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Em 3 anos, 31% dos CVCs dos EUA sumiram. Um expert de Stanford elenca erros no contato com startups

O professor Ilya A. Strebulaev estuda o mercado de inovação há mais de 20 anos e diz que a falta de compreensão de líderes das companhias-mãe é a razão principal para fracasso de CVCs. O cenário melhorou nos últimos anos, mas há muito a avançar

Ilya A. Strebulaev, de Stanford:  é muito importante que os executivos das grandes corporações entendam quais são os interesses (Oxygea/Divulgação)

Ilya A. Strebulaev, de Stanford: é muito importante que os executivos das grandes corporações entendam quais são os interesses (Oxygea/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 22 de novembro de 2023 às 11h24.

Última atualização em 22 de novembro de 2023 às 12h16.

O mercado de Corporate Venture Capital (CVC) cresceu no ecossistema de inovação como um meio para conectar corporações com startups, estimulando a troca de oxigênio para a geração de novos negócios ou fechar gargalos que as grandes companhias não conseguiam cobrir sozinhas. Uma expansão que poderia ser maior, não fosse os desafios que o setor encontra nas próprias corporações. 

A afirmação é do professor Ilya A. Strebulaev, especialista em venture capital e inovação da universidade de Stanford, nos Estados Unidos. “Em primeiro lugar, o que descobrimos é que a maioria dos programas das corporate venture capital não tem muito sucesso”, afirma. O economista russo-americano estuda há mais de 20 anos a evolução dos ecossistemas de inovação.

O principal motivo que aparece nos estudos do pesquisador é a falta de compreensão da liderança da companhia por trás do fundo sobre os benchmarks e os objetivos do novo ecossistema - ou seja, os executivos em posições de C-level e diretoria da 'companhia-mãe' precisam conhecer as estratégias e os caminhos que o fundo irá percorrer. Tanto no mercado americano quanto globalmente, o indicador aparece em 60% das respostas dos líderes de CVCs entrevistados.

Em outro estudo, o professor acompanhou fundos de corporate venture capital de companhias que estão na S&P 500, o conhecido indicador da Standard & Poor 's para as ações large cap dos EUA. Entre 2020 e 2023, 31% dos CVCs foram dissolvidos ou pararam os seus investimentos. Por trás, encontrou a mesma motivação. 

“É o principal fator para explicar porque determinado CVC não sobreviveu. Não é o único aspecto, mas de longe o fator mais importante. Então, se você deseja que o fundo de CVC sobreviva, se você está dentro de uma grande corporação, é muito importante que seus executivos realmente entendam quais são os interesses”, afirma.​ De acordo com ele, a dinâmica dessa relação tem melhorado ao longo dos anos, mais há espaços para mais avanços. 

O professor participou virtualmente do Forward Oxygea, evento organizado nesta terça, 21, para marcar o primeiro ano do Corporate venture capital da Oxygea, da Braskem. O fundo foi criado com capital de US$ 150 milhões para investimentos em startups, tanto nacionais quanto internacionais, que ofereçam soluções para os desafios da companhia em sustentabilidade, uso adequado dos recursos naturais e novas possibilidades de mercado.

As estruturas de votação

Segundo o especialista, os fundos também precisam se preocupar com o modelo de votação para as escolhas das startups que serão investidas. Em muitos casos, a decisão final fica para os executivos da companhia-mãe do CVC, que não são necessariamente os profissionais com o conhecimento necessário para avaliar as startups com maior potencial . A ausência de um grupo diversos de votantes no momento da seleção aparece como o segundo fator responsável pelo fracasso dos fundos. 

Um passo importante neste processo, defende Strebulaev, é a definição na origem da estrutura e do design do fundo. As companhias precisam ter alinhados pontos-chave sobre:

  • Motivações para a criação do veículo
  • Clareza de objetivos
  • A definição das métricas que pretendem que sejam alcançadas 

“O fundo CVC é um instrumento muito importante que as grandes corporações podem usar como uma janela para o exterior. São instrumentos para o que a inovação interna da companhia, o relacionamento com os parceiros comerciais tradicionais e as conversas com os órgãos reguladores não podem realizar. Se forem corretamente projetados, eles podem alcançar esse objetivo”, afirma. 

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