Mercado doméstico teve aumento de oferta de voos pelo quinto mês consecutivo (Germano Lüders/Exame)
Gabriel Aguiar
Publicado em 14 de outubro de 2021 às 19h15.
Última atualização em 14 de outubro de 2021 às 19h18.
Parece que todas as passagens aéreas estão mais caras? Não é só impressão, porque os preços subiram 56,8% nos últimos 12 meses – com a quarta maior inflação no período. E, acredite se quiser, o aumento não foi (apenas) para as companhias se recuperarem do prejuízo em tempos de pandemia: a querosene de avião (QAV) teve alta de 91,7% no segundo trimestre e pode até atrasar a recuperação do setor.
“Não temos uma questão única e sim diversas questões que fazem a passagem aérea encarecer. E tudo continuará mais caro até termos arrefecimento dos preços, com queda do dólar e do petróleo, além de as cadeias produtivas voltarem aos patamares normais, porque muitas quebraram devido à pandemia”, diz Thiago Nykiel, CEO da Infraway Engenharia, especialista nos setores de infraestrutura e aviação.
Não é de estranhar que passageiros tenham sentido no bolso a valorização da moeda norte-americana, já que que 51% dos custos do setor são indexados pelo dólar, de acordo com a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR). Mas a entidade também reforça que qualquer comparação com os preços do ano passado, quando o mercado teve os menores valores históricos em duas décadas, seria injusta.
No último levantamento da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), a tarifa média aérea doméstica do segundo trimestre de 2021 teve queda de 19,98% em comparação com o mesmo período de 2019 – os valores médios foram de 388,95 reais, contra 486,10 reais dos meses anteriores à pandemia. Para efeito de comparação, o estudo indica que as passagens chegaram a custar 376,29 durante o ano passado.
Para quem sente falta de preços ainda mais atraentes, a solução deverá chegar apenas em 2023, já que o ano que vem ainda deverá ser complexo, com retomada dos trajetos internacionais e estabilização do mercado. Neste sentido, existem boas notícias, como a abertura das fronteiras dos Estados Unidos e de outros destinos importantes para os brasileiros – como a Argentina – para quem estiver imunizado.
“O mercado internacional ainda está sendo retomado e parte da rentabilidade das companhias aéreas vem justamente desses voos a outros países, que costumam ser mais caros. Por isso, é natural que os brasileiros paguem mais caro pelas passagens neste fim de ano, pelo menos enquanto as fronteiras não abrirem completamente. Está todo mundo querendo viajar e há demanda reprimida”, afirma Nykiel.