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Fim da hegemonia? GM tem liderança ameaçada pela primeira vez em 5 anos

Desde 2016, a montadora americana nunca esteve tão perto de perder a dianteira do mercado

Chevrolet reinou absoluta nos últimos quatro anos no país (David Paul Morris/Bloomberg/Getty Images)

Chevrolet reinou absoluta nos últimos quatro anos no país (David Paul Morris/Bloomberg/Getty Images)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 9 de dezembro de 2020 às 06h00.

Última atualização em 9 de dezembro de 2020 às 16h31.

Pela primeira vez em cinco anos, a General Motors está de fato ameaçada de perder a liderança do mercado automotivo brasileiro. Foram mais de 50 meses consecutivos de hegemonia graças ao sucesso do compacto Onix. No entanto, o jogo mudou em meio à pandemia e a alemã Volkswagen emerge como uma real ameaça à marca americana.

No acumulado de janeiro até a última segunda-feira, 07, a diferença de participação de mercado entre a Chevrolet e a Volks era de apenas 0,42 ponto percentual, segundo levantamento da consultoria especializada Bright Consulting a pedido da EXAME. Nos anos anteriores, essa distância era de no mínimo 3 pontos percentuais, o que na indústria automotiva brasileira pode significar muitas "colocações" de diferença.

Na dinâmica do setor, as marcas podem optar por reforçar as vendas diretas (para frotistas) ou concentrar esforços no varejo. Segundo a Bright, de janeiro a novembro a Volks acelerou as vendas diretas, que representaram metade do total emplacado pela companhia no período.

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Já a GM, de acordo com a consultoria, intensificou sua atuação no varejo ao longo da pandemia, fato confirmado pelo presidente da montadora em entrevista recente à EXAME. "Em novembro, a GM até  concentrou mais esforços na venda direta, mas tirou o pé do acelerador em dezembro", afirma Murilo Briganti, diretor de produto da Bright.

No acumulado até novembro, as vendas corporativas da Chevrolet somaram cerca de 35% do total emplacado pela empresa no país, conforme levantamento da Bright.

Em nota, a GM informou que "o foco da Chevrolet no mercado brasileiro é o varejo, onde a marca lidera com 20%, cerca de 6 pontos percentuais à frente do segundo colocado, considerando a venda de carros de passeio e comerciais leves no acumulado do ano." A Volkswagen confirmou que suas vendas corporativas "são mais de 50% do total" emplacado pela companhia de janeiro a novembro.

Na reta final de 2020, em meio a essa disputa acirrada, as montadoras trabalham para atender principalmente as locadoras, que registram um aumento da demanda devido às festividades de Natal e Réveillon. No entanto, toda a indústria automotiva está sofrendo com falta de peças ocasionada pelo desequilíbrio da cadeia produtiva global.

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No início da pandemia, as vendas domésticas e as exportações de veículos tiveram uma queda drástica. Os estoques no setor chegaram a quase 50 dias. Neste cenário, as empresas de toda a cadeia automotiva precisaram reformular suas estratégias e reduzir o ritmo de produção.

O que as montadoras não contavam era a retomada inesperada da demanda: sem estoques de peças e com pessoal reduzido, elas vêm apresentando dificuldades para acompanhar o novo ritmo do mercado. Com isso, o varejo passou a registrar falta de produtos e as locadoras relataram atrasos de até 6 meses nas entregas dos pedidos, quadro que persiste até hoje.

A partir de agora, as entregas principalmente no segmento de vendas diretas podem pesar na definição da liderança do mercado brasileiro.

Ameaça extra

A briga pela liderança entre a Chevrolet e a Volkswagen tem ainda uma ameaça extra: a aproximação da Fiat. De janeiro a novembro, a marca italiana está apenas 0,4 ponto percentual atrás da Volkswagen.

No mês passado, a Fiat ultrapassou a GM em market share de automóveis e comerciais leves e liderou o mercado brasileiro no período. A estratégia da montadora italiana também inclui força na venda direta.

Como o mês de dezembro tem menos dias úteis, a disputa deve ficar mais acirrada antes do recesso de Natal e Ano Novo. Os números da Fenabrave mostram que o compacto Onix continua líder disparado nas vendas de automóveis, mas em comerciais leves a Fiat reina absoluta com as picapes Strada e Toro. Volkswagen se fortalece com Gol, T-Cross e Polo somados.

A liderança do mercado em 2020 se mostra, pela primeira vez em anos, imprevisível. Em meio à pandemia e à queda drástica da receita, a escolha entre volume ou rentabilidade parece ainda mais difícil.

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