Ford tem queda de 26% nas vendas de veículos na China
Números mostram desafios do mercado chinês que vem desacelerando, mas também problemas da Ford ao redor do mundo
Carolina Riveira
Publicado em 13 de janeiro de 2020 às 13h48.
Última atualização em 13 de janeiro de 2020 às 15h06.
A montadora americana Ford vive tempos difíceis na China . A empresa divulgou nesta segunda-feira que as vendas no país asiático caíram 26% em 2019 na comparação com o ano anterior.
Em 2019, foram vendidos cerca de 568.000 veículos. No quarto trimestre, ente outubro e dezembro, as vendas caíram 15% na comparação com o mesmo período de 2018.
É o terceiro ano consecutivo de queda em terras chinesas: as vendas caíram 6% em 2017 e 37% em 2018.A empresa vende hoje metade do que vendia em 2016, último ano em que as vendas foram positivas.
"2019 foi um ano desafiador para o mercado automotivo chinês e para a Ford na China", disse o presidente da Ford na China, Anning Chen, em nota divulgada pela empresa. "A pressão do ambiente externo e a tendência de queda no volume na indústria vai continuar em 2020, e vamos empregar mais esforços em fortalecer nosso portfólio de produtos com mais produtos com foco no consumidor e experiência do cliente, para mitigar as pressões externas e melhorar a lucratividade", disse Chen. O executivo é o sétimo presidente da Ford na China em um período de apenas sete anos, mostra dos desafios que a montadora vem enfrentando na região.
A empresa, contudo, comemorou ao menos o fato de as vendas do fim do ano terem sido maiores que no terceiro trimestre e o fato de que a queda tem "diminuído". Outra boa notícia foram as vendas de picapes, como o modelo Ford Ranger, que subiram 47% no ano.
Nem só a Ford foi afetada pelo mercado chinês. A General Motors, que tem na China seu principal mercado fora dos Estados Unidos, também anunciou queda de 15% em suas vendas no país em 2019.
O mercado chinês de automóveis vem desacelerando desde meados de 2018, à medida em que a economia passou a crescer menos e levou à redução da demanda dos consumidores no mercado interno.
A associação de montadoras na China (China Association of Automobile Manufacturers, ouCAAM) divulgou também nesta segunda-feira que as vendas de carros no país caíram 8% em 2019. Neste cenário, a associaçãoaponta que as montadoras americanas perderam 1,5 ponto percentual em participação de mercado no país entre janeiro e novembro do ano passado. Juntas, as montadoras americanas têm cerca de 9% do mercado chinês, atrás das montadoras chinesas, japonesas e alemãs.
A Ford divulgou números de vendas no ano também para os Estados Unidos, onde as vendas caíram 3% em 2019 na comparação com 2018. A maior queda está nos veículos populares, cujas vendas caíram mais de 28%.
No Brasil
Os relatórios divulgados hoje não trazem números de venda específicos sobre o Brasil ou a América Latina. Mas o momento da Ford também já foi melhor por aqui.
No país, a montadora passou de terceira marca mais vendida em veículos leves para somente a sexta mais vendida entre 2018 e 2019. A Ford fechou o ano passado com participação de mercado de 8,7% em veículos leves e cerca de 196.300 emplacamentos no acumulado entre janeiro e dezembro, segundo dados da Fenabrave.
No ano passado, a Ford decidiu encerrar as operações de sua fábrica em São Bernardo do Campo, em São Paulo. A planta fabricava caminhões da Ford e o carro popular Fiesta. A empresa continua tendo fábricas em Camaçari, na Bahia, e em Taubaté, no interior de São Paulo.
A líder em vendas de veículos leves no Brasil segue sendo a General Motors, com 19,05% do mercado e quase 431.000 emplacamentos. A GM fabrica o Chevrolet Ônix, carro mais vendido do país por cinco anos consecutivos. Em seguida vem a alemã Volkswagen, que tem 15,5% do mercado, seguida pela francesa Renault em terceiro e a coreana Hyundai em quarto.
A Ford teve em 2018 prejuízo de 1,5 bilhão de dólares em todos os seus mercados, mais de 500 milhões de dólares em prejuízo só na China. A expectativa para os números de 2019 é reduzir o prejuízo pela metade. A Ford divulga em fevereiro os resultados financeiros de 2019 e do quarto trimestre.