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Grupo de beleza cria linha para influenciadores e prevê triplicar receita

A empresa Kásia está presente em 5.000 pontos de venda, com sua marca masculina Go.Man, e já é rentável desde o primeiro ano de vida

Alain Benichio Muramatsu e Bruno Piergili Wieres, cofundadores da Kásia Cosméticos (Kásia/Divulgação)

Alain Benichio Muramatsu e Bruno Piergili Wieres, cofundadores da Kásia Cosméticos (Kásia/Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 16 de setembro de 2020 às 08h00.

Última atualização em 16 de setembro de 2020 às 15h41.

Cada vez mais, redes sociais e influenciadores têm impacto na indústria, principalmente de beleza. Para participar dessa tendência, a Kásia, empresa de cosméticos brasileira, acaba de lançar uma divisão para produtos criados para influenciadores. Para isso, a fabricante reformulou sua estrutura e criou uma nova linha na fábrica - o investimento total foi de 1,3 milhão de reais. 

A empresa já atuava há cinco anos com uma marca de produtos masculinos, a Go. Man, e há um ano e meio decidiu se voltar aos produtos para influenciadores para criar um diferencial competitivo, ingressar no mercado feminino e usar parte da capacidade da fábrica própria da companhia, que fica na zona Sul da cidade de São Paulo. 

O grupo Kásia, nome dado em referência a casia, lavanda, em latim, é um guarda-chuva institucional dos negócios dos empreendedores Bruno Piergili Wieres e Alain Benichio Muramatsu.

A empresa está presente em 5.000 pontos de venda. Depois do primeiro ano de vida, a companhia já se tornou rentável. A previsão para este ano é triplicar o faturamento do ano anterior - um terço deste aumento virá da nova linha de influenciadores. 

As primeiras celebridades das redes a ganhar uma linha de produtos são o casal Alex Mapeli e Flávia Charallo, ambos com 22 anos e com mais de 7,3 milhões de seguidores no Instagram juntos. Cada um terá sua marca de perfume: AlexMapeli, para ele, e Foxy Candy, para ela. A linha feminina terá ainda um perfume para cabelo e máscara facial e a masculina, uma pomada para o cabelo e um spray de corpo.

"Como o conteúdo dos dois é de estilo de vida, vamos lançar um perfume, que lida com conceitos de aspiração", diz o cofundador Weiers. Os influenciadores foram entrevistados por um perfumista, para entender sua história e quais seriam os melhores aromas e conceitos. Os perfumes foram desenvolvidos por uma casa de fragrâncias francesa, a Robertet, que criou perfumes como Angel, Chloé, e os da Gucci e da Mont Blanc. Ela fornece o óleo de rosas para o famoso Chanel nº5.

Outro lançamento previsto para este ano é uma linha de maquiagem para pele negra que eles vão lançar ano que vem: a Efik. O nome vem de um povo africano que vive numa região da Nigéria. A marca terá uma linha de bases com variedade ampla de tons para atender o público brasileiro, com 12 tons somente para peles negras. 

Criação de nichos

Ainda que as novas linhas de produtos para influenciadores sejam recentes, a empresa já tem seis anos, criada pelos empreendedores Bruno Wieres e Alain Benichio Muramatsu. Os dois sócios se conheceram há 16 anos, ao trabalharem juntos no mercado de cosméticos na empresa Cless, que tem marcas como Charming, Essenza e Care Liss. Com forte atuação na área de marketing, ambos têm experiência na criação de produtos.

Eles decidiram usar esse conhecimento para lançar a própria marca de cosméticos. O foco é encontrar e atingir nichos de mercado ainda não atendidos pelos grandes grupos e ter um diferencial competitivo. 

O primeiro lançamento foi a marca Go, voltada para o público masculino. "Os produtos nacionais não tinham o mesmo perfil de qualidade do que víamos lá fora por um preço acessível", diz Wieres. As matérias-primas são importadas e a fabricação acontece e uma planta própria da Kásia, criada em 2018. 

"Lançar logo de cara um item feminino seria bater de frente com os grandes players. Queríamos uma estratégia para entrar no mercado sem ser mais um e os influenciadores podem nos ajudar nisso", diz Alain Benichio Muramatsu.

Papel das drogarias e farmácias

Parte importante da estratégia é a parceria com as redes de farmácia, como DPSP, Pachedo e Raia Drogasil. O público masculino vai ao supermercado apenas para repor itens essenciais de higiene e é nas drogarias que navega pelas prateleiras para conhecer as novidades, dizem os empreendedores.

A marca chegou a ser convidada pela Drogaria São Paulo para organizar a gôndola dos itens masculinos, já que alguns itens, como cuidados para barba e tratamentos faciais, ainda eram pouco conhecidos pelo grande varejo, segundo Muramatsu. 

Cada vez surgem mais marcas de beleza de influenciadoras, como Rihanna, Kylie Jenner e agora a brasileira Camila Coutinho, que ameaçam as grande fabricantes. Não é à toa que todos querem um pedaço do mercado. É uma indústria que movimenta anualmente 2,7 trilhões de reais no mundo — o Brasil é o quarto maior mercado do segmento, com 167 bilhões de reais. 

Com diferenciais e influenciadores fortes ao lado, pequenas marcas aos poucos desafiam as grandes indústrias de cosméticos. 

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