GOL realiza primeiro voo comercial com biocombustível
O voo partiu do aeroporto Santos Dummont, no Rio, em direção a Brasília
Da Redação
Publicado em 4 de junho de 2014 às 20h22.
Rio - A GOL lançou hoje a série voos comercial sustentáveis do País, abastecidos com mistura de biocombustível . O voo partiu do aeroporto Santos Dummont, no Rio, em direção a Brasília.
A iniciativa integra o planejamento de outros 200 voos que usarão a tecnologia durante a Copa do Mundo. A expectativa da empresa é reduzir em 220 toneladas as emissões de carbono com a redução no consumo de combustíveis fósseis.
A iniciativa é uma espécie de "legado ambiental" para o torneio. Segundo a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o País é o primeiro a ter 100% das emissões de carbono relacionadas diretamente ao evento mitigadas.
"É a primeira Copa Verde e a Fifa passa a adotar essa prática como uma referência para os próximos torneios. A marca de baixo carbono do País é a única que poderá ser associada ao evento, ao lados dos patrocinadores", destacou Izabella.
A estimativa é que o uso de biocombustível para aviação reduz em 80% as emissões em relação ao combustível fóssil. As emissões dos deslocamentos aéreos são chamadas de "indiretas" em relação ao torneio.
Nesse aspecto, segundo a ministra, ainda faltam 40% das emissões a serem reduzidas.
"Nós somos o País que mais reduz as emissões, sem custo e voluntariamente. Em relação às reduções no setor florestal, as emissões que cortamos representa toda a produção do Reino Unido", destacou Izabella.
O voo foi abastecido com querosene de aviação com uma mistura de 4% de biocombustível, produzido a partir de óleo de milho, gorduras não vegetais.
Ao todo serão usados mais de 2 milhões de litros do combustível nos deslocamentos da Seleção Brasileira e em voos comerciais da companhia, partindo do Aeroporto do Galeão, no Rio.
"Essa iniciativa coloca a companhia na liderança mundial na redução das emissões de carbono. Esperamos incorporar a tecnologia em voos comercial com o biocombustível já a partir de 2015", destacou o diretor executivo de operação da GOL, Sergio Quito.
Isenção
Durante o evento, o governo, empresas aéreas e associações de produtores de biocombustível assinaram um protocolo de intenções para estudar a ampliação do programa nos voos comerciais do País.
Segundo o presidente da Associação Brasileira das Empresas Aereas (Abear), Eduardo Sanowicz, para ampliar a escala da iniciativa e tornar o uso dos biocombustíveis sustentáveis, ainda é preciso reduzir em cerca de 30% o custo da bioquerosene.
"Temos compromisso internacional de reduzir à metade as emissões até 2050. O fator técnico está praticamente concluído, mas ainda não o aspecto econômico. Essas conversas procuram encontrar as condições para torná-lo viável", afirmou Sanowicz.
O diretor da GOL, Sérgio Quito, defendeu a desoneração e redução de ICMS para acelerar a implantação do combustível na malha viária.
"Para incluir nos voos já em 2016, seria necessário discutir uma redução total ou parcial do imposto. Isso é fundamental para ampliar a escala, tornar o negócio sustentável e atender às exigências internacionais. O desenvolvimento do biocombustível traz enormes benefícios ambientais, mas também estrutura uma cadeia de valor no País", destacou.
O consultor Arnaldo Vieira de Carvalho, que representou o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) no evento, destacou a importância econômica da medida.
Segundo ele, a estruturação do setor fortalece os produtores agrícolas, gera empregos e desenvolvimento tecnológico, tornando o País capaz de atender também ao mercado internacional.
"Aqui é o lugar mais promissor para indústria de bioquerosene se desenvolver e atender não só ao mercado interno."
Na avaliação da ministra do meio ambiente, o diálogo com os produtores, empresas e governo está aberto para defender o melhor modelo para o setor.
"Este é um processo político que demanda envolvimento do setor financeiro para adoção da tecnologia nacional. Estamos propondo uma repactuação da leitura das emissões, olhando para o processo econômico, dentro da realidade do mercado", afirmou.
Atualizado às 20h21min do mesmo dia, pois o texto anterior continha um incorreção no primeiro parágrafo. O voo é o primeiro de uma série de 200 voos abastecidos com biocombustível que serão feitos durante a Copa, e não o primeiro voo comercial abastecido com mistura de biocombustível do País.
Atualmente, devido ao seu alto teor proteico, as penas de frango são transformadas em farinha para ração animal, ou em fertilizante, em função da concentração de hidrogênio. Segundo o estudo, a quantidade de farinha gerada pela indústria avícola anualmente seria suficiente para a produção de 580 milhões de litros de biodiesel nos EUA e 2,2 bilhões litros no mundo. Coisa do futuro? Que nada, o biocombustível já está sendo usado experimentalmente pela agência espacial americana, Nasa.
Durante testes de laboratório, 97% do óleo extraído da semente da planta foi convertido em biodiesel. Outra vantagem da erva, segundo os pesquisadores, reside na capacidade dela crescer em solo pobre e de baixa qualidade, o que afasta a necessidade de cultivá-la em lavouras especiais destinadas ao plantio de alimentos.