George Soros: o caçador de tendências que virou bilionário
20 imagens relevam um pouco mais do megainvestidor húngaro de infância conturbada que virou um dos homens mais poderosos do mundo
Tatiana Vaz
Publicado em 17 de maio de 2013 às 08h00.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 15h36.
A capacidade indiscutível de George Soros de identificar tendências onde nem de longe passam os olhos dos outros investidores acabou por fazer dele um dos homens mais bem sucedidos (e admirados) do mundo. Aos 82 anos, George Soros fez sua fortuna por meio dos agressivos fundos hedge e hoje acumula um patrimônio estimado pela Bloomberg em 23 bilhões de dólares, montante que o deixa no 23º lugar no ranking dos bilionários mais ricos do mundo.
Nascido em agosto de 1930, em Budapeste, Gyorgy Schwartz era um dos filhos de uma família judaica de classe média e ainda adolescente quando os nazistas invadiram seu país. Para proteger a família, um ano antes, seu pai criou identidades falsas e o futuro bilionário se tornou George Soros.
Em 1947, depois de sobreviver a ocupação nazista, Soros e sua família fogem para a Hungria Soviética, então dominada pela Inglaterra, e passam a viver em Londres. Lá, em 1952, ele se formou em Economia e Ciências Políticas na Escola de Economia de Londres. Soros sempre afirmou que a noção de sobrevivência daquela época definiu grande parte de suas decisões durante a carreira.
Anos depois, em 1956, ele rumou para Nova York onde fez seu primeiro trabalho de arbitragem. Até 1973, ele já havia ganhado milhões suficientes para fundar seu próprio fundo de hedge, o Quantum, cujo valor patrimonial atingiria estimados 22 bilhões de dólares até 1998, sendo considerado o maior fundo de hedge do mundo.
O megainvestidor ficou famoso por ter ganhado 1 bilhão de dólares em uma só tacada ao apostar 10 bilhões de dólares contra a libra esterlina em 1992 – uma iniciativa completamente fora da curva de todos os outros investidores na época. O gosto pelo risco não o trouxe apenas vitórias. Em 1994, o investidor perdeu 400 milhões de dólares ao apostar contra o iene japonês erroneamente.
Soros é fundador do Quantum Fund, há muito tempo um dos maiores fundos de hedge do mundo, cujo retorno anual chegara a 34% na década de 90. Em 2011, Soros distribuiu parte de seus ganhos aos investidores externos e levou a Soros Fund Management para um escritório familiar, com o intuito de administrar apenas sua fortuna pessoal. Além de seus bilhões, ele ainda cuida da fortuna de suas organizações filantrópicas e investimentos de familiares.
Há anos Soros destina boa parte do que ganha a causas que ele considera nobres, como a promoção da democracia, a liberdade de informação e a ajuda aos desfavorecidos. Calcula-se que mais de oito bilhões de dólares já tenham sido doados por ele, desde 1979, por meio de suas fundações.
Uma das causas defendidas por Soros é a da legalização da maconha. Ele desembolsou 1 milhão de dólares em prol da iniciativa na Califórnia. Nesta imagem, ele discursa durante evento de doação de recursos para a construção e reforma de casas em uma das regiões mais pobres da Romênia.
Apesar da criação judaica, Soros se considera ateu e nunca doou um tostão a Israel até 1985, ao contrário da maior parte dos milionários de origem judaica do mundo. “Ele acredita que os judeus devem atuar nas sociedades em que vivem”, afirma Gur Ofer, professor de economia na Universidade Hebraica de Jerusalém.
Em 2011, depois de quase 40 anos de carreira, Soros decidiu pisar no freio e anunciar sua aposentadoria – antes, distribuiu um bilhão de dólares aos investidores do fundo. Em uma carta, dois de seus cinco filhos afirmavam que o Quantum passaria a aplicar apenas com recursos familiares e não mais com o de terceiros. O motivo da decisão, de acordo com a nota, eram as novas propostas de regulamentação do mercado de fundos de hedge.
O conhecimento sobre volatilidade de moedas acabou fazendo de Soros – além de bilionário - uma referência mundial no assunto. Nesta imagem, ele dá uma palestra em um fórum em Hong Kong, na China, em abril deste ano, sobre como a flexibilização monetária da moeda japonesa poderia desencadear uma depreciação sustentável da moeda.
Engajado com filantropia, Soros tem suas ideias igualmente difundidas e escutadas em discussões sobre problemas sociais e humanitários em organizações públicas e estatais. Nesta imagem, ele aparece com Hillary Clinton em uma conferência cujo objetivo era unir grupos temáticos progressistas nos Estados Unidos.
Com o nome inspirado no livro do filósofo austríaco nacionalizado britânico Karl Popper, autor do clássico A Sociedade Aberta e seus Inimigos, a Open Society Institute foi fundada por Soros para reunir boa parte de suas doações filantrópicas voltadas para equidade e justiça na sociedade. Popper é conhecido pela sua defesa a uma sociedade aberta, uma ideia seguida por Soros, que já chegou a afirmar que tal filosofia era a base de todos os seus negócios.
Suas atividades filantrópicas com foco em países ex-comunistas são sempre ligadas a sua preocupação em aumentar a influência ocidental, de livre comércio e liberdade, nesses locais. O megainvestidor baseia-se na teoria da reflexividade, que defende que as crenças dos investidores alteram os fatos e fazem com que os mercados se alimentem deles próprios. É aí que oportunidades surgem para Soros.
Claro que a fortuna de Soros é fruto do capitalismo. Só que, ao mesmo tempo em que ele sabe como lidar com as regras do jogo, condena o que considera excessos do liberalismo. “A sociedade aberta global não sofre uma ameaça externa de alguma ideologia totalitária que esteja procurando a supremacia mundial. A ameaça vem de dentro”, escreveu ele em um artigo.
Autor de nove livros, Soros foi uma das personalidades mais influentes dos últimos tempos. Em 1995, duas obras retrataram, de maneiras distintas, como o garoto que conseguiu sobreviver ao nazismo se tornou um bilionário. São elas a biografia não-autorizada “Soros, a Vida, os Momentos e os Segredos do Maior Investidor Financeiro”, do jornalista americano Robert Slater, e “Soros on Soros”, um auto-retrato feito sob a forma de entrevistas selecionadas pelo investidor.
Soros não concordava com a política de comando adotada pelo ex-presidente americano George W. Bush. Em seu livro “A era da insegurança”, Soros faz uma análise de como os Estados Unidos, segundo ele, perderam o rumo após os atentados de 11 de setembro e culpa Bush por isso, já que o político teria aproveitado para, na época, lançar sua reeleição, além de ter promovido a “guerra ao terror” a seu favor.
Vira e mexe algumas das doações para causas consideradas por ele como nobres são criticadas com afinco. Em 1997, por exemplo, jornais publicaram que ele estaria por trás da sobrevivência do jornal albanês comunista Koha Jone, que incentivou os golpistas com inflamada propaganda antigoverno. Há dois anos, ele também foi apontado como um dos suspeitos de financiar o movimento Occupy Wall Street, iniciado em Nova York, com protestos contra o sistema financeiro mundial.
Soros foi casado duas vezes, primeiro com Annaliese e depois com Suzan Weber. Ele tem cinco filhos. No ano passado, durante a festa de comemoração de seus 82 anos, anunciou que se casaria com Tamiko Bolton, de 40 anos. A noiva é formada em administração pela Universidade de Miami e cuida de um negócio de yoga pela Internet.
Anos antes, em 2011, a atriz brasileira Adriana Ferreyr, com 28 anos, disse que seu namorado, Soros, com então 80 anos, teria lhe prometido uma casa quando saíam juntos, mas teria dado o bem para outra mulher. Um processo contra o bilionário foi aberto pela brasileira que quer 50 milhões de dólares dele como indenização por agressão em uma suposta briga do casal. Segundo ela, Soros teria tentado estrangulá-la, antes de tentar quebrar um abajour em sua cabeça, em uma discussão entre eles.
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