Falta de chips automotivos eleva custo estimado para US$ 110 bilhões
Montadoras mundiais deixarão de produzir 3,9 milhões de veículos devido à escassez de chips neste ano
Bloomberg
Publicado em 14 de maio de 2021 às 10h32.
Com a piora da crise de semicondutores, o impacto na indústria automotiva global também é mais forte: o custo estimado sobre as vendas quase dobrou para US$ 110 bilhões em relação à previsão anterior de US$ 61 bilhões.
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Essa é a avaliação mais recente da AlixPartners, consultoria global que monitora de perto a crescente crise. Agora a consultoria também diz que as montadoras mundiais deixarão de produzir 3,9 milhões de veículos devido à escassez de chips neste ano, mais do que a previsão de 2,2 milhões há quatro meses. O número corresponde a cerca de 4,6% dos 84,6 milhões de veículos que a AlixPartners havia projetado para a produção total em 2021.
Montadoras divulgaram alertas sobre o agravamento da crise de chips durante a temporada de balanços nas últimas semanas. Tanto a Ford quanto a General Motors estimaram que o segundo trimestre seria o pior, pois tiveram que paralisar fábricas por falta dos componentes essenciais. Mas o setor não deve ver sinais de recuperação antes do fim do ano, segundo a AlixPartners.
“Ainda está impactando profundamente o terceiro trimestre”, disse Mark Wakefield, responsável por prática automotiva global da AlixPartners, em entrevista. “Realmente não temos como entrar no ‘modo recuperação’ até o quarto trimestre.”
O momento da crise ganha importância ainda maior, porque os cortes de produção devido à falta de chips têm elevado os preços de veículos novos e usados, contribuindo para a aceleração da inflação nos EUA. Outra consultoria, a LMC Automotive, prevê que a produção global será reduzida em quase 3 milhões de veículos apenas no primeiro semestre deste ano.
O diretor-presidente da Ford, Jim Farley, disse na quinta-feira que a empresa está reformulando o design dos veículos para usar chips mais comuns e “acessíveis”. Também planeja aumentar o estoque de semicondutores e assinar contratos diretamente com fabricantes de chips, em vez de depender de um fornecedor de autopeças.
“Realmente vemos um segundo semestre melhor”, disse Farley durante a assembleia anual de acionistas da Ford. “Começamos a ter mais confiança no fornecimento de chips.”
A crise que surgiu devido aos cortes de produção relacionados à pandemia foi agravada por um incêndio em uma fábrica de semicondutores no Japão e pela onda de frio recorde no Texas, o que reduziu o fornecimento.
“Existem até 1.400 chips em um veículo típico hoje, e esse número só tende a aumentar”, disse Dan Hearsch, diretor-gerente da prática automotiva da AlixPartners. “A prioridade para as empresas no momento é mitigar da melhor forma possível os efeitos de curto prazo desta disrupção, que pode incluir de tudo, desde a renegociação de contratos até o gerenciamento das expectativas de bancos e investidores.”