(Dhiraj Singh/Bloomberg/Getty Images)
Marina Filippe
Publicado em 13 de julho de 2021 às 06h53.
Última atualização em 13 de julho de 2021 às 07h01.
A empresa indiana de e-commerce Flipkart recebeu 3,6 bilhões de dólares em uma rodada de investimento que teve participação do Softbank na segunda-feira, 12. A companhia, que pertence ao Walmart, passa a ser avaliada em 37,6 bilhões de dólares.
Em 2018, quando o Walmart comprou 77% da operação, a Flipkart valia 16 bilhões de dólares. Ou seja, menos da metade do montante atual. O momento marca também a volta do Softbank, que 20% da sua participação na época da compra pela gigante americana.
Veja alguns dos motivos da alta valorização em poucos anos.
Nos últimos três meses de 2020, o setor de e-commerce da Índia cresceu 36% ao ano em volume e 30% ao ano em valor, de acordo com um relatório da Unicommerce e Kearney. O segmento de eletrônicos, por exemplo, um dos principais para a Flipkart registrou crescimento de 27% em volume em 2020.
Além disso, a empresa indiana tem o mercado local com enorme potencial de expansão. “Este movimento dos principais investidores globais reflete a promessa do comércio digital na Índia e sua crença na capacidade da Flipkart de maximizar esse potencial para todas as partes interessadas”, disse em comunicado Kalyan Krishnamurthy, CEO da Flipkart.
A aquisição pela Walmart impulsiona os negócios da Flipkart de modo a ser ainda mais interessante para investidores. Mas, o comércio local é essencial para que o negócio dê certo.
Enquanto a concorrente Amazon encontra dificuldades regulatórias para companhias estrangeiras, a Flipkart tenta minimizar esses impactos ao fazer parcerias relevantes com empresas locais, como é o caso do Grupo Adani, conglomerado do bilionário Gautam Adani. O mais recente acordo é para a construção de um armazém e data center.
Segundo a The Economist, empresas fundadas ou controladas em outros países são impedidas de manter estoques no país, bem como outras vantagens regulatórias que favorecem a concorrente Reliance Retail, a varejista indiana fundada em 2006, e que faturou 21,4 bilhões de dólares em 2020.
A Flipkart já afirmou ter mais de 350 milhões de usuários registrados e 300 mil vendedores ativos nas suas plataformas.
A maior parte deles vem de cidades com pouco nível de penetração em vendas digitais, o que favorece a expansão dos negócios na próxima década. Por causa disso, a companhia busca também inserir as pequenas mercearias e varejos no e-commerce. A estratégia de se aliar aos comércios amplia a base de produtos vendidos bem como a área de cobertura do varejo.
A pandemia fez com que muitos indianos comprassem alimentos online pela primeira vez. Neste cenário a Flipkart se destaca na busca de mais pontos de contato. No último trimestre de 2020, a categoria cresceu 94% quando comparado ao mesmo período do ano anterior. Este foi o maior crescimento registrado nas diferentes categorias de varejo, segundo relatório da Unicommerce.
Em 2016 a companhia adquiriu a PhonePe, empresa de meio de pagamentos digitais e serviços financeiros. O aplicativo é um dos mais usados pelos indianos e compete diretamente com ferramentas como o Google Pay.
Ter esse tipo de serviço junto ao varejo faz com que a Flipkart consiga oferecer condições de pagamentos diferenciados quando comparado aos concorrentes.
Esse modelo é um tipo de aposta também no Brasil quando, por exemplo, o Magazine Luiza anuncia investimentos como a carteira digital MagaluPay.
Os analistas preveem que a Flipkart faça um IPO até o próximo ano. A empresa busca uma avaliação de 50 bilhões de dólares para sua listagem pública e tem negociações nos Estados Unidos, segundo a Reuters.
O movimento reforça a Índia como um interessante país para os investidores que miram na Flipkart e em startups que anunciam planos de abrir o capital para lucrar com a liquidez de fundos estrangeiros.
Um exemplo disto é o fato de haver 3,6 bilhões de dólares em IPOs na Índia no primeiro semestre de 2021, ante 1,1 bilhão de dólares no mesmo período do ano passado, de acordo com dados do Refinitiv.
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