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Homem mais rico do Brasil tem empresas em paraísos fiscais

Sócio da 3G Capital e acionista da AB Inbev, do Burger King e da Heinz, Jorge Paulo Lemann tem participação em companhias em países como Bahamas e Bermudas

Jorge Paulo Lemann fala sobre como lida com a inovação (Sergio Lima/FolhaPress/Veja/Reprodução)

Jorge Paulo Lemann fala sobre como lida com a inovação (Sergio Lima/FolhaPress/Veja/Reprodução)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 6 de novembro de 2017 às 11h13.

Última atualização em 6 de novembro de 2017 às 14h47.

São Paulo — O empresário Jorge Paulo Lemann, homem mais rico do Brasil, está ligado a pelo menos 20 empresas abertas em paraísos fiscais, de acordo com uma reportagem do site Poder360.

A reportagem é baseada nos documentos conhecidos como Paradise Papers, São 13,4 milhões de documentos vazados neste mês a um grupo de jornalistas investigativos. Eles mostram a enorme dimensão das empresas offshore em paraísos fiscais. Além de Lemann, são citados, nesses documentos, nomes que vão do cantor Bono Vox à rainha da Inglaterra.

Um dos fundadores da 3G Capital e acionista de empresas como AB Inbev, Burger King e Heinz, Lemann tem participação em companhias em países que cobram pouco ou nada de impostos, como Bermudas, Bahamas e Ilhas Cayman.

O uso de offshores, como são chamadas as empresas abertas em paraísos fiscais, é legal e garantido pela lei brasileira, desde que os bens e valores sejam declarados e tributados pela Receita Federal.

O Banco Central também precisa ser informado dos investimentos de brasileiros no exterior, como participação em uma empresa, títulos, ações, imóveis ou outros bens.

Lemann e seus sócios na 3G, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, afirmaram, ao Poder360, que mudaram sua residência fiscal para o exterior com a expansão de seus negócios. Eles disseram ainda que todos os veículos são legais e que cumprem as regras em relação à divulgação de informações acerca desses investimentos. Veja a íntegra da resposta abaixo.

Lemann é o homem mais rico do Brasil e está em 27° no ranking global de bilionários da Bloomberg, com uma fortuna de 31,2 bilhões de dólares. Telles está em 81°, com 14,9 bilhões de dólares, e Sicupira ocupa a posição 91 na lista da Bloomberg, com 12,7 bilhões de dólares.

Segundo a reportagem do Poder360, eles fazem parte da diretoria de diversas empresas em paraísos fiscais, como a Squadron Aviation Services Limited, registrada nas Bermudas; e outras 9 empresas nas Bahamas: Cetus Investments (transferida das Ilhas Cayman para as Bahamas em 2013), BVC Services Ltd., BR Global Investments Limited, Santa Giustina Inv. & Arbitrage Ltd., Santa Venerina Inv. & Arbitrage Ltd., Santa Marcelina Inv. & Arbitrage Ltd., Santa Paciencia Ltd., Santa Bárbara Management Ltd (fechada em fev.2001) e S-BR Global Investments Ltd.

Algumas das companhias fazem parte da esstrutura acionária da Anheuser-Busch InBev, dona de marcas como Brahma, Stella Artois, Budweiser e Corona. Confira a lista completa das empresas ligadas aos bilionários aqui.

Leia a seguir a íntegra da nota de Carlos Alberto Sicupira, Marcel Telles e Jorge Paulo Lemann enviada ao Poder360:

“Com a grande expansão dos nossos negócios para o exterior mudamos há vários anos a nossa residência fiscal para fora do Brasil. A expansão dos nossos negócios pelo exterior também envolveu a constituição de veículos para fins da gestão e planejamento estratégico de nossos investimentos e ativos no exterior. Todos os nossos veículos são legais, cumprem as regras e leis aplicáveis e de alguma forma participam ou participaram da gestão de nossos investimentos e ativos. Cumprimos todas as regras aplicáveis em relação à divulgação de informações nos países que estamos presentes ou investimos. Tudo perfeitamente normal e dentro das leis aplicáveis”.

A série de reportagens sobre os Paradise Papers é uma iniciativa do ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos), organização sem fins lucrativos com sede em Washington, nos EUA. Mais de 96 veículos jornalísticos em 67 países fazem parte das investigações e, no Brasil, o parceiro é o Poder360.

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