaú adquirisse todo ou parte do banco, isso poderia deixar alguns investidores preocupados com a posição de capital do BMG ou com a qualidade dos empréstimos originados no passado", avaliaram os analistas do BTG Pactual.

Uma parceria societária, no entanto, não é carta fora do baralho. Ao contrário: Setubal e Guimarães deixaram a porta aberta para "ampliar" a parceria no futuro.

Guimarães evitou falar sobre possíveis negociações paralelas com outros bancos, mas disse que a estrutura do negócio ajudou na negociação, que não durou uma semana. Nos últimos dias corriam rumores na mídia de que Bradesco e BTG Pactual estariam negociando a compra do BMG.

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