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Explosão de roubo de veículo no Brasil beneficia israelense

As vendas do produto de monitoramento Ituran no Brasil estão subindo tão rapidamente que o país agora contribui com tanta receita para a empresa quanto Israel

Carros: o Brasil é dono da maior taxa de roubo de veículos do mundo segundo um ranking de 2013 com 34 países (Marcello Casal Jr./Abr)
DR

Da Redação

Publicado em 29 de janeiro de 2014 às 12h49.

Brasileiros como o motociclista Richard da Silva Tardochi estão impulsionando um rápido crescimento do negócio de monitoramento de veículos roubados da Ituran Location and Control Ltd.

As vendas no Brasil, dono da maior taxa de roubo de veículos do mundo segundo um ranking de 2013 com 34 países, estão subindo tão rapidamente que o país agora contribui com tanta receita para a Ituran quanto Israel, seu mercado doméstico.

As ações da Ituran atingiram um recorde neste mês e saltaram 57 por cento nos últimos 12 meses, recompensando investidores internacionais como o hedge fund Baupost Group LLC e a Aberdeen Asset Management Plc.

Tardochi comprou um dispositivo de monitoramento por uma fração do custo do seguro contra roubo, após investir US$ 7.100 em uma Honda CB-300R preta, três anos atrás. A decisão compensou poucos meses depois, quando o sistema da Ituran frustrou ladrões que haviam puxado a moto para fora de sua garagem, na periferia de São Paulo.

“A empresa conseguiu ganhar espaço em um mercado enorme com uma classe média crescente e algumas das mais altas taxas de crimes relacionados a veículos do mundo”, disse William Scholes, que ajuda a gerenciar US$ 318 bilhões na Aberdeen, em Londres, em 23 de janeiro, por e-mail. “Nós nos sentimos encorajados pelo rápido aumento no número de usuários”.

A escalada da ação supera o ganho de 30 por cento do índice Bloomberg Israel-US Equity com as ações israelenses mais negociadas em Nova York nos últimos 12 meses e os 19 por cento do índice Standard Poor’s 500. A Ituran subiu 1,9 por cento ontem, para US$ 22, em Nova York. Em Tel Aviv, as ações subiram 1,4 por cento para 76,80 shekels, hoje.


Vendas recordes

Com o crescimento do número de crimes no Brasil, a empresa com sede em Azur, Israel, está dizendo aos investidores que espera vendas e lucros recordes dos dispositivos de monitoramento em 2013. Brasil e Israel representaram, cada um, 45 por cento da receita no ano passado, disse o co-CEO da Ituran, Eyal Sheratzky.

Sheratzky disse que a empresa espera há anos que o Brasil implante uma lei que exigiria que as fabricantes de carros instalassem dispositivos de monitoramento nos carros novos.

A implantação da lei supostamente ocorrerá em julho de 2014, segundo a Anfavea, a associação das fabricantes de carros do Brasil.

Embora a lei pudesse ser “a cereja do bolo”, Sheratzky diz que “não está otimista” de que a regulação seja implementada devido a obstáculos burocráticos.

“Nós seguimos em frente”, disse ele, por telefone, de Tel Aviv, em 14 de janeiro. “O potencial de mercado é enorme sem essa regulação”.

O Brasil teve as mais altas taxas de roubo de veículos entre 34 países em 2012, com 140 em cada 10.000 unidades, segundo um relatório da Secured By Design Ltd., uma consultoria especializada em segurança veicular com sede no Reino Unido. A África do Sul, que está em segundo lugar, viu 101 de cada 10.000 veículos serem roubados em 2012.

Drogas, armas de fogo

A taxa de roubo de veículos no Brasil melhorou entre 2000 e 2008, mas vem subindo todos os anos desde 2009 com os assaltos e vendas de veículos roubados que financiam outras atividades ilegais, como drogas e armas de fogo, impulsionando a demanda, segundo relatório da Secured By Design.

Os roubos de veículos no estado de São Paulo cresceram cerca de 10 por cento nos primeiros 11 meses de 2013, para 197.639, em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo o site do governo de São Paulo.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, aprovou uma lei neste mês exigindo que concessionárias de autopeças sejam registradas, em uma tentativa de anular o mercado de peças roubadas. O número global de usuários da Ituran cresceu cerca de 10 por cento em 2013, em relação aos 667.000 no final de 2012, segundo Sheratzky.

A empresa tem agora cerca de 300.000 usuários no Brasil e o mesmo número em Israel, outros 100.000 na Argentina e cerca de 30.000 nos EUA, disse ele.

Tardochi, o proprietário da moto Honda, disse que o crime está aumentando em seu bairro, transformando os R$ 50 (US$20,65) que ele paga à Ituran por mês pelo serviço em uma despesa necessária.

“Está piorando”, disse ele. “Todo mundo que eu conheço foi roubado”.

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As vendas no Brasil, dono da maior taxa de roubo de veículos do mundo segundo um ranking de 2013 com 34 países, estão subindo tão rapidamente que o país agora contribui com tanta receita para a Ituran quanto Israel, seu mercado doméstico.

As ações da Ituran atingiram um recorde neste mês e saltaram 57 por cento nos últimos 12 meses, recompensando investidores internacionais como o hedge fund Baupost Group LLC e a Aberdeen Asset Management Plc.

Tardochi comprou um dispositivo de monitoramento por uma fração do custo do seguro contra roubo, após investir US$ 7.100 em uma Honda CB-300R preta, três anos atrás. A decisão compensou poucos meses depois, quando o sistema da Ituran frustrou ladrões que haviam puxado a moto para fora de sua garagem, na periferia de São Paulo.

“A empresa conseguiu ganhar espaço em um mercado enorme com uma classe média crescente e algumas das mais altas taxas de crimes relacionados a veículos do mundo”, disse William Scholes, que ajuda a gerenciar US$ 318 bilhões na Aberdeen, em Londres, em 23 de janeiro, por e-mail. “Nós nos sentimos encorajados pelo rápido aumento no número de usuários”.

A escalada da ação supera o ganho de 30 por cento do índice Bloomberg Israel-US Equity com as ações israelenses mais negociadas em Nova York nos últimos 12 meses e os 19 por cento do índice Standard Poor’s 500. A Ituran subiu 1,9 por cento ontem, para US$ 22, em Nova York. Em Tel Aviv, as ações subiram 1,4 por cento para 76,80 shekels, hoje.


Vendas recordes

Com o crescimento do número de crimes no Brasil, a empresa com sede em Azur, Israel, está dizendo aos investidores que espera vendas e lucros recordes dos dispositivos de monitoramento em 2013. Brasil e Israel representaram, cada um, 45 por cento da receita no ano passado, disse o co-CEO da Ituran, Eyal Sheratzky.

Sheratzky disse que a empresa espera há anos que o Brasil implante uma lei que exigiria que as fabricantes de carros instalassem dispositivos de monitoramento nos carros novos.

A implantação da lei supostamente ocorrerá em julho de 2014, segundo a Anfavea, a associação das fabricantes de carros do Brasil.

Embora a lei pudesse ser “a cereja do bolo”, Sheratzky diz que “não está otimista” de que a regulação seja implementada devido a obstáculos burocráticos.

“Nós seguimos em frente”, disse ele, por telefone, de Tel Aviv, em 14 de janeiro. “O potencial de mercado é enorme sem essa regulação”.

O Brasil teve as mais altas taxas de roubo de veículos entre 34 países em 2012, com 140 em cada 10.000 unidades, segundo um relatório da Secured By Design Ltd., uma consultoria especializada em segurança veicular com sede no Reino Unido. A África do Sul, que está em segundo lugar, viu 101 de cada 10.000 veículos serem roubados em 2012.

Drogas, armas de fogo

A taxa de roubo de veículos no Brasil melhorou entre 2000 e 2008, mas vem subindo todos os anos desde 2009 com os assaltos e vendas de veículos roubados que financiam outras atividades ilegais, como drogas e armas de fogo, impulsionando a demanda, segundo relatório da Secured By Design.

Os roubos de veículos no estado de São Paulo cresceram cerca de 10 por cento nos primeiros 11 meses de 2013, para 197.639, em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo o site do governo de São Paulo.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, aprovou uma lei neste mês exigindo que concessionárias de autopeças sejam registradas, em uma tentativa de anular o mercado de peças roubadas. O número global de usuários da Ituran cresceu cerca de 10 por cento em 2013, em relação aos 667.000 no final de 2012, segundo Sheratzky.

A empresa tem agora cerca de 300.000 usuários no Brasil e o mesmo número em Israel, outros 100.000 na Argentina e cerca de 30.000 nos EUA, disse ele.

Tardochi, o proprietário da moto Honda, disse que o crime está aumentando em seu bairro, transformando os R$ 50 (US$20,65) que ele paga à Ituran por mês pelo serviço em uma despesa necessária.

“Está piorando”, disse ele. “Todo mundo que eu conheço foi roubado”.

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