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Ghosn fugiu do Japão após empresa de segurança interromper monitoramento

Ghosn tornou-se um fugitivo internacional após revelar, na terça-feira, que havia fugido para o Líbano

Ghosn: Nissan havia contratado uma empresa de segurança privada para observar o empresário (Harold Cunningham/Getty Images)

Ghosn: Nissan havia contratado uma empresa de segurança privada para observar o empresário (Harold Cunningham/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 4 de janeiro de 2020 às 16h19.

Tóquio --- O ex-chefe da Nissan, Carlos Ghosn, deixou sua residência em Tóquio após a empresa privada de segurança contratada pela Nissan parar de monitorá-lo, disseram três fontes com conhecimento do assunto à Reuters, neste sábado.

Ghosn tornou-se um fugitivo internacional após revelar, na terça-feira, que havia fugido para o Líbano para escapar do que chama de "manipulado" sistema judiciário do Japão, onde ele é denunciado por supostos crimes financeiros.

A Nissan havia contratado uma empresa de segurança privada para observar Ghosn, que estava solto sob fiança e esperando julgamento, para checar se ele se encontraria com pessoas envolvidas no caso, disseram três fontes.

Mas seus advogados disseram à empresa de segurança que parasse de monitorá-lo, porque seria uma violação dos seus direitos humanos, e Ghosn planejava entrar com uma queixa contra a empresa, disseram as fontes.

A empresa de segurança interrompeu a vigilância em 29 de dezembro, disseram as fontes.

Um de seus advogados, Junichiro Hironaka, afirmou a repórteres em novembro que eles estavam considerando passos para evitar perseguição a Ghosn.

Um porta-voz da Nissan recusou-se a comentar.

A emissora pública japonesa NHK, citando fontes da investigação, afirmou que uma câmera de vigilância colocada pelas autoridades na casa de Ghosn mostrou-o saindo sozinho por volta do meio-dia de domingo e não o mostrou retornando.

Não está claro como Ghosn, que tem cidadania francesa, brasileira e libanesa, foi capaz de orquestrar sua saída do Japão. Ele entrou no Líbano legalmente com um passaporte francês, uma fonte disse à Reuters.

Uma operadora turca de aviões privados afirmou na sexta-feira que Ghosn usou uma das suas naves ilegalmente em sua saída do Japão, com um funcionário falsificando registros de locação para excluir o seu nome dos documentos.

Ghosn tem dito que falará publicamente sobre sua fuga em 8 de janeiro.

Takashi Takano, que também é um dos advogados de Ghosn, escreveu em seu blog, no sábado, que se sentiu irritado e traído quando ficou sabendo da fuga de Ghosn do Japão, mas que sentiu certa compreensão.

"Fui traído. Mas não foi Carlos Ghosn quem me traiu", escreveu em seu blog.

Takano disse que Ghosn não podia se comunicar com sua esposa Carole sem permissão e que o ex-chefe da Nissan também estava preocupado com as chances de ser julgado de maneira justa.

Em 24 de dezembro, Ghosn e sua esposa realizaram uma ligação por vídeo de uma hora, que exigiu a presença de um advogado, e falaram sobre seus filhos, parentes e amigos, escreveu Takano. Takano estava presente na ligação.

Poucas pessoas poderiam fugir como Ghosn, mas, se tivessem os recursos e os contatos, certamente poderiam tentar ou pelo menos considerar a tentativa, escreveu Takano.

Ghosn foi detido pela primeira vez em Tóquio, em novembro de 2018, pouco depois de seu avião privado aterrissar no aeroporto. Ele enfrenta quatro denúncias - que ele rejeita - incluindo ocultação de renda e enriquecimento por meio de pagamentos a concessionárias no Oriente Médio.

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