Há uma rixa entre o homem mais rico e o mais poderoso do mundo?
Declaração via Twitter do presidente americano diminuiu o valor de mercado da Amazon e acirrou a rivalidade com um dos homens mais ricos do mundo
Fernando Pivetti
Publicado em 18 de agosto de 2017 às 12h15.
Última atualização em 18 de agosto de 2017 às 15h01.
São Paulo - Apesar da crise pela qual passa o governo de Donald Trump em meio aos escândalos sociais e diplomáticos, o chefe da Casa Branca parece seguir mais poderoso do que nunca.
Na última quarta-feira, Trump voltou a atacar empresas pelo Twitter e sua mais recente vítima foi a Amazon. No tuíte, o presidente americano acusou a companhia de causar prejuízos aos varejistas americanos e tirar empregos dos Estados Unidos.
Em questão de horas, as ações da Amazon despencaram e a companhia perdeu, em um único dia, mais de US$ 5 bilhões em valor de mercado, um pesado golpe para os negócios do magnata Jeff Bezos .
Essa não é a primeira vez que Trump ataca de forma direta os negócios de Bezos, que também é dono do jornal The Washington Post.
Em 2015, Trump alfinetou o magnata ao afirmar que ele utilizava o Washington Post como abrigo fiscal para a Amazon. Já em junho deste ano, o presidente utilizou o Twitter para acusar a varejista de não pagar seus impostos.
Ataque como auto-defesa
Declarações contra grandes companhias são frequentes nos discursos do presidente americano.
Em dezembro de 2016, o então presidente eleito criticou os preços dos caças da fabricante de aeronaves Lockheed Martin, e ameaçou encerrar a compra de caças da companhia pelo governo dos EUA. No mesmo dia, a Lockheed perdeu US$ 3,5 bilhões em valor de mercado.
Pouco tempo depois de assumir a Casa Branca, Trump atacou a montadora Toyota por escolher o México como sede de sua produção, o que levou a empresa japonesa a perder também cerca de US$ 1,2 bilhão em valor de mercado.
O estilo Trump para coagir companhias atingiu inclusive os negócios de sua filha, Ivanka. Em fevereiro deste ano, a rede de lojas Nordstrom rompeu com a marca Ivanka Trump e deixou de comercializar seus produtos. Sem hesitar, Trump voltou ao Twitter para criticar a empresa e defender sua filha.
Ataque especial?
As alfinetadas do líder americano contra a Amazon poderiam ser mais um item na lista de críticas contra empresas que ele coleciona, não fosse um detalhe especial.
Jeff Bezos, que ao lado de Bill Gates aparece como o homem mais rico do mundo, é um opositor assumido do presidente americano e chegou a afirmar que acionou uma equipe de repórteres do Washington Post para promover uma “caçada ao Trump” durante as eleições de 2016.
A postura de Bezos abre espaço para uma possível rixa pessoal entre o homem mais rico do mundo e o homem mais poderoso do mundo.
Ao atacar a Amazon, Trump conseguiu enfraquecer um dos seus principais opositores e reafirmou sua postura de “atacar para se defender”.
Marc Fisher, o autor da biografia de Donald Trump, e curiosamente editor de política do Washington Post, afirmou em entrevista exclusiva para EXAME.com no começo deste mês, que o presidente americano não liga para o passado e não tem planos para o futuro, só pensa em vencer no presente.
No caso de Bezos, Trump utilizou esse estilo provocativo para impactar os negócios de seu opositor, uma expressão clara de que o presidente transferiu o estilo agressivo de liderar suas empresas para dentro da Casa Branca.