GM admite ter excedido o acordo flex com a Argentina
O governo argentino tem cobrado garantias das montadoras responsáveis pelo excesso
Estadão Conteúdo
Publicado em 20 de fevereiro de 2018 às 18h57.
Última atualização em 20 de fevereiro de 2018 às 19h38.
São Paulo -O presidente da GM para a região do Mercosul, Carlos Zarlenga, admitiu nesta terça-feira, 20, que a montadora é uma das empresas que têm excedido o flex do acordo entre Brasil e Argentina para o comércio de veículos e autopeças.
O flex é um trecho do acordo que diz que, para cada US$ 1 que a Argentina exporta em veículos e autopeças para o mercado brasileiro, o Brasil pode exportar até US$ 1,5 para lá livre de impostos. Como o montante exportado pelo Brasil tem ficado acima dessa proporção, o governo argentino tem cobrado garantias das montadoras responsáveis pelo excesso. A garantia é uma antecipação do imposto que será pago depois do fim do acordo, que vai até 2020.
A GM, embora tenha admitido que é uma das responsáveis pelo excesso, procurou minimizar a questão, alegando que os volumes da empresa estão apenas "um pouco acima" do permitido. Tanto é que o valor cobrado pela Argentina é de apenas US$ 25 mil. "Isso equivale ao valor de apenas um carro, de um total de 120 mil automóveis que vendemos na Argentina no ano passado", afirmou.
Zarlenga também disse que o planejamento da GM prevê o reequilíbrio dos volumes de exportação e importação até o fim do acordo e que o excesso verificado hoje já estava planejado. "Estamos quase perto de voltar ao equilíbrio de US$ 1,5", disse o executivo, que afirmou que o retorno ao nível permitido vai depender da velocidade de recuperação do mercado brasileiro.
Com o crescimento da venda de veículos no Brasil, aumenta a demanda por carros produzidos na Argentina, o que ajuda a equilibrar a balança comercial dos dois países para o setor. O desequilíbrio atual é resultado de uma baixa demanda no Brasil por carros argentinos, enquanto a demanda na Argentina por carros brasileiros tem crescido.
A garantia cobrada pela Argentina só vale para as montadoras que produzem nos dois países. Até então, a Fiat havia sido a única a admitir o excesso. Outras quatro disseram que estão equilibradas: Ford, Honda, Toyota e Scania. As demais não deram uma resposta.
As declarações do executivo foram dadas durante evento da montadora em sua fábrica em São Caetano do Sul. O evento celebrou a expansão do complexo industrial, depois de investimento de R$ 1,2 bilhão. O aporte vai permitir que, em alguns anos, a capacidade de produção anual da fábrica salte de 250 mil veículos para 330 mil. Hoje, a fábrica tem operado em ritmo capaz de produzir 190 mil veículos por ano.