Harley mira fãs de selfies preocupados com meio ambiente
A empresa está estudando vender uma moto elétrica relativamente silenciosa para atender a esse público
Da Redação
Publicado em 22 de setembro de 2014 às 15h03.
Southfield - Tyler Dean tem os jeans, a jaqueta e a barba que o colocam em cheio no mercado alvo da Harley-Davidson Inc. Outra atração para a fabricante de motos: Dean tem um perfil em uma rede social e sabe usá-lo.
A Harley, a fabricante das motos estradeiras famosas pelo acelerador barulhento, disse em junho que está estudando vender uma moto elétrica relativamente silenciosa.
A empresa agora está apresentando as motos em um tour por 30 cidades para buscar um retorno e despertar o interesse em pessoas como Dean, que se importam com o meio ambiente e podem divulgar a mensagem com seus pares em redes sociais como Twitter e Instagram.
“Em termos de negócios, é algo inteligente”, disse Dean, 31, que deixou de andar de moto depois que se casou, três anos atrás, e está começando a sentir essa vontade novamente.
“Vou tirar uma foto minha sentado na moto e vou postar para todo mundo que eu conheço. Não vou postar uma foto minha em um Toyota”. Embora a ideia de uma moto elétrica tenha riscos, “se a Harley está fazendo, isso significa que é algo viável”.
O tour é parte de um impulso do CEO Keith Wandell para tornar mais aberta uma empresa antes isolada e garantir seu espaço no topo do mercado americano de motocicletas, que a empresa de pesquisas IBISWorld coloca em US$ 6,9 bilhões, com a Harley dona de cerca de metade.
A empresa vê a energia elétrica como uma forma de reduzir as emissões e se prepara para uma época em que o combustível derivado de petróleo poderá ser mais escasso.
Esta também é uma forma de atrair consumidores mais jovens e ricos que querem uma forma limpa de se locomover em grande estilo sem gastar US$ 100.000 ou mais em um Tesla Model S.
Nova geração
A Harley, que tem sede em Milwaukee, quer “ter certeza de que não está se esquecendo de algo importante” quando o tour continuar por mais cidades americanas e para a Europa e o Canadá no ano que vem, disse Wandell, em uma entrevista. “Nós não queremos vir ao mercado com algo que está abaixo da expectativa de alguém”.
As redes sociais têm sido uma fatia importante do esforço de marketing da Harley. A Project Livewire, como a moto é chamada, reuniu 340 milhões de impressões nas mídias sociais até meados de julho. Para ajudar a impulsionar isso, quem realiza o test-drive é incentivado a trabalhar suas conexões.
“Os e-mails e redes sociais deram aos fãs da Harley uma voz mais alta e mais acesso”, disse Erik Gordon, professor da Faculdade de Negócios Ross da Universidade de Michigan, em entrevista. “O ponto positivo da Harley é que eles veem isso como um ativo, não como uma ameaça”.
Após um passeio de teste de 10 minutos pelas ruas, os motoqueiros estacionam as motos. Antes de descerem delas, um fotógrafo da Harley tira uma foto e entrega a eles um código de acesso para que possam baixar a imagem e postá-la no Facebook, no Twitter ou no Instagram.
Na sequência, eles são levados até uma câmera de vídeo para gravar impressões instantâneas e preenchem uma pesquisa de 10 minutos em um iPad.
Os exemplos de perguntas incluem “Que palavras vieram à sua mente quando você acelerou pela primeira vez?” e “Como você descreveria o visual, o som e a sensação da moto?”. A pesquisa também pergunta quanto um comprador esperaria pagar, começando em “abaixo de US$ 15.000” e indo até “US$ 35.000 e acima”.
Concorrentes verdes
O alcance da bateria da moto elétrica é de cerca de 84,8 quilômetros e o motor pode ser operado em três modos: esporte, força e alcance. Não há marchas para trocar, por isso o protótipo trafega tão facilmente quanto uma mobilete, embora assustadoramente rápido.
A aceleração vai de zero a 60 milhas (97 quilômetros) por hora em menos de quatro segundos. A moto tem freios de pé e de mão e também desacelera rapidamente quando o motorista solta o acelerador.
Se a Harley realmente se tornar verde, competirá contra um punhado de empresas, incluindo a Brammo Inc., que tem sede em Talent, Oregon, e a Zero Motorcycles Inc., com sede em Scotts Valley, Califórnia.
A versão elétrica “atrairá um novo grupo de clientes”, disse Wandell. “Ela está fazendo com que pessoas que talvez normalmente não pensassem em nossos produtos agora pensem neles”.