Fintech para fornecedores do governo, bitgov capta R$ 8,1 milhões para ganhar mercado
Com o dinheiro, startup vai evoluir a tecnologia para aprimorar os modelos de ratings de crédito e na ampliação das fontes de coleta de dados
Repórter de Negócios
Publicado em 22 de novembro de 2023 às 08h08.
Última atualização em 22 de novembro de 2023 às 08h08.
Uma palavra está no topo das atenções das empresas fornecedoras de órgãos públicos: recebível. Instrumento muito comum na iniciativa privada, também é usado por governos para contratos com prestadores de serviço. É o valor que o governo deve e que está por entrar nas contas do negócio, mas que, às vezes, pode demorar algumas semanas - ou até meses. Sem dinheiro em caixa, muitas empresas tinham dificuldade de fazer a operação girar e, em alguns casos, até de entregar o que era contratado.
Para resolver esse problema, o governo já entregou algumas soluções, como o AntecipaGov. Nesse programa, fornecedores que possuem contratos ativos com órgãos da Administração Pública Federal podem solicitar a antecipação de crédito no valor máximo de 70% do que ainda têm a receber.
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O que é antecipação de recebíveis? Como fazer, vale a pena?
A startup de Brasília bitgov também atua nessa área. Além de fornecer crédito para antecipação de recebíveis, a fintech também usa dados públicos dos portais de transparência para fazer análise de crédito de fornecedores do governo.
Agora, acaba de receber um aporte de 8,1 milhões de reais para expandir e ganhar mercado. O aporte foi realizado pela Bertha Capital, gestora de investimentos que conecta corporações ao mercado de capitais e startups, por meio do recém-lançado Fundo Inova XII.
A ideia, com o dinheiro, é evoluir a tecnologia da startup para aprimorar os modelos de ratings de crédito e na ampliação das fontes de coleta de dados.
O que faz a bitgov
Fundada há menos de um ano e com projeção de faturamento de 450.000 reais em 2023, a bitgov trabalha para ser um banco de fornecedores de governos.
Eder Freddi, um dos fundadores do negócio, trabalhava com tecnologia desde os tempos de faculdade, em 1997. Em 2001, passou a trabalhar num marketplace de construção civil para B2B. Depois, trabalhou em alguns órgãos públicos e em outras empresas digitais até entrar na Memora, uma empresa que desenvolvia soluções em gestão de processos para clientes públicos e privados. Foi aí que pegou experiência com contas públicas e começou a pensar num produto para fornecedores governamentais. Foi o embrião da bitgov.
“A empresa que fornece para o governo tem necessidade de caixa. É uma dor dela”, diz Freddi. “Existe, do lado de algumas instituições financeiras, um grande preconceito para dar crédito a uma empresa que depende dos recebíveis do governo, porque elas têm dificuldade de saber a qualidade desse recebível e o risco de crédito da operação”.
Desde o início, então, a bitgov focou em usar os dados públicos para facilitar essa análise de crédito, ao passo que trabalhou para, também, antecipar esses recebíveis aos negócios que precisam. Hoje, a empresa se posiciona como um bureau de serviços.
“Fazemos análise das empresas que fornecem para o governo, e a qualificamos melhor”, diz. “Um CNPJ que fornece o governo tem dados públicos. Normalmente as transparências tornam públicas as licitações. Algumas publicam até nota fiscal. Aqui, coletamos informações e analisamos o histórico da empresa: se ela vem ganhando licitações, se vem recebendo, se são contratos de receitas correntes ou não. Conseguimos fazer tudo isso e, também, antecipar os recebíveis”.
“Quando a mesma empresa que está tomando crédito vai ao banco tradicional, ele vê se ela tem liquidez, independente se o cliente é governo ou não”, afirma. “Aqui, a gente olha tudo: o balanço, a relação com o cliente, vê se os contratos estão crescendo ou diminuindo”.
Como o aporte será usado
O aporte está focado, essencialmente, na expansão do negócio. O objetivo é que, até o ano que vem, estejam movimentando acima de 200 milhões de reais pela plataforma.
Esse é o primeiro investimento recebido pelo bitgov. A expectativa é que a solução da startup continue sendo desenvolvida e passe a atender também outros nichos do mercado financeiro, como fundos e bancos de operação pessoa jurídica, bureaus de dados e o segmento empresarial que atende ao Governo.
Para Rafael Moreira, CEO e fundador da Bertha Capital, que viabilizou o aporte, a startup foi escolhida para receber o cheque pela área em que atua. A Bertha conecta corporações ao mercado de capitais e startups. Ou seja, se um negócio quer investir em startups, pode fazê-la por meio dos fundos da empresa. E um desses fundos é de fintechs.
“Olhamos tudo que envolve crédito, e a antecipação de recebíveis estava no nosso radar”, diz Moreira. “Procuramos uma equipe multidisciplinar e, depois de uma longa análise, vimos que dava para investir em análise de crédito e recebíveis de uma única fez. Por isso, fizemos o aporte na bitgov”.
Além de fintechs, a Bertha tem fundos com teses em
- Indústria 4.0
- Bioeconomia
- Cadeia de suprimentos
- Games e Web 3
- Mobilidade
- Saúde
- Agronegócio