A mineradora australiana BHP que apenas 23% das negociações do volume total de minério de ferro foram fechados com base no preço de contrato, que prevê queda de 33% - o índice fechado é diferente do da Vale (-28%). Outros 30% dos contratos foram fechados por meio de um mix entre a redução anual e os valores do mercado à vista (spot). As negociações dos 47% restantes ainda não estão concluídos, o que inclui principalmente os clientes chineses.

Na avaliação da Fator Corretora, o anúncio da BHP representa uma significativa "ruptura" com o modelo de negociações anuais de preço. Há muitos anos o mercado de minério de ferro têm seus reajustes negociados nos meses de abril de cada ano. O modelo foi parcialmente quebrado no ano passado, quando a Rio Tinto e a BHP conseguiram reajustes superiores aos fechados pela Vale.

Agora, com um número maior de contratos fora desse modelo de reajuste anual, a Fator Corretora vê uma das negociações para o sistema de mercado, o que abre o caminho para a criação de derivativos de minério de ferro. "A notícia é positiva, pois o preço de minério de ferro tenderá a se tornar mais próximo do mercado à vista, mas tornará os resultados [das mineradoras] mais voláteis", anotou a corretora.

Para as siderúrgicas, no entanto, a Fator considera que a notícia não é boa. A nova realidade trará o desafio de conviver com a volatilidade de custos e obrigará as empresas do setor a se proteger dessas variações.

Ainda não existe uma previsão para a conclusão de todas as negociações entre as mineradoras e as siderúrgicas chinesas. Até o momento, a China não abre mão de uma redução maior do que a acertada com as demais empresas do setor. Já as mineradoras descartam aceitar um desconto maior para os chineses.