Intervenção na Vale mostra como Dilma vai lidar com “ex-estatais”, diz WSJ
Para o jornal, a disputa sobre a Vale desperta um antigo debate sobre o papel dessas empresas na economia
Da Redação
Publicado em 1 de abril de 2011 às 09h02.
São Paulo - A substituição de Roger Agnelli no comando da Vale é uma amostra de quão longe o recém empossado governo Dilma vai aumentar a intervenção em empresas outrora estatais para levá-las ao encontro dos seus objetivos – como criar empregos e desenvolver a infraestrutura da indústria nacional. Essa é a avaliação do Wall Street Journal sobre a substituição anunciada ontem.
O jornal, em reportagem de John Lyons, exemplifica que Dilma e Lula já haviam pressionado Agnelli em diferentes momentos e que ele havia resistido. A disputa sobre a Vale desperta um antigo debate sobre o papel das ex-estatais na economia, segundo o jornal. De um lado estão os apoiantes de Dilma que defendem que as empresas podem renunciar a alguma lucratividade para auxiliar o “ainda pobre” país a se desenvolver. De outro, estão os críticos que dizem que a intervenção estatal leva à ineficiência e à corrupção do passado.
A Petrobras e a Vale foram parcialmente privatizadas há mais de uma década, em um momento em que o Brasil estava desesperado por dinheiro, segundo a reportagem. Embora o governo tenha mantido tentáculos nas duas, ambas tornaram-se gigantes globais em pouco mais de uma década. A Vale, a maior exportadora de minério de ferro e a Petrobras – que o jornal cita como antiga “Petrosaurus” – tornou-se uma das melhores do mundo em perfuração em águas profundas.
Agora, o governo está voltando a se intrometer nas empresas. Apesar das reclamações dos acionistas, a Petrobras sente a pressão governamental para construir refinarias no nordeste do país, exemplifica o WSJ.