Gol quer ser compensada pela Boeing por não poder usar 737 Max
Única brasileira a ter o problemático modelo da Boeing, Gol espera finalizar em 60 dias um acordo para compensar os prejuízos
Carolina Riveira
Publicado em 18 de janeiro de 2020 às 08h00.
Última atualização em 18 de janeiro de 2020 às 09h00.
A maior companhia aérea do Brasil espera finalizar em 60 dias um acordo de compensação com a Boeing por danos financeiros relativos ao impedimento dos voos do 737 Max.
Em vez de dinheiro, a Gol Linhas Aéreas Inteligentes provavelmente receberá a compensação na forma de descontos no valor da entrada para compras futuras de aeronaves e esquemas semelhantes, informou o diretor financeiro, Richard Lark, em entrevista realizada no escritório da Bloomberg em Houston, Texas, na sexta-feira. O valor do acordo em dólares será confidencial, acrescentou.
“Estamos nas últimas semanas antes de acertar uma compensação junto à Boeing”, disse Lark. “Isso terá um impacto significativo para nós no médio a longo prazo.”
Lark também revelou que a Gol está perto de fechar um esquema de código compartilhado com a American Airlines Group e espera fazer um anúncio em 60 dias. O compartilhamento de códigos permite que companhias aéreas reservem assentos em voos operados por suas parceiras.
Transformação da frota
Um acordo com a United Airlines Holdings parece menos provável porque a empresa americana já fez parceria no Brasil, afirmou o executivo. A United tem 8% de participação na Azul, concorrente da Gol. Por sua vez, a Gol iniciou negociação para compartilhamento de códigos com a American e a United após se separar da parceira americana de longa data, Delta Air Lines, em setembro.
American, Southwest Airlines e Grupo Aeromexico já divulgaram acordos de compensação com a Boeing referentes a 2019. O 737 Max foi impedido de voar no ano passado, após dois acidentes fatais. Apesar dos problemas criados pelos desastres envolvendo aviões 737 Max, a Gol continua sendo cliente fiel da Boeing, segundo Lark.
A empresa brasileira está em processo de agendar o treinamento de aproximadamente 100 pilotos em simuladores de voo do 737 Max na Flórida, se preparando para quando o modelo tiver autorização para voltar a funcionar, disse ele.
“Nos próximos 10 anos, a transformação da nossa frota será baseada no 737 Max”, garantiu Lark.
(Com a colaboração de Mary Schlangenstein e Fabiola Moura)