Os interventores judiciais da unidade da Parmalat de Itaperuna, no Rio de Janeiro, não estão repassando a receita que vem conseguindo com suas vendas à Parmalat Brasil S/A Indústria de Alimentos, sediada em São Paulo. Por isso, os recursos necessários para o pagamento dos 290 funcionários fluminenses não foram liberados por São Paulo e os empregados não tiveram seus salários de fevereiro pagos na última sexta-feira (27/2).

Segundo o advogado da Parmalat Brasil, Luiz Nelson de Assis, a matriz em São Paulo - responsável pelo faturamento da unidade, pela emissão de nota fiscal, pagamentos de fornecedores e de funcionários - não tem condições de enviar dinheiro à filial do Rio enquanto a unidade continuar faturando independentemente da matriz.

O representante do governo do Rio de Janeiro no colegiado de administração judicial em Itaperuna, Paulo Renato Marques, explicou que a decisão do juiz Rubens Casara da 2ª Vara da Comarca da região determina que os interventores devem pagar as dívidas da unidade. O líquido dessa operação é que mandaríamos para São Paulo, disse.

Marques afirmou que o colegiado está no início da regularização do passivo com fornecedores e que não há uma previsão de quando sobrará o líquido para ser repassado à matriz. Como a unidade de Itaperuna dependia operacional e financeiramente da matriz da Parmalat Brasil, os interventores tiveram que abrir uma conta bancária a fim de receber os pagamentos dos compradores e começar a emitir nota fiscal. Estamos absolutamente legais e cumprindo a decisão do juiz.

Segundo o interventor em Itaperuna, que assumiu em 6/2 junto a outros três profissionais indicados pela Justiça, o colegiado conseguiu pagar 2,4 milhões dos mais de 10 milhões de reais em dívidas. Mas ainda há fornecedores que não recebem desde novembro. Com estrutura para processar 450 mil litros de leite por dia, a unidade está utilizando cerca de 50% da capacidade de produção de leite em pó, creme de leite, leite condensado e doces (linha festa).

Assis, o advogado da Parmalat Brasil, explicou que o escritório ainda não possui uma posição a respeito da insubordinação da fábrica de Itaperuna quanto à matriz em São Paulo. Ele lembrou que a intervenção na unidade fluminense ocorreu antes de a 42ª Vara Cível de São Paulo decidir pelo afastamento da direção da Parmalat e instituir uma junta de interventores na sede paulista. Foram decisões em momentos diferentes. Nossa intenção é harmonizar os interesses, afirmou o advogado.