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Integração estilo Frog no JBS-Friboi

Como Joesley Batista, presidente do JBS-Friboi, está aplicando princípios de seu particular modelo de gestão Frog - ou "From Goiás" - para integrar as operações do Bertin, sua maior aquisição já realizada no país

Fábrica da Vigor, em São Paulo: o lançamento de novos produtos foi congelado (.)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

Uma série de sabatinas pouco ortodoxas mudou a rotina dos executivos do antigo frigorífico Bertin desde o final do ano passado. Nos diversos prédios ocupados pela companhia em São Paulo e em Lins, no interior do estado, onde ficava sua sede, 79 deles já passaram por entrevistas individuais de até 1 hora de duração cada uma. Em todos os casos, do outro lado da mesa estava Joesley Batista, presidente do JBS. Segundo o próprio Joesley, trata-se de uma espécie de jornada para conhecer melhor a empresa que adquiriu em setembro de 2009. "Temos o nosso jeitão de fazer as coisas. Só o olho no olho permite conhecer as pessoas de verdade", afirmou ele a EXAME. Para alguns executivos que passaram pela sabatina, as perguntas por vezes soavam um tanto constrangedoras. "Ele queria saber quem eram as 'Ferraris' da empresa e os nomes de quem a gente mandaria embora, por exemplo", diz um dos avaliados. Como resultado do teste, pelo menos dez diretores e 18 gerentes do Bertin já deixaram o cargo desde dezembro.

Com receita líquida de 6,6 bilhões de reais em 2008, o Bertin era a segunda maior companhia do setor no país - atrás apenas do próprio JBS. Ao comprar simultaneamente o frigorífico paulista e a processadora de carne de frango americana Pilgrim's Pride, o JBS se tornou o maior processador de carnes do mundo e o segundo maior grupo privado brasileiro, atrás apenas da Vale, com receita líquida de 28,7 bilhões de dólares por ano. Para transformar as operações do Bertin e do JBS numa só, Joesley está colocando em prática um estilo bem particular de gestão, batizado por ele e seus dois irmãos mais velhos - José e Wesley Batista - de Frog (ou "From Goiás", em alusão à origem do grupo, fundado pelo pai, José Batista Sobrinho, em Anápolis nos anos 50).

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PARA CHEGAR À IMPRESSIONANTE marca de 28 aquisições nos últimos dez anos (em muitos casos, com o apoio do BNDES), o JBS desenvolveu um modus operandi próprio para realizar as integrações. Assim como quase tudo no estilo do JBS, as regras desse "jeitão" foram criadas dentro de casa. Para aplicar a receita caseira, os irmãos montaram uma estrutura também interna - consultorias passam longe dali. É uma equipe hoje conhecida como diretoria de governança corporativa (o embrião desse time foi formado em 2006, após a aquisição da operação argentina da Swift). À frente dela, estão duas profissionais - Patrícia Bollmann, ex-analista de recursos humanos do banco Pactual, e Valére Batista, irmã de Joesley.


Em cada integração, elas convocam cerca de 50 funcionários de áreas como financeiro, RH e industrial para acompanhar todo o processo, inclusive as sabatinas aos executivos. (Neste momento, uma equipe dessas coordena a integração na sede da Pilgrim's, nos Estados Unidos.) "Incorporar uma empresa não é simplesmente comprar e pronto. É preciso implantar sua cultura dentro dela", diz Joesley. Segundo o empresário, no caso do Bertin, a conclusão do processo está marcada para 28 de fevereiro. No dia seguinte, os principais diretores serão reunidos no auditório de um hotel em São Paulo para ouvir o empresário explicar a nova estrutura da empresa.

Aproximação de choque

Os primeiros passos dados pelos irmãos Batista, controladores do JBS, para integrar o Bertin, adquirido em setembro de 2009:

Longas sabatinas: O presidente do JBS, Joesley Batista, e sua equipe de RH entrevistaram por aproximadamente 1 hora, individualmente, 79 executivos do Bertin. Nas sabatinas, iniciadas em novembro, fizeram desde perguntas de cunho pessoal (como o motivo de não ter filhos) até outras sobre o desempenho de colegas e chefes.

Troca no comando: Entre dezembro e janeiro, houve troca no comando das três principais divisões do Bertin. Os diretores Evandro Miesse, responsável por carnes, Leonardo Swirski, da área de couro, e Fernando Falco, de lácteos, perderam seus postos. Em todos os casos, foram substituídos por executivos de confiança de Joesley.

Paralisação de lançamentos: A área de marketing da Vigor foi praticamente extinta, com a demissão de três de seus quatro gerentes. Produtos que estavam prestes a ser lançados, como pão de queijo e hambúrguer, foram temporariamente engavetados.

Relatórios aos sábados: Acostumados a fazer apenas relatórios formais sobre o desempenho da companhia, os executivos do Bertin que permaneceram tiveram de se acostumar a um novo hábito: Joesley por vezes telefona para alguns aos sábados para saber dos resultados da semana.

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