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Google encerra política do "clique grátis"

Usuários podiam acessar conteúdos sem ter de pagar pela assinatura de um site, ao serem direcionados a partir de um resultado na ferramenta de busca

Google: cada publicação decidirá quantos cliques serão "gratuitos" para os usuários (Krisztian Bocsi/Bloomberg)

Google: cada publicação decidirá quantos cliques serão "gratuitos" para os usuários (Krisztian Bocsi/Bloomberg)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de outubro de 2017 às 17h43.

São Paulo - O Google anunciou duas novidades em sua relação com as empresas jornalísticas.

A primeira delas é o fim da política do "primeiro clique grátis", que permitia que os usuários acessassem conteúdos sem ter de pagar pela assinatura de um site, quando eles eram direcionados a partir de um resultado na ferramenta de busca.

A partir de agora, a postura do Google é de que cada publicação decida quantos cliques serão "gratuitos" para os usuários a partir das pesquisas feitas pelo motor da empresa.

"Vimos muitas mudanças acontecendo no mercado nos últimos anos, com os consumidores cada vez mais se abrindo para pagar por conteúdo de alta qualidade. Queremos ajudar nesse processo", diz Richard Gingras, diretor do Google News.

Criada em 2007, a política do "primeiro clique grátis" era uma forma de expor conteúdo que estava bloqueado mediante o pagamento de assinatura nos sites de notícias. Dessa forma, a empresa queria evitar que o usuário fosse bloqueado e, na época, acreditava-se que isso ajudaria o internauta a experimentar o conteúdo para, depois, decidir se gostaria de assinar o site.

"Sentimos hoje que essa política já não se encaixa mais para todos os nossos parceiros jornalísticos", diz Gingras.

"Por outro lado, sabemos que oferecer amostras do conteúdo é importante para convencer um usuário a contratar um serviço e achamos isso importante", avalia o executivo, que tem 30 anos de experiência no mundo da mídia, em grupos como NBC e CBS.

Segundo Gingras, com ajuda da tecnologia de mapeamento de usuários do Google, as empresas jornalísticas poderão até criar ofertas de amostras diferentes para perfis de público distintos.

"Isso pode ajudar os jornais a terem mais assertividade em suas estratégias para conquistar assinantes específicos."

Para Marcelo Rech, presidente da Associação Nacional de Jornais, as mudanças são bem-vindas. "À primeira vista, é um passo à frente, se de fato favorecer a independência da decisão dos editores em relação a seus modelos de negócios", diz.

"No entanto, temos de aguardar para verificar como funcionará na prática e se virá ou não acompanhado de outras medidas."

Apoio técnico

A segunda novidade é que o Google pretende colocar à disposição dos veículos de imprensa suas ferramentas para melhorar o processo de contratação de assinaturas.

"Há jornais em que é preciso dar mais de 20 cliques para fechar uma assinatura", diz Gingras. O executivo crê que, com ajuda do Google, seja possível assinar um jornal com apenas um clique, usando informações já pré-cadastradas.Outro plano é em relação ao engajamento dos grupos de mídia com seus assinantes atuais.

"Queremos fazer o assinante aproveitar melhor o conteúdo pelo qual já paga", diz o executivo. Um exemplo: quando o assinante de determinada publicação fizer uma pesquisa no Google, o buscador poderá ter uma área específica, dentro dos resultados, mostrando notícias da publicação sobre o tema.

Segundo Gingras, o Google não pretende cobrar pelos serviços. "Esta não é uma nova linha de negócios para nós", garante.

A intenção da empresa, diz, é colaborar e entender melhor como funciona o sistema de assinaturas.

"Nosso objetivo é gerar um ecossistema saudável. Afinal de contas, uma busca só é relevante para um usuário se ele consegue encontrar bom conteúdo, e por isso precisamos dos veículos de imprensa."

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