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Filho de produtor de abacaxis do interior de MG, ele criou franquia de sorveterias de R$ 600 milhões

Isaias Bernardes é presidente da Chiquinho Sorvetes, rede de sorveterias com foco em cidades do interior que em 2022 faturou R$ 600 milhões

Isaias Bernardes de Oliveira_presidente da Chiquinho Sorvetes: faturamento de R$ 603 milhões com 700 sorveterias pelo país (André Polvani/Chiquinho Sorvetes/Divulgação)
MC

Maria Clara Dias

Publicado em 17 de janeiro de 2023 às 10h00.

Última atualização em 19 de janeiro de 2023 às 10h44.

Algumas famílias se orgulham em compartilhar traços de personalidade, o sotaque carregado ou até mesmo uma inclinação para o esporte. Na família de Isaias de Oliveira, esse traço em comum — e repassado a diferentes gerações — é o desejo de empreender. Ainda jovem, ele teve o incentivo de seu pai, um então empreendedor e agropecuarista na região de Frutal, em Minas Gerais, para se enveredar pelo caminho do empreendedorismo. Atualmente, ele é CEO da Chiquinho Sorvetes, rede de sorveterias com faturamento de 603 milhões de reais em 2022.

Como começou o negócio

A Chiquinho Sorvetes, fundada em 1980, nasceu do desejo de Oliveira de atender a um hábito comum em cidades do interior: os encontros casuais à beira da calçada, em especial em mesinhas e cadeiras com algum petisco para consumir no meio tempo. Sem muitas opções de lazer em uma cidade de poucos habitantes, os encontros em sorveterias e outros espaços de alimentação eram o principal entretenimento na época. “Era comum vermos pais levando as crianças, casais de namorados passeando pelas ruas. Ir à sorveteria era um momento de lazer”, lembra o empreendedor. A loja foi batizada em homenagem ao pai de Isaias, Francisco Bernardes.

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A primeira sorveteria, de apenas quinze metros quadrados, veio após o investimento inicial de seu pai, um produtor de abacaxis e pecuarista. Bernardes tinha apenas 18 anos. “Meu pai se preocupava muito com o meu futuro em uma cidade pequena, e decidiu apoiar esse meu primeiro negócio. Foi o idealizador e investidor de algo que cuidei com muita dedicação”, diz.

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Como a empresa cresceu

Sem qualquer experiência gerencial, Bernardes aprendeu a duras penas a conduzir o negócio, especialmente afetado pela sazonalidade do mercado de sorvetes – sem calor, dificilmente as vendas do produto vão bem. A solução foi buscar a expansão fora do interior de Minas Gerais.

Em 1985, a Chiquinho Sorvetes abriu a segunda loja na cidade de Guaíra, a 40 quilômetros da cidade de Barretos, em São Paulo. A partir daí, a empresa começou um denso processo de expansão focado em cidades do interior.

As primeiras unidades foram adquiridas abertas por amigos e familiares, num modelo que se manteve até 2010 e resultou na abertura de 80 unidades em diferentes cidades do país. “Eu tinha 15 unidades, outros familiares tinham 10, alguns oito, outros cinco. Criamos e sempre priorizamos essa estrutura familiar", diz.

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Início das franquias

Um modelo já azeitado de gestão e a capilaridade do grande número de unidades permitiram à Chiquinho Sorvetes se aventurar no universo do franchising. Desde 2018, a rede passou a apostar na abertura de franquias por empreendedores dispostos a levar os sorvetes e o DNA familiar da rede em grandes capitais.

Atualmente, a rede mantém cinco diferentes modelos para os franqueados:

Em 2021, foram quase 100 inaugurações, e um faturamento de 470 milhões de reais. No ano seguinte, a rede teve receita de 500 milhões de reais, e 765 lojas em funcionamento.

Os planos da Chiquinho Sorvetes para o futuro

Como diferenciais do negócio e possíveis justificativas para o bom desempenho mesmo em tempos amargos para a economia, Bernardes destaca o foco no produto. Por lá, as receitas para a bebida láctea, item que dá origem aos sorvetes, é uma patente valiosa para a empresa. “Sempre nos dedicamos à criação de receitas próprias. Desenvolvemos, testamos, erramos e acertamos, tudo isso sem parar, e em busca da melhor receita”.

Trazer a maior quantidade de serviços para dentro de casa também foi uma solução para crescer. A Chiquinho Sorvetes conta com uma agência de publicidade própria, dedicada à programação das ações de divulgação da marca, de desenvolvimento de campanhas e publicações em redes sociais. Além disso, tem um escritório próprio de arquitetura, com 15 arquitetos que trabalham em projetos de abertura e readaptação de lojas. Tudo isso, na ponta, é oferecido como serviço adicional aos futuros franqueados. “Hoje a Chiquinho Sorvetes é estrutura, mas também é serviço”, diz.

Para o futuro, está no plano a venda de software de gestão de varejo para outras redes. “Estamos prontos para atender ao mercado”. “A Chiquinho não está pronta. Temos muito a crescer. Nossos processos de estrutura e gestão estão sempre melhorando”, diz. Junto a isso está o desejo de apostar em ainda mais inaugurações em 2023 —  pelo menos 90 lojas devem ser abertas. Já as receitas devem ficar na casa dos 725 milhões, 20% a mais do que no ano passado. “Nosso foco em expansão é agressivo, mas tudo feito com estrutura".

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