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Fiesp recebe Mercedes, Louis Vuitton e Nestlé para debater Amazônia

Federação das indústrias de São Paulo recebe líderes de grandes empresas para falar das consequências das queimadas para os negócios

Amazônia: um grupo de 181 presidentes de empresas americanas lançou manifesto defendendo a boa relação com clientes e comunidades (Bruno Kelly/Reuters)

Amazônia: um grupo de 181 presidentes de empresas americanas lançou manifesto defendendo a boa relação com clientes e comunidades (Bruno Kelly/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 2 de setembro de 2019 às 06h13.

Última atualização em 2 de setembro de 2019 às 06h33.

São Paulo — Um grupo de executivos de grandes multinacionais será recebido nesta segunda-feira pelo presidente da Fiesp,a federação das indústrias de São Paulo, Paulo Skaf, para falar sobre queimadas e desmatamento.

Estão na lista os comandantes das operações brasileiras de Mercedes-Benz, Louis Vuitton, Casino e Nestlé. O objetivo principal da Fiesp não é alinhar ações em defesa da Amazônia, mas, segundo informa a Folha, mostrar que a crise ambiental está sendo transmitida com sensacionalismo.

Os industriais de São Paulo não estão, claro, do lado do fogo. Mas podem perder a oportunidade de mostrar uma visão moderna de capitalismo e sustentabilidade. Executivos e empresários mundo afora têm sido cada vez mais cobrados para se posicionar sobre temas que vão além do lucro e abarcam também a defesa da sustentabilidade e de questões sociais como diversidade e defesa das minorias.

São pautas que há décadas vinham entrando, pouco a pouco, no radar das grandes empresas — mas o avanço de discursos políticos divisivos fez com que alguns empresários decidissem reafirmar sua posição com mais ênfase.

Há duas semanas um grupo de 181 presidentes de grandes empresas americanas, entre elas JP Morgan, Amazon e Apple, assinou um manifesto afirmando que o lucro não é o maior propósito das companhias.

As empresas, reunidas numa organização chamada Business Roundtable, afirmam que o compromisso com os consumidores, os empregados, os fornecedores e as comunidades vêm primeiro.

Segundo o grupo, que desde 1997 colocava o lucro como prioridade, “investir nos trabalhadores e comunidades é a única forma de ser bem sucedido no longo prazo”.

No Brasil, dois grandes empresários se manifestaram nas últimas semanas de forma contundente a favor de pautas sociais e ambientais. Pedro Moreira Salles, sócio do Itaú e controlador da mineradora CBMM, afirmou, em evento, que “a solução para desatar o nó da nossa produtividade passa por universidades públicas autônomas e de qualidade, onde as ideias circulam livremente”. O governo, como se sabe, vem sendo criticado por sua postura frente à educação e à ciência.

Em comemoração aos 50 anos da fabricante de cosméticos Natura, na sexta-feira, seus sócios se posicionaram a favor do meio-ambiente, uma das bandeiras da empresa. “Preferia que tivéssemos mais uniformidade numa visão de governo que incluísse no modelo econômico o desenvolvimento social e ambiental”, disse a EXAME Pedro Passos, um dos fundadores da companhia.

Em entrevista ao jornal O Globo neste domingo, Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, afirmou que há um retrocesso da democracia no Brasil, com o questionamento de valores, e a defesa de preconceitos que vão “de questões raciais à misoginia e ao obscurantismo”.

Para Fraga, Passos, Moreira Salles e para CEOs de 181 gigantes do capitalismo americano, ruídos em pautas sociais e ambientais afetam os negócios, os investimentos e o desenvolvimento e econômico. É neste contexto que os debates sobre as queimadas na Amazônia deveriam acontecer.

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