EUA bane cigarros eletrônicos da Juul por marketing a adolescentes
Marca pioneira em cigarros eletrônicos, a Juul vinha sendo alvo de escrutínio de autoridades de saúde nos últimos anos por cigarros com sabor fruta e marketing para jovens
Da Redação
Publicado em 23 de junho de 2022 às 12h07.
Última atualização em 23 de junho de 2022 às 12h30.
Autoridades de saúde dos Estados Unidos anunciaram a proibição da venda de cigarros eletrônicos da marca Juul Labs no mercado norte-americano.
A decisão foi comunicada nesta quinta-feira, 23, pela Food and Drug Administration (FDA), autoridade reguladora que concede permissões para remédios, vacinas e outros temas ligados à saúde.
A Juul vinha sendo alvo de escrutínio da FDA e autoridades de saúde nos últimos anos por seu marketing direcionado a jovens, incluindo menores de idade.
A empresa, que se tornou uma das marcas mais conhecidas no ramo de cigarros eletrônicos (também conhecidos como "vapes"), existe desde 2015, mas ganhou popularidade sobretudo a partir de 2017.
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“A ação de hoje é mais um progresso no compromisso da FDA de garantir que todos os produtos de cigarro eletrônico e sistema eletrônico de entrega de nicotina atualmente sendo comercializados para os consumidores atendam aos nossos padrões de saúde pública”, disse o comissário da FDA Robert M. Califf, em comunicado à imprensa.
"A agência dedicou recursos significativos para revisar produtos das empresas que representam a maior parte do mercado dos EUA. Reconhecemos que eles [Juul] constituem uma parte significativa dos produtos disponíveis e muitos desempenharam um papel desproporcional no aumento do vaping jovem".
Na quarta-feira, 22, o jornal norte-americano The Wall Street Journal já havia reportado que, segundo fontes, a FDA estaria decidida a banir os cigarros eletrônicos da Juul.
Autoridades questionam malefícios do cigarro eletrônico
Um estudo da FDA no ano passado estimou que mais de 2 milhões de adolescentes no ensino fundamental e médio nos EUA fumavam cigarros eletrônicos.
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Estudos têm mostrado que os efeitos dos cigarros eletrônicos podem ser tão ou mais nocivos do que dos cigarros comuns. O Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, outra autoridade de saúde do governo norte-americano, afirma publicamente que a exposição à nicotina nos cigarros eletrônicos pode prejudicar o desenvolvimento do cérebro de jovens adultos. Os produtos, segundo a autoridade, também possuem insumos químicos que podem desencadear câncer e outros efeitos indesejados nos pulmões.
Em resposta ao escrutínio crescente, a Juul Labs já havia parado de vender cigarros eletrônicos com sabor de fruta, um de seus mais populares, em 2019. A empresa também reduziu os gastos com campanhas de marketing. Em resposta, as vendas caíram de US$ 38 bilhões para US$ 5 bilhões entre 2018 e 2021.
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A empresa perdeu parte de seu espaço no mercado de cigarros eletrônicos dos EUA, e tinha antes da proibição de hoje da FDA menos de metade da fatia de mercado.
Nos últimos anos, outras empresas tradicionais de cigarros também ingressaram no mercado dos cigarros eletrônicos. A decisão da FDA é, por ora, direcionada somente à Juul, mas tende a acender o sinal de alerta em todo o setor.