Marissa Mayer, CEO do Yahoo!: funcionários temem demissões e investidores pedem mudanças na diretoria (David Paul Morris/Bloomberg)
Karin Salomão
Publicado em 13 de janeiro de 2016 às 09h08.
São Paulo - Quando Marissa Mayer chegou à presidência do Yahoo, em 2012, ela era vista como a presidente que poderia salvar a companhia.
Hoje, porém, o clima na empresa não poderia ser mais diferente. A moral está baixa, enquanto funcionários temem demissões, executivos deixam seus cargos e investidores pedem mudanças na diretoria.
Segundo o New York Times, Mayer é chamada internamente de "Evita", "uma alusão a Eva Peron, primeira dama argentina, cujo ego descomunal e a escalada ao poder e riqueza foram documentados no musical de mesmo nome".
As ações do Yahoo caíram 36% no ano passado, deixando investidores temerosos sobre o risco de um declínio maior. A empresa anunciou que suas vendas caíram 8% no terceiro trimestre de 2015, a maior queda em quatro anos, e reduziu suas projeções.
O Starboard Value LP é um dos investidores que pedem por mudanças na gestão e no modelo de negócio.
Em sua terceira carta ao Yahoo desde agosto, o fundo diz que "os últimos anos foram extremamente frustrantes para os investidores de Yahoo".
Em um texto duro, ele critica a operação e performance do negócio central da companhia de busca e anúncios.
"Apesar de mais de três anos de esforços e bilhões gastos em aquisições, o time que foi contratado para reerguer o negócio principal falhou em produzir resultados aceitáveis", afirma.
Um dos motivos de insatisfação dos investidores era o plano do Yahoo vender a sua participação no Alibaba, comprada em 2005 por 1 bilhão de dólares.
A fatia de 15% da companhia chinesa de comércio eletrônico vale 35 bilhões de dólares atualmente e tem impulsionado os resultados da americana. Sempre que as ações do Alibaba se valorizam, os papéis do Yahoo pegam carona.
Os planos de criar uma nova empresa e dividir o investimento da empresa no Alibaba causaram revolta entre investidores.
No fim do ano, a companhia abandonou o projeto, com receio de que governo dos Estados Unidos cobrassem bilhões de dólares em impostos pelo negócio resultante.
A saída encontrada pela empresa foi enxugar o seu negócio na internet, divisão central do seu modelo de negócios. A diretoria avalia inclusive vender a divisão.
O seu negócio central reúne a tecnologia de buscador, que gera receitas de até 2 bilhões de dólares, os sites Yahoo Finance, Yahoo Mail e Yahoo Sports, com mais de um bilhão de usuários por mês, a rede social Tumblr e a Flurry, empresa de análise do mercado mobile.
Com esse novo direcionamento, uma das primeiras divisões a serem cortadas foi a de produção de conteúdo original em vídeos, no seu portal, Yahoo Screen. O canal tinha cerca de 15 milhões de usuários únicos nos Estados Unidos.
Além disso, novos cortes estão à vista - cerca de 10% da força de trabalho deve ser demitida, afirmou o Business Insider. Cerca de 1.100 vagas já foram cortadas no ano passado.
Além das demissões, funcionários têm deixado a empresa por conta própria. Segundo o Wall Street Journal, um terço das pessoas largou o emprego no ano passado por conta da moral baixa e perspectivas pouco claras da companhia.
De acordo com uma pesquisa da Glassdoor, só 34% dos que ainda trabalham para a empresa acreditam na melhora dos negócios.
A transparência que Mayer implementou na companhia ao chegar, em 2012, está ofuscada. Ao chegar no Yahoo, recém saída do Google, ela instalou reuniões semanais, onde os funcionários poderiam perguntar o que quisessem, de estratégias a resultados, à diretoria.
Agora, executivos estão calados e funcionários têm a confiança abalada por não saberem que rumos a empresa irá tomar, diz Nicholas Carlson, autor do livro "Marissa Mayer e a briga para salvar o Yahoo".