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Estácio busca alvos para aquisições no setor de educação

Rede busca novas aquisições para diversificar seus negócios além da oferta de cursos universitários


	Sala de aula: Estácio quer reduzir sua dependência em relação aos financiamentos estudantis do governo
 (Divulgação)

Sala de aula: Estácio quer reduzir sua dependência em relação aos financiamentos estudantis do governo (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 27 de fevereiro de 2014 às 18h23.

São Paulo - A rede de ensino Estácio Participaçõesque está comprando a universidade Uniseb, busca alvos para aquisições para diversificar seus negócios além da oferta de cursos universitários e para reduzir a dependência em relação aos financiamentos estudantis do governo.

O CEO Rogerio Melzi disse que está mirando empresas fornecedoras de treinamentos corporativos e educação continuada, um setor que também está atraindo o interesse de fundos de private-equity como KKR Co. e Carlyle Group LP. Esses setores não têm acesso aos subsídios federais que vêm sustentando as empresas universitárias com fins lucrativos desde 2010.

“Ao operar em um setor regulado pelo governo, você nunca sabe o que pode acontecer, principalmente em um país como o Brasil, onde as autoridades interferem no dia a dia das empresas mais do que gostaríamos”, disse Melzi, em entrevista, no Rio de Janeiro. “As políticas mudam. Há uma mão que te controla e pode mudar as regras rapidamente”.

Após flexibilizar os termos dos empréstimos em um esforço para incentivar os estudantes a irem à universidade, o governo está estudando reduções nos gastos com saúde pública e educação neste ano em um momento em que as finanças públicas estão em dificuldades, segundo dois funcionários do governo que pediram para não serem identificados porque as negociações não são públicas. A presidente Dilma Roussef cortará R$ 44 bilhões (US$ 18,7 bilhões) do orçamento de 2014 porque as dívidas mais altas estão colocando o Brasil sob risco de um rebaixamento da classificação de crédito antes das eleições presidenciais, em outubro.

As ações da Estácio, que tem sede no Rio de Janeiro, subiram 33 por cento, para R$ 21,51, nos 12 meses até ontem, contra um ganho de 69 por cento da Kroton Educacional SA e uma queda de 3 por cento da Anhanguera Educacional Participações SA.

KKR, Carlyle

A KKR, a empresa de aquisições fundada por George R. Roberts e Henry R. Kravis, a Carlyle Group e a Apax Partners LLP estão tentando comprar uma participação controladora da Abril Educação SA, que opera cursinhos preparatórios e escolas de idiomas, segundo duas fontes familiares ao assunto, que pediram para não serem identificadas porque as negociações são privadas.


Como parte de sua expansão para novos negócios, a Estácio anunciou no mês passado uma parceria de R$ 30 milhões com o Grupo Contax para treinar seus 4.000 funcionários em marketing e gestão. A empresa também está buscando investir em cursos de pós-graduação e aulas preparatórias para empregos no setor público.

“Todas elas são iniciativas que estão nos planejamentos de médio e longo prazos da empresa”, disse Melzi, em entrevista, em 21 de fevereiro. “Não espero que nenhum desses projetos dê retorno em 2014 ou 2015. Talvez comecem a dar em 2016”.

Empréstimos estudantis

A Estácio está sendo negociada a 25 vezes a estimativa do lucro de 2014, assim como a Kroton, contra 29 vezes da Anhanguera, segundo dados compilados pela Bloomberg. O retorno da ação da Estácio foi de 19 por cento no terceiro trimestre de 2013, contra 18 por cento da Kroton e 6 por cento da Anhanguera.

Cerca de 28 por cento dos estudantes presenciais da Estácio usaram o empréstimo estudantil do governo, conhecido como Fies, no terceiro trimestre de 2013, contra 52 por cento da Kroton e 36 por cento da Anhanguera, segundo arquivos regulatórios. A Kroton e a Anhanguera preferiram não comentar.

O governo ainda “é um parceiro para as empresas de educação”, disse Guilherme Moura Brasil, analista da Fator Corretora SA, em entrevista por telefone, de São Paulo. “O Fies é importante para todas as empresas”.

De qualquer maneira, a Estácio não está aproveitando as chances oferecidas pelo governo. A empresa sempre foi conservadora, com a mais baixa penetração de estudantes com Fies, disse por telefone Bruno Giardino, analista do Banco Santander em São Paulo, que mantém uma recomendação de “compra” para a Estácio.

“Aqueles que mostram um maior crescimento dos estudantes com Fies podem se favorecer mais, mas isso não significa que a Estácio não esteja crescendo”, disse Giardino.

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