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Ex-Camargo Corrêa assessora antiga Hypermarcas em acordo de leniência

O executivo Vitor Hallack faz consultoria jurídica para a gigante de medicamentos, mas não exerce cargo executivo na empresa

Camargo Corrêa: a empresa foi a primeira empreiteira do País a admitir participação nos esquemas de cartel e propina na Petrobrás e a fechar acordo de leniência com o Ministério Público (Camargo Côrrea/Divulgação)

Camargo Corrêa: a empresa foi a primeira empreiteira do País a admitir participação nos esquemas de cartel e propina na Petrobrás e a fechar acordo de leniência com o Ministério Público (Camargo Côrrea/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 13 de julho de 2018 às 09h57.

O executivo Vitor Hallack, que deixou a Camargo Corrêa em agosto de 2016 após dez anos à frente do conselho do conglomerado, foi contratado pela Hypera, antiga Hypermarcas, para assessorar a companhia após o grupo ter seu nome envolvido na Operação Tira-Teima. A investigação, desdobramento da Lava Jato, apura pagamentos de vantagens indevidas a políticos.

Hallack, que também é advogado, foi contratado no fim de abril, quando a companhia começou as conversas com a Procuradoria-Geral da República (PGR) para tentar fechar acordo de leniência, conforme antecipou o Estado. Hallack não exerce um cargo executivo na empresa. Ele faz consultoria jurídica para a gigante de medicamentos, e traz como bagagem sua experiência na empreiteira que, sob sua gestão, passou por um dos períodos mais críticos de sua história.

A Camargo Corrêa foi a primeira empreiteira do País a admitir participação nos esquemas de cartel e propina na Petrobrás e a fechar acordo de leniência com o Ministério Público e com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), no qual pagou R$ 804 milhões, por causa de seu envolvimento na Lava Jato.

A contratação de Hallack pela Hypera é a tentativa da companhia de tentar virar a página. Além da leniência, João Alves Queiroz Filho, fundador da Hypermarcas, e seu principal executivo, Claudio Bergamo, estão em negociações para fazer delação premiada. As conversas, tanto para leniência quanto para delação, contudo, ainda não estão fechadas. A PGR está confrontando as informações dos dois antes de tomar uma decisão.

Queiroz e Bergamo se afastaram da empresa no fim de abril. Os dois foram alvos de busca e apreensão na operação Tira-Teima, deflagrada no dia 10 de abril.

Criada para ser a Unilever brasileira, a Hypera teve seu nome envolvido pela primeira vez na Lava Jato em junho de 2015, após o Estado revelar trechos do acordo de colaboração do ex-diretor de relações institucionais do grupo Nelson Mello. Segundo depoimento do ex-executivo, a empresa teria repassado cerca de R$ 30 milhões para os parlamentares do MDB por meio dos operadores Lúcio Bolonha Funaro e Milton Lyra. Os repasses teriam como finalidade garantir a atuação desses políticos em temas de interesse da empresa no Congresso.

Anulação

A delação de Mello, no entanto, corre o risco de ser anulada porque o ex-executivo teria omitido informações. Fontes a par do assunto afirmam que Júnior estaria disposto a detalhar os pagamentos feitos aos parlamentares que ajudaram a abrir as portas da Hypera em Brasília. Entre as vantagens, estariam concessão de benefícios fiscais em Goiás e facilidades na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Fontes próximas à Hypera afirmaram ao Estado que Júnior e Bergamo estariam se desentendendo sobre o conteúdo das delações.

Em abril, o advogado Celso Vilardi foi contratado para defender a Hypera. O criminalista já conduziu acordos de importantes empreiteiras, como a Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez. O advogado José Luís Oliveira Lima, do escritório Oliveira Lima, Hungria, Dall'Acqua & Furrier Advogados, representa o fundador da companhia. Bergamo é defendido por Sérgio Rosenthal, da Rosenthal Advogados Associados.

Procurados, a Hypera e Vilardi não comentam o assunto. Hallack confirma que assessora a Hypera desde abril, mas não deu detalhes.

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