3M tem recorde em vendas em meio à guerra por máscaras com coronavírus
A empresa diz que não aumentou os preços das máscaras na pandemia. Apesar da alta em saúde, as vendas caíram nos outros segmentos industriais da 3M
Carolina Riveira
Publicado em 28 de abril de 2020 às 08h43.
Última atualização em 29 de abril de 2020 às 15h53.
A fabricante de máscaras americana 3M , uma das maiores do mundo no setor, divulgou resultados recordes em seu segmento de saúde para o primeiro trimestre deste ano. O motivo é claro: a explosão da demanda por máscaras em meio à pandemia do novo coronavírus.
A companhia produz máscaras como as do tipo N95, mais resistentes e que devem ser usadas por médicos e outros profissionais de saúde em hospitais.
Segundo o balanço da 3M, publicado nesta terça-feira, 28, a empresa não está aumentando o preço das máscaras. A 3M afirma que dobrou a capacidade de produção, para 100 milhões de máscaras por mês, para tentar melhor atender à demanda global. Deste total, pouco mais de um terço fica nos Estados Unidos. Novos investimentos também estão sendo feitos para dobrar novamente a capacidade de produção, segundo o balanço da companhia.
Com os resultados do trimestre, as ações da 3M subiam mais de 3% nas negociações antes da abertura do mercado nos Estados Unidos, por volta das 8h30. No mês de abril, os papéis da empresa acumulam alta de 15%.
A 3M é uma multinacional que atua em segmentos diversos da indústria, não só em equipamento de saúde. Assim, a empresa afirmou que viu resultados "variados" em suas diferentes frentes. Outras áreas da empresa viram queda, como suprimentos de escritório e peças automotivas. A 3M é dona, por exemplo, da marca de fita adesiva Durex, cujo nome virou até mesmo sinônimo de categoria no Brasil.
No período entre janeiro e março, as vendas totais da empresa foram de 8,1 bilhões de dólares, alta de 2,7%. As vendas no segmento de saúde subiram 21%.
Apesar da alta em saúde, o lucro por ação ajustado da 3M caiu 2,7% ante 2019, para 2,16 dólares por ação, impactado pela baixa na demanda em outros segmentos de sua operação.
A 3M foi fundada em 1902 em Minnesota, nos Estados Unidos, onde tem sua sede. No ano passado, a companhia faturou 32,1 bilhões de dólares.
"Nestes tempos sem precedentes, eu não poderia estar mais orgulhoso de nossos 96.000 pessoas que se apresentaram para ajudar a lutar contra a covid-19 e eu agradeço a todos os membros da 3M por seus esforços incríveis", disse o presidente e presidente do conselho de administração da 3M, Mike Roman, no comunicado informando os resultados. "Estamos atacando a pandemia de todos os ângulos, o que inclui mobilizar todos os nossos recursos e rapidamente aumentar a produção de suprimentos críticos para os profissionais de saúde e a linha de frente."
Guerra pelas máscaras
A 3M vem sendo alvo de uma disputa global por máscaras. Em abril, o presidente americano, Donald Trump, chegou a dizer que proibiria a 3M de exportar máscaras para o exterior, ordenando que a produção ficasse concentrada nos Estados Unidos, país com maior número de casos de coronavírus. A 3M disse que a medida teria "consequências humanitárias". No fim, as partes chegaram a um acordo, e a 3M ajudou a importar máscaras da China para suprir o mercado interno.
A disputa inclui o Brasil, que afirmou que compraria todo o estoque de máscaras da 3M no país, produzidas no estado de São Paulo. O indicado brasileiro à embaixada em Washington, Nestor Forster, disse no começo de abril que a compra de máscaras da 3M pelo Brasil não dependeria dos EUA, uma vez que há filial da empresa em São Paulo.
No país, a 3M tem o maior parque fabril na cidade de Sumaré, além de outras unidades em São Paulo e no estado do Amazonas (em Manaus).
A capacidade de produção é um dos maiores desafios que leva à falta de itens essenciais no combate ao coronavírus. Fabricantes especializadas não vêm dando conta da alta demanda por ventiladores pulmonares e equipamentos de proteção individual (EPI), como máscaras, luvas, óculos e vestimentas de proteção.
Segundo a Associação Médica Brasileira, foram feitos em abril mais de 3.000 reclamações de falta de EPIs em hospitais brasileiros. O Conselho Federal de Enfermagem também coletou mais de 4.800 denúncias.
Parte do problema é que a matéria-prima vinha majoritariamente da China, e, com a alta na demanda global, está escassa. Empresas brasileiras de outros setores também vêm se organizando para produzir alguns desses equipamentos e para fazer os produtos com matéria-prima local.