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Governo americano pode virar sócio de montadoras em crise

Empréstimos seriam garantidos por opção de compra de ações das empresas

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

O governo americano pode acabar com uma participação acionária nas três grandes montadoras do país que enfrentam uma séria crise financeira - General Motors, Ford e Chrysler -, se a Casa Branca e o Congresso chegarem a um acordo para socorrer as empresas. Segundo a agência de notícias Bloomberg, pelo plano de ajuda ainda em discussão, o Tesouro americano poderia receber warrants (títulos que conferem o direito de compra de algum ativo) de ações equivalentes a 20% dos empréstimos que seriam concedidos.

Com a GM pleiteando mais de 10 bilhões de dólares em recursos, e tendo valor de mercado de 3 bilhões, o governo poderia se tornar seu maior acionista, caso o plano fosse executado. A legislação americana não é clara sobre em que tipo de holding o governo pode deter participação.

O plano foi desenhado pelos democratas no Congresso e estabelece empréstimos de 15 bilhões de dólares. A lei precisa de 60 votos para superar uma possível ameaça de os republicanos bloquearem a matéria no Senado, por meio de manobras. O projeto também prevê a indicação de um supervisor para a execução do plano, apelidado pela imprensa americana de o "czar do setor automotivo". A presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, sugeriu que o cargo seja ocupado pelo ex-presidente do banco central, Paul Volcker.

Os esforços dos democratas esbarram na resistência dos senadores republicanos, que já expressaram dúvidas sobre as chances de o plano ser aprovado ainda esta semana, em uma sessão especial. "Continuo preocupado sobre a aplicação de dólares federais na três montadoras, sem uma clara estratégia de como o dinheiro será utilizado", afirmou o senador republicano Judd Gregg, da comissão orçamentária.

Com a cadeira do presidente eleito Barack Obama vaga no Senado agora, a maioria democrata na casa é bastante estreita - 50 votos (incluindo dois independentes) contra 49 dos republicanos. Isso significa que os democratas precisam atrair o apoio de pelo menos dez republicanos para evitar o bloqueio do texto no Senado. O novo Senado, eleito junto com Obama e cuja maioria democrata é mais folgada (58 a 42) só deve ser empossado em janeiro.

Condições para a ajuda

O plano proposto pelos democratas prevê que o presidente da República nomeie uma pessoa ou um comitê para supervisionar a reestruturação da indústria automotiva como uma pré-condição para a liberação da ajuda federal. Em um comunicado, a GM pediu uma votação rápida do pacote de ajuda, e afirmou que "milhões de empregos, a indústria americana e a competitividade futura estão na balança". Já a Ford afirmou que "nosso plano, tal como está agora, requer qualquer ajuda federal".

Apesar dos apelos das montadoras, parte dos senadores americanos afirma que a proposta não força as empresas a tomarem as decisões corretas. Para alguns parlamentares, a ajuda permitiria apenas mais flexibilidade para as companhias atuarem, mas sob grande risco de perderem o foco. Por isso, defendem que a reestruturação das empresas deve ser feita sob o auxílio do Capítulo 11 da Lei de Falências americana. Ou seja, seria melhor deixar as empresas decretarem falência para, então, serem resgatadas.

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