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Grupo Rede atesta interesse de elétricas em distribuição

Grupo Rede Energia atraiu empresas interessadas em crescer em distribuição de energia, num momento em que existem poucas oportunidades de expansão via aquisições

Trabalho de reconstrução da rede de energia em Teresópolis: 80 quilômetros já foram recuperados (Eduardo Monteiro/EXAME.com)

Trabalho de reconstrução da rede de energia em Teresópolis: 80 quilômetros já foram recuperados (Eduardo Monteiro/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 24 de outubro de 2012 às 22h03.

São Paulo - Apesar da crítica situação financeira, o Grupo Rede Energia atraiu os olhares de empresas interessadas em crescer em distribuição de energia, num momento em que existem poucas oportunidades de expansão via aquisições nesse segmento.

O aumento da atuação no setor de distribuição é visto como necessário para ganhar escala, diante de um maior aperto nos retornos sobre o investimento com as regras do terceiro ciclo de revisão tarifária, aprovadas no fim de 2011. E ativos não tão caros--como os do Grupo Rede, que tem dívidas estimadas em 5,7 bilhões de reais-- nem sempre estão disponíveis.

"As oportunidades que existem são em casos como esse... Não se consegue fazer um plano de aumento da atuação em distribuição a menos que se pague muito caro", disse o diretor da consultoria Excelência Energética, Erik Rego.

Ativos de qualidade e valor elevado que foram colocados à venda, como por exemplo a distribuidora Elektro, estiveram no radar de grupos como CPFL Energia, Cemig e Neoenergia. A Elektro, que pertencia à norte-americana Ashmore Energy Internacional, acabou sendo comprada pela espanhola Iberdrola por 2,4 bilhões de euros no começo de 2011.

No caso das distribuidoras do Grupo Rede, por mais que estejam endividadas, assumi-las por um valor simbólico e tentar renegociar dívidas com credores pode ser uma boa oportunidade de crescer em distribuição e obter ganhos com a reestruturação dos negócios e melhoria da gestão.


A estratégia de interesse em distribuidoras "problemáticas" é claramente assumida pela Equatorial Energia, que adquiriu a Cemar (MA) em 2004 e a transformou-a em uma das melhores distribuidoras do país em qualidade de serviço.

Recentemente, a Equatorial formalizou a compra da Celpa (PA), controlada do Grupo Rede em recuperação judicial, por 1 real --e é parceira da CPFL na avaliação de compra dos outros ativos do Grupo Rede.

Apesar das perdas de receita com o terceiro ciclo de revisão tarifária e a insegurança do mercado sobre a intervenção do governo em empresas de distribuição, regulamentada com a medida provisória 577, o segmento de distribuição de energia continua sendo interessante, segundo analistas.

"O terceiro ciclo esmaga muito, mas não deixa o segmento ficar ruim... e as empresas estão acostumadas com os ciclos de revisão tarifária. Quem entrar em distribuição já sabe o que vai enfrentar pela frente", disse Rego.

O coordenador do Grupo de Estudos do Setor de Energia Elétrica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel/UFRJ), Nivalde de Castro, acrescenta que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) criou uma metodologia no terceiro ciclo que impõe restrições para quem não é eficiente.

Esse não seria o caso de CPFL e Equatorial --empresas que sempre admitiram avaliar ativos disponíveis no segmento de distribuição.

A parceria entre CPFL e Equatorial para assumir o Grupo Rede é talvez o "melhor cenário" para o governo federal, que não quer assumir distribuidoras problemáticas, acredita o analista Alexandre Furtado Montes, da corretora Lopes Filho. "Nada melhor do que aparecer alguém do setor privado para resolver o problema", disse.

Já o interesse manifestado por Copel em conjunto com a Energisa no Grupo Rede foi tido como menos esperado pelo mercado, mas o diretor da Excelência Energética chamou a Copel de "gigante adormecida", que teria capacidade de caixa para se expandir no segmento de distribuição.


A Energisa --que controla cinco distribuidoras em Minas Gerais, Paraíba, Rio de Janeiro (Nova Friburgo) e Sergipe e tem longa experiência nesse mercado-- estuda um aumento de capital de até 500 milhões de reais para fortalecer sua estrutura para investimentos de 1,6 bilhão de reais até 2014 e para potenciais aquisições.

O interesse de Copel e Energisa surgiu após o Grupo Rede já ter estabelecido exclusividade de negociação de transferência do controle para CPFL e Equatorial --período que dura até o fim do ano.

Distribuidoras da Eletrobras: próximo alvo?

Apesar de CPFL e Equatorial terem saído na frente no processo de compra do Grupo Rede, o surgimento do interesse de Copel e Energisa é positivo para o cenário de fusões e aquisições em distribuição no país, segundo Castro, do Gesel.

"Tem um aspecto positivo da união de Copel e Energisa que mostra a possibilidade de ter parceria de dois grupos puramente nacionais em se posicionar, por exemplo, na venda de distribuidoras da Eletrobras", disse ele.

"Na nossa avaliação, a próxima oportunidade vai ser nas distribuidoras da Eletrobras, que não vai ter mais condição de bancar esse prejuízo, por mais que o prejuízo esteja diminuindo", acrescentou o professor.

A Eletrobras estaria estudando a possibilidade de vender distribuidoras federalizadas que assumiu, afirmaram duas fontes à Reuters no início de outubro. Uma das possibilidades discutidas seria a venda de parte das empresas, com a estatal federal se tornando acionista minoritária.

A Eletrobras tem distribuidoras que atuam no Piauí, Rondônia, Acre, Amazonas, Alagoas e Roraima, e acumulam prejuízos seguidamente. De acordo com a própria Eletrobras, elas só devem ser rentáveis a partir de 2014.

Outras candidatas a liderar a consolidação no segmento de distribuição de energia são Cemig e Neoenergia, segundo Castro.

Mas ele lembra que a Cemig está mais focada agora no efeito da renovação antecipada e condicionada das concessões do setor elétrico que venceriam entre 2015 e 2017, por ser um dos grupos mais afetados.

A Neoenergia, por sua vez, precisa da aprovação da sócia Iberdrola para qualquer movimento que venha a fazer, num momento em que a espanhola corta custos para reduzir sua dívida. Além disso, a Neoenergia necessita de aval dos outros sócios controladores --o Banco do Brasil e o fundo de pensão Previ.

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