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GM enfrenta sua maior crise de imagem desde 2009

A crise é causada pela decisão da antiga direção da companhia de ignorar um defeito que pode ter causado centenas de vítimas apenas nos EUA

Soldador trabalha na linha de montagem da fábrica da GM: a montadora só começou a chamar os veículos para o recall em fevereiro deste ano (Dado Galdieri/Bloomberg)
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Da Redação

Publicado em 8 de abril de 2014 às 07h48.

Toronto - A General Motors ( GM ) está imersa em uma profunda crise de imagem e confiabilidade, causada pela decisão da antiga direção da companhia de ignorar um defeito que pode ter causado centenas de vítimas apenas nos Estados Unidos.

O problema remonta a 2001, quando a GM detectou problemas em uma mola dentro do tambor do sistema de ignição em alguns de seus modelos.

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O defeito pode provocar o apagamento inesperado do veículo em pleno funcionamento, desligando o sistema elétrico e cancelando o funcionamento do sistema de airbag.

Segundo a própria informação da companhia, a falha teria provocado dezenas de acidentes e pelo menos 13 mortos. Outros meios cifram o número de mortos em centenas.

Embora a GM tenha conhecimento do problema há mais de uma década, só começou a chamar os veículos para o recall em fevereiro deste ano.

Foram convocados 2,6 milhões de veículos, 2,2 milhões deles nos Estados Unidos, dos modelos Saturn Ion 2003-2007, Saturn Sky 2007-2010, Chevrolet HHR 2005-2011, Pontiac Solstice 2006-2010, Chevrolet Cobalt 2005-2010 e Pontiac G5 2005-2010.

Pelo menos quatro investigações, inclusive uma de um comitê do Senado americano, estão em andamento para descobrir porque a GM não iniciou o recall muito antes. Na semana passada a CEO da empresa, Mary Barra, foi convocada a prestar depoimento neste comitê.

No sábado, o tradicional programa da televisão americana "Saturday Night Live" (SNL) brincou com a participação de Barra, porque a direção foi incapaz de responder de forma direta e clara muitas das perguntas dos senadores do comitê.


Os comediantes montaram uma paródia em que Barra respondeu com um lacônico "é parte de nossa investigação" a pergunta de quando soube que milhões de veículos da GM sofriam com um grave defeito.

É uma rara "honra" ser forçada a testemunhar em um comitê do Senado americano. Quase tanto quanto ser protagonista de uma paródia da o centro de uma paródia do "SNL".

E essas homenagens são um perfeito resumo do problema que a nova GM encara: político, com os legisladores, e de imagem com o público americano.

Talvez o mais incompreensível de todo o escândalo em que a General Motors está imersa é que para muitos especialistas ele poderia ter sido evitado de forma rápida e barata.

Pelo que já foi revelado até agora, em 2006 a GM modificou o design defeituoso do sistema de ignição, sem comunicar às autoridades que tinha encontrado um problema e mantendo a numeração do componente substituído, no que parece ser uma tentativa de ocultar um problema.

Mas, embora a modificação não tenha sido capaz de cumprir com as próprias especificações da GM, a fabricante de automóveis seguiu instalando o sistema de ignição defeituoso.

Analistas do setor assinalaram que a substituição do sistema de ignição defeituoso por um sem problemas teria custado à montadora no máximo US$ 2 por unidade.

Na época a GM estava em uma situação econômica crítica, no início de uma crise que quase provocou a falência em 2009 e que só pôde ser evitada com a eliminação de quatro de suas marcas (Saturn, Pontiac, Hummer e Saab) e mais de US$ 50 bilhões em financiamento público.

Desde o início da crise, Barra, que assumiu a direção da GM no último dia 15 de janeiro, deu a entender que a General Motors de hoje, e surgida após a moratória de 2009, é muito diferente da que ignorou ou menosprezou o problema do sistema de ignição durante anos.

Mas, durante o depoimento ao comitê do Senado, os congressistas a advertiram para deixar de se escudar na ideia da velha e nova GM.

Com potenciais multimilionários processos de consumidores e vítimas no horizonte da empresa, além das investigações criminais e novas revelações, parece improvável que o público americano vá distinguir entre a velha e a nova GM.

E para uma empresa que tinha começado a recuperar sua imagem diante do público americano, o impacto pode ser devastador.

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