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Falta de tripulantes provocou atrasos nos voos da Gol

Companhia atribuiu pane ao software que organiza a escala da tripulação, mas analistas afirmam que é apenas uma desculpa

Gol: companhia precisa aumentar o número da tripulação para evitar novo apagão (.)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

São Paulo - Apesar da aparente melhora nos atrasos e cancelamentos dos voos Gol, a situação ainda está longe de uma solução. Nos primeiros dias de agosto, a companhia respondia por 70% dos voos atrasados em todo o país. Em comunicado enviado na noite de quarta-feira (4/8), a Gol apresentava apenas 2% do voos com atraso, às 18h.

O diretor de relações institucionais da Gol, Alberto Fajerman, disse ao site EXAME que o apagão foi resultado de três problemas: aumento de 6% no número de decolagens em julho decorrente das férias, maior número de dispensas médicas da tripulação e falha no software que organiza a escala dos funcionários, instalado há dois meses.

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O caos expôs atritos entre o Sindicato dos Aeronautas e a Agência Nacional de Aviação Civil, que fiscaliza o setor. Segundo o sindicato, a Anac ignorou as denúncias sobre o excesso de horas trabalhadas. De acordo com a lei brasileira, a tripulação pode trabalhar até 85 horas mensais.

Prática comum, apesar de irregular

Um piloto da Gol, com anos de casa, disse ao site EXAME que é prática comum do mercado exceder o limite de horas voadas. "Já fui pressionado a voar além dos limites, mas não aceitei. Não existe represália para quem nega", afirma. "Como nós ganhamos por hora de voo, alguns colegas cedem e ultrapassam jornada." Segundo ele, alguns pilotos até voltaram de férias para alguns voos.

Para resolver a situação, o Ministério Público Federal enviou ofícios a Gol, a Anac e a Infraero pedindo informações sobre os problemas que causaram atrasos nos voos.

Analistas do setor acreditam que a falha do software se trata de uma desculpa para desviar a atenção do verdadeiro problema: o baixo número de tripulantes. A Gol nega e afirma que não pretende contratar mais funcionários, além dos previstos.

O problema, segundo analistas, era uma tragédia anunciada. Isso porque o software responsável pela programação deveria ter um acompanhamento mais minucioso da equipe técnica, que poderia ter previsto a falha. Além disso, a Gol realizou uma série de fretamentos excessivos com companhias aéreas, sem que houvesse tripulação suficiente.

Para desafogar os passageiros que amargam nas filas dos aeroportos, a Gol usará cinco aeronaves de fretamento, como o Boeing 767, com capacidade para cerca de 230 passageiros.

Segundo analistas, trata-se de uma medida emergencial e paliativa. A situação será normalizada com as novas aeronaves nos próximos meses por se tratar de um período em que o número de vôos diminui. A saída é aumentar o número da tripulação para evitar um novo colapso em dezembro, quando, mais uma vez, chega o período de férias.

Assista ao video a seguir:

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