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Ford aposta em carros híbridos para obter ajuda do Congresso dos EUA

CEO da montadora também aceitou cortar seu salário anual para apenas 1 dólar em 2009, para sensibilizar o Congresso americano a aprovar ajuda

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

Transformar a Ford em uma montadora líder em carros híbridos e elétricos é o principal argumento de sua diretoria para convencer o Congresso americano a aprovar um pacote de ajuda às montadoras do país. No caso da Ford, a esperança é obter a autorização parlamentar para um empréstimo-ponte de 9 bilhões de dólares, bancados com recursos federais. Os planos da montadora também incluem 14 bilhões de dólares em investimentos nos próximos sete anos para que seus veículos sejam 36% mais eficientes no consumo de combustíveis do que eram em 2005.

Segundo o The Wall Street Journal, o plano que deve ser apresentado aos parlamentares na próxima terça-feira (9/12) afirma que a montadora será reestruturada para operar lucrativamente mesmo no atual cenário de crise mundial, apresentar resultados otimistas nos próximos balanços, e adaptar a linha de produtos aos novos interesses dos consumidores.

O plano de recuperação trabalha com um cenário de vendas abaixo do patamar histórico dos Estados Unidos até 2011. Neste ano, a Ford estima que o mercado americano absorva um total de 13,5 milhões de veículos, ante 16 milhões no ano passado. Para 2009, o nível deve ser ainda menor, 12,5 milhões, subindo para 14,5 milhões em 2010 e 15,5 milhões em 2011.

Foco verde

O executivo-chefe da companhia, Alan Mulally, deve afirmar aos parlamentares que a Ford está acelerando o desenvolvimento de veículos híbridos e elétricos. Nesta segunda-feira (1/12), Mulally informou que os planos são de lançar carros híbridos e elétricos em 2011, incluindo uma van movida à bateria elétrica e um sedã compacto. Em 2012, a montadora também espera lançar um veículo que pode ser recarregado em uma rede própria de energia.

Já o presidente do conselho de administração da montadora, William Ford Jr., disse que a empresa está procurando oportunidades além de sua própria sobrevivência. "Queremos nos tornar uma companhia global, verde e de alta tecnologia, exatamente quando o país e a administração Obama esperam", afirmou.

Um dos pontos mais criticados pelo Congresso americano é o pacote de benefícios à alta administração das grandes montadoras do país. Esse tem sido um fator de resistência para que os parlamentares aprovem uma linha de socorro de 25 bilhões de dólares, como querem as empresas e o presidente eleito, Barack Obama. Para sensibilizar o Congresso, Mulally, da Ford, declarou que está disposto a trabalhar 2009 por um salário anula de apenas 1 dólar, caso sua empresa receba a ajuda oficial. De acordo com o WSJ, trata-se de uma mudança considerável do executivo. Há um mês, durante um depoimento no Congresso, Mulally foi questionado sobre se abriria mão de seu salário em troca do salvamento da companhia. "Acho que estou bem onde estou", foi a resposta. No ano passado, o executivo embolsou 21,67 milhões de dólares, entre salários e bonificações.

Em outro ato simbólico, Mulally planeja chegar a Washington dirigindo um Ford Escape, modelo híbrido. Os congressistas americanos lançaram pesadas críticas ao fato de, em um momento de dificuldades para as montadoras, seus principais executivos deslocarem-se apenas em jatos particulares.

Outros planos

As outras duas maiores montadoras americanas - General Motors e Chrysler - também devem apresentar seus planos de recuperação ao Congresso na próxima terça. As propostas deverão enfatizar o corte de custos, redução da estrutura e reforçar a aposta em carros ecologicamente corretos, como os híbridos que funcionam com energia elétrica.

A GM deve destacar seus esforços para equacionar as pesadas dívidas, além de assinalar que pode vender uma de suas oito marcas. A mais provável à venda, segundo WSJ, é a Saab. O presidente executivo da montadora, Rick Wagoner, também aceitou ganhar apenas 1 dólar de salário em 2009, como gesto de boa vontade para quebrar a resistência dos parlamentares.

O salário simbólico também foi aceito por Robert Nardelli, principal executivo da Chrysler. A montadora deverá destacar, ainda, que necessita da ajuda do Congresso para estabilizar seu caixa. Eventualmente, a montadora pode buscar uma aliança com um ou mais concorrentes estrangeiros.

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