Negócios

Gol espera volta do 737 Max em dezembro, mas ação cai 6%

A Gol, que usa exclusivamente aviões da Boeing, tem atualmente sete aviões 737 Max na frota, e espera receber outros 17 neste ano — embora sem poder usá-los

Gol: empresa mostrou crescimento na receita e no número de passageiros, mas Boeings parados atrapalham (NurPhoto/Getty Images)

Gol: empresa mostrou crescimento na receita e no número de passageiros, mas Boeings parados atrapalham (NurPhoto/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 31 de outubro de 2019 às 14h58.

Última atualização em 31 de outubro de 2019 às 15h12.

A companhia aérea Gol estima que o Boeing 737 Max, envolvido em dois acidentes no último ano, deve voltar a ser usado em dezembro, segundo afirmou em coletiva com analistas e jornalistas o presidente da companhia, Paulo Kakinoff.

O 737 Max parou de ser usado pela Gol em março deste ano e seu uso foi temporariamente proibido por agentes regulatórios em todo o mundo após um acidente que deixou mais de 150 mortos na Etiópia, em um voo da companhia aérea Ethiopian Airlines. Antes disso, outro 737 Max, dessa vez operado pela Lion Air, já havia caído 12 minutos após a decolagem na Indonésia no ano passado, deixando mais de 180 mortos.

"Sabemos que ela [a Boeing] está empenhada em endereçar a situação do Max de maneira mais diligente e eficaz possível", disse Kakinoff em vídeo comentando os resultados do terceiro trimestre da empresa.

A Gol tem atualmente sete aviões desse modelo na frota, e espera receber outros 17 unidades ainda neste ano, totalizando 24 aeronaves 737 Max.

A volta do modelo aos ares, contudo, não depende só da Gol. Para voltar a operar o 737 Max, a Boeing e as companhias aéreas do mundo todo que possuem aviões do tipo aguardam um aval da Administração Federal de Aviação (FAA) dos Estados Unidos, que investiga os acidentes sofridos em voos da aeronave.

Por isso, apesar da expectativa de que o 737 Max volte à ativa em dezembro, as previsões de oferta de voos da Gol para dezembro, janeiro e fevereiro ainda não incluem a aeronave, segundo Kakinoff. Se tudo der certo e de fato o modelo voltar a ser usado, a empresa ganharia, portanto, uma oferta adicional de voos. A projeção da Gol é terminar dezembro com 126 aviões em operação.

A Gol divulgou nesta quinta-feira 31 seus resultados do terceiro trimestre, com faturamento de 3,7 bilhões de reais, a maior já registrada pela companhia em um trimestre e alta de 28% em relação ao ano passado. Por outro lado, a empresa apresentou também prejuízo de 242 milhões de reais.

O número de passageiros transportados subiu 13%, com 9,8 milhões de clientes que voaram com a companhia aérea entre julho e setembro, a maioria no mercado doméstico. A alta nos passageiros da Gol também fez subir em 13% a Receita por Passageiro por Quilômetro Transportado (RPK). A taxa de ocupação média foi de 83%, alta de 3,8 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2018.

Com isso, a empresa atingiu uma participação de mercado doméstico de 38% entre janeiro e agosto, ante 33% da Latam e 23% da Azul, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil.

As três empresas operam praticamente sozinhas no mercado doméstico desde a saída da Avianca Brasil, então terceira maior do mercado e que parou de operar em maio em meio a sua recuperação judicial. Entre janeiro e agosto, a Gol teve alta de 5,4% em sua participação, e a Latam, de 4,6%, mas quem de fato se deu bem foi a Azul, que conseguiu aumentar sua participação em 25% do mercado.

Nos destinos regionais brasileiros, a Gol afirma que, em 2019, anunciou nove rotas ligando o aeroporto de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, a destinos regionais. Além disso, adicionou à malha outros 34 destinos em parceria com as companhias aéreas parceiras TwoFlex e Passaredo.

Apesar do crescimento no faturamento, com o prejuízo e há constante indefinição sobre o 737 Max, as ações da Gol caíam 5,9% por volta das 14h30, após o anúncio dos resultados.

O que vem depois da Delta

Sobre o fim do acordo de compartilhamento de passageiros (codeshare) com a americana Delta Airlines -- que comprou uma participação acionária na concorrente Latam em setembro --, a Gol afirma que ainda não tem previsão para quando as passagens em conjunto deixarão de ser vendidas. A empresa afirma ainda que vai seguir honrando seus compromissos e transportando todos os passageiros da Delta que já compraram passagens.

A imprensa divulgou na semana passada que a American Airlines estaria negociando uma parceria de codeshare com a Gol. A Gol não comentou com mais detalhes sobre as eventuais novas parcerias. Com o fim da exclusividade com a Delta, diz Kakinoff, "abre-se a possibilidade de ter mais de um parceiro", mas ainda não há "nada definido nessa direção", segundo o executivo.

Acompanhe tudo sobre:AviaçãoAzulBoeingBoeing 737companhias-aereasGol Linhas AéreasLatam

Mais de Negócios

Azeite a R$ 9, TV a R$ 550: a lógica dos descontaços do Magalu na Black Friday

20 frases inspiradoras de bilionários que vão mudar sua forma de pensar nos negócios

“Reputação é o que dizem quando você não está na sala”, reflete CEO da FSB Holding

EXAME vence premiação de melhor revista e mantém hegemonia no jornalismo econômico