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Fusão Localiza e Unidas: aval do Cade pode vir só no 2º semestre de 2021

Executivos avaliam ser “muito difícil” que o órgão concorrencial aprove a combinação dos negócios já no primeiro semestre do ano que vem

Localiza e Unidas devem se unir para a maior empresa do segmento no Brasil (Localiza Hertz/Divulgação)

Localiza e Unidas devem se unir para a maior empresa do segmento no Brasil (Localiza Hertz/Divulgação)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 24 de novembro de 2020 às 11h30.

Última atualização em 24 de novembro de 2020 às 11h33.

A Localiza avalia ser “muito difícil” que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprove a combinação dos negócios com a Unidas já no primeiro semestre do ano que vem, de acordo com Mauricio Teixeira, diretor financeiro da companhia.

“Já temos uma minuta e até o fim do ano vamos fazer o protocolo definitivo, quando começa a contar o processo,” disse Teixeira em entrevista. “Considerando o histórico do Cade em casos desse porte, acredito que [a aprovação] é para o segundo semestre” de 2021, disse.

Segundo ele, ainda há pouca visibilidade se algum tipo de remédio deverá ser exigido por parte do regulador.

Os analistas enxergam um longo caminho para a potencial aprovação. O Bradesco BBI vê a decisão do Cade como principal risco ao acordo, enquanto o Credit Suisse acredita que o órgão concorrencial vai exigir remédios “significativos”, especialmente no segmento de rent-a-car.

Antes do anúncio da transação, a Localiza tinha um valor de mercado de cerca de 39 bilhões de reais, enquanto a Unidas valia 11 bilhões.

“Obviamente, o Cade vai avaliar se o mercado mais consolidado entre esses dois players teria algum comportamento prejudicial para o cliente”, disse Nora Lanari, diretora de relações com investidores da Localiza, na mesma entrevista. “O que a gente tem visto é que esse mercado tem crescido muito e tem baixa barreira de entrada”.

Sobre o movimento que algumas montadoras têm feito para atuar nos mercados de locação de veículos e gestão de frotas, Teixeira disse considerar muito difícil que elas se tornem players mais relevantes em rent-a-car, dado que isso demanda uma capilaridade e um serviço a clientes que não estão em seu DNA. Na gestão de frotas, Teixeira vê um caminho mais fácil e diz que não há pressão pela revenda tão frequente do veículo.

Os dois executivos da Localiza citaram a rapidez com que o mercado de locação de veículos se recuperou do choque provocado pela pandemia, com a demanda retomando ou se aproximando dos níveis do ano passado em quase todos os segmentos. “A demanda pelo aluguel se recuperou a níveis pré-pandemia praticamente”, disse Teixeira.

A companhia apresentou resultados que superaram as expectativas dos analistas no terceiro trimestre, com o forte volume de vendas de seminovos sendo impulsionado pela oferta reduzida e aumento de preços por parte das montadoras.

A Localiza disse que a dinâmica tem sido muito parecida no quarto trimestre e espera que haja uma normalização na cadeira produtiva apenas em meados ou no fim do primeiro trimestre de 2021.

As empresas de aluguel de carro têm se beneficiado de uma mudança de cultura da posse para o uso do veículo, um movimento que foi acelerado durante o período de restrição à circulação de pessoas, de acordo com Lanari. A Localiza recentemente lançou um serviço de carro por assinatura, em que o cliente aluga o veículo por um período de tempo maior, sem se preocupar com o custo de manutenção.

“Esse tipo de serviço é uma tendência de mercado e deverá ganhar tração no médio e longo prazo”, escreveu Renato Hallgren, do BB Investimentos, em relatório de 29 de outubro, reiterando a recomendação de compra para a ação.

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