Negócios

Fleury mira classes A e B para crescer

Grupo não vai se popularizar e quer se consolidar no mercado mais elitista, cujos concorrentes são hospitais voltados para classe A


	Laboratório do Fleury: a diversificação não faz mais parte do foco da companhia
 (Germano Lüders/EXAME)

Laboratório do Fleury: a diversificação não faz mais parte do foco da companhia (Germano Lüders/EXAME)

DR

Da Redação

Publicado em 15 de junho de 2015 às 08h03.

São Paulo - Depois de uma forte onda de aquisições nos últimos anos para expandir as operações fora do Estado de São Paulo, o Grupo Fleury decidiu mudar a estratégia de negócios.

A diversificação não faz mais parte do foco da companhia, que quer se concentrar nas classes A e B.

Os esforços da empresa estão sendo destinados ao fortalecimento das marcas premium Fleury, Felippe Mattoso, no Rio, e Weinmann, no sul do País. As bandeiras a+ e Labs D’Or, que tinham apelo mais popular, estão sendo reposicionadas para atender a classe B.

Com oito anos de casa e desde setembro na presidência do grupo, Carlos Marinelli diz que o caminho natural para a companhia aumentar sua rentabilidade é o mercado premium.

Ou seja, o Fleury não vai se popularizar e quer se consolidar no mercado mais elitista, cujos concorrentes são hospitais voltados para classe A, como o Albert Einstein, que contam com estruturas próprias de diagnóstico.

Neste ano, o grupo planeja investir R$ 189 milhões - 60% mais que os R$ 117,9 milhões do ano passado.

A prioridade desses aportes será a expansão da marca premium Fleury.

Em 2014, o grupo inaugurou um centro integrado de diagnóstico cardiológico e neurovascular e também investiu em um centro de diagnóstico voltado para o público feminino. No segundo semestre deste ano, inaugura uma nova unidade em Jundiaí (SP).

Em 2014, a receita líquida da companhia ficou em R$ 1,678 bilhão, praticamente estável em relação a 2013.

O lucro líquido, contudo, teve um salto, no mesmo período, de 40,3%, para R$ 85,8 milhões.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebtida) aumentou 10,9%, para R$ 308,3 milhões.

Segundo Marinelli, o grupo abriu mão de atender no último trimestre de 2013 à Unimed Rio, que respondia por 30% da receita da companhia no Estado, como parte da estratégia de aumentar a rentabilidade. A empresa também desistiu de atender a outros prestadores de serviços em outros Estados com o mesmo objetivo. "A perda da receita no Rio tem sido compensada com outros fornecedores."

Outra maneira de a empresa elevar sua rentabilidade será na prestação de serviços para hospitais, como já ocorre no Sírio Libanês, Hospital Samaritano, Oswaldo Cruz e São Luiz, em São Paulo, onde o Fleury é responsável pelos exames.

Até 2002, a atuação da companhia estava concentrada em São Paulo. Desde então, o grupo deu início a um movimento acelerado de consolidação para expandir a presença para fora do Estado, afirmou Marinelli.

A companhia decidiu abrir capital em 2009 como forma de buscar dinheiro novo para seguir sua expansão.

Entre 2009 e 2014, investiu R$ 1,32 bilhão em aquisições. Em 2012, comprou a Papaiz, empresa que faz exames de radiografia odontológica, que não fazia parte do negócio do grupo.

Para Victor Falzoni, analista do Brasil Plural, os recentes passos do Fleury para elevar a rentabilidade são considerados positivos pelo mercado, mas a companhia ainda tem de resolver a questão societária.

"O mercado quer saber o que os controladores querem fazer com a empresa."

Consolidação

Nos últimos anos, o que se viu no setor de diagnósticos foi um movimento estratégico de crescimento acelerado.

O grupo Dasa, que hoje é considerado o maior da área, também tem um histórico de consolidação e agora está deixando o Novo Mercado, que é segmento da Bolsa com as mais elevadas exigências de governança corporativa.

"Essas empresas, que atraem o interesse de diversos investidores nacionais e estrangeiros, enfrentam margens comprimidas, problemas de negociação com prestadores de serviços, pressão da fonte pagadora e de planos de saúde", diz Falzoni.

No ano passado, a Gávea Investimentos tentou unir o grupo Fleury ao laboratório mineiro Hermes Pardini. Depois de meses de negociação, a transação não foi concretizada.

Fontes afirmaram ao jornal O Estado de S. Paulo que os acionistas do Hermes Pardini não concordaram com os termos da fusão, que precificaram o laboratório com valor muito inferior ao do Fleury.

Para tentar fechar a operação, a Gávea negociou aporte com vários fundos soberanos. Hoje, parte desses fundos quer se tornar sócio minoritário do Fleury. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:EmpresasFleuryHospitaisSaúdeSetor de saúde

Mais de Negócios

Azeite a R$ 9, TV a R$ 550: a lógica dos descontaços do Magalu na Black Friday

20 frases inspiradoras de bilionários que vão mudar sua forma de pensar nos negócios

“Reputação é o que dizem quando você não está na sala”, reflete CEO da FSB Holding

EXAME vence premiação de melhor revista e mantém hegemonia no jornalismo econômico